VIOLÊNCIA CONTRA A MULHER

O relato de quem sofreu violência

A reportagem do Tribuna do Pampa conversou com uma mulher de 53 anos da região, vítima de violência doméstica. Ela não será identificada aqui pelo TP, sendo denominada com o pseudônimo de “Vitória”, por sua história de superação.

Mãe de três filhos, “Vitória” contou ter casado ainda muito jovem, aos 18 anos e que os abusos começaram logo após o casamento. Segundo ela, na época não sabia se tratar de algum tipo de violência, só tendo identificado muitos anos depois. “Os abusos foram psicológicos, sexuais e físicos. Um dia levei um tapa no rosto. Meu marido era evangélico e não me deixava sair, escutar música, ver televisão, até para visitar minha família era uma guerra, pois ele dizia que isso não era atitude de crente. Hoje sei que também sofri abuso sexual, pois eu era obrigada a manter relações
sexuais com meu marido. Ele dizia que eu tinha obrigações, pois era sua esposa”, contou.

Ela também contou que viveu naquela situação por cerca de 9 anos e 9 meses até que através da ajuda da família, conseguiu a separação. Questionada pelo jornal se houve denúncia na época, ela contou não ter feito. “Na época eu era jovem e não sabia que eram abusos, pois sempre ouvia dizer que tinha que aguentar por ter casado”.

CONSEQUÊNCIAS – “Vitória” contou ao jornal que os atos de violência sofridos causaram muitos problemas, principalmente em momentos íntimos. “Em outros relacionamentos era chamada de fria, peguei horror a sexo, tinha medo e um pavor da noite, pois sabia que uma hora ou outra tinha que fazer. Sofri calada, poucas pessoas sabem o que sofri, fui julgada taxada como vagabunda, pois as pessoas tem ele como um homem bom, mas só eu sei o que
sofri”, relatou.

SUPERAÇÃO – Atualmente, a nossa personagem é casada, teve mais um filho e diz ser feliz apesar de ainda doer no coração lembrar momentos tão tristes vividos quando ainda jovem. “Tenho conseguido vencer esse medo, tenho uma pessoa do meu lado que me fez entender que amor é feito com amor e não com dor. Hoje trabalho, estudo, estou bem”, expôs.

Para finalizar, a pedido do jornal, ela deixa uma mensagem a todas as mulheres. “Não se calem, não aceitem o primeiro tapa, o primeiro xingamento e nunca se sintam um lixo como eu me sentia. Lutem, somos guerreiras e não desistam do amor, sempre haverá alguém que nos mereça e nos dê o nosso devido valor”, conclui.

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