Encerro hoje a abordagem deste tema, não muito profunda por certo, mas suficiente para marcar algumas posições.
Em Porto Alegre, observo alguns símbolos importantes. O prédio da Secretaria da Fazenda do Estado do Rio Grande do Sul, imponente, cujo projeto começou a ser idealizado em 1897, encontra-se em reforma interminável desde antes de eu ter retornado de Hulha Negra, no início de 2009. Hoje, vimos tijolos sem reboco onde estavam aparelhos de ar condicionado, janelas que começaram a ser reconstruídas, e nunca terminam a obra que, com pintura caótica, é a imagem deprimente das finanças públicas do Estado. Pouco mais de um quilômetro deste prédio, a fachada da faculdade de medicina da Universidade Federal do Rio Grande do Sul, suja, imunda e completamente pichada, de certa forma reflete o que acontece com a saúde pública. Mais um quilômetro fica o Julinho, o histórico Colégio Júlio de Castilhos, antiga referência da educação rio-grandense, com sua velha pintura marrom sujeira descascada, uma imagem que reflete o nível da educação oferecida no Estado. A cultura pode ser representada pelas estátuas dos Mário Quintana e Carlos Drummond de Andrade, o livro foi roubado das mão de Drummond, no momento localizada estrategicamente na praça da alfândega, atrás das bancas de camelôs da Rua da Praia. Símbolos.
O que me incomoda é a incompetência. Que os governos não vêm encontrando boas soluções, todos sabemos, vimos, observamos. Porém, é preciso mobilização para que as soluções sejam encontradas. Os professores podem alavancar o debate visando a otimização dos recursos disponíveis.
No Colégio Rosário, particular, em Porto Alegre, as turmas têm, em média, mais de 35 alunos. A escola arrecada, por turma, por mês, cerca de R$ 50.000,00, uma vez que cada aluno paga em torno de R$ 1.400,00 por mês. Com estrutura mínima de professores que não estão atuando em sala de aula, o Colégio remunera satisfatoriamente seu quadro e quase todos os professores chegam na mesma em bons automóveis. Referências.
Para quem administra os recursos da educação, o investimento é alto. Escrevo o parágrafo acima para que os professores observem que uma escola com uma receita grande paga bem mas não paga muito.
O professor é uma referência. Os alunos merecem professores que cheguem para o trabalho como pessoas bem sucedidas. Os professores, por tudo que representam, merecem ser remunerados e serem pessoas financeiramente bem sucedidas. Porém, para que um dia isto ocorra, será preciso percorrer um caminho coerente, no qual todos entendem que precisam participar da otimização dos recursos disponíveis.