*Por Marco Antônio Ballejo Canto
Quando escrevo esta coluna, os Jogos Olímpicos estão na reta final. Uma pena que um evento de tamanha grandeza tenha de durar tão poucos dias. O esporte ainda tem um lugar importante no mundo, mas os tempos atuais não estão fáceis para quem quer disseminar a importância do esporte na melhoria da qualidade de vida e na integração entre os seres humanos, que precisam trabalhar em equipe, tempos onde o algoritmo se torna cada vez mais influente e a inteligência artificial é uma realidade que ganha cada vez mais espaços.
Todos que lêem esta coluna sabem que eu acredito que a maior razão para o abandono do esporte é o uso do telefone celular. Hoje, o esporte da juventude se joga no celular, no Brasil mais que em outros países desenvolvidos, principalmente.
Daí que se a juventude abandonou o esporte não chega a ser anormal que o Brasil que possui a sétima maior população entre os países do planeta tenha um desempenho decepcionante nos jogos. Uma medalha aqui, outra lá. Exceções. O normal é os nossos atletas perderem. Os seis países mais populosos do mundo são Índia, China, Estados Unidos, Indonésia, Paquistão e Nigéria.
Não por acaso Estados Unidos e China estão nas primeiras colocações. São as duas grandes potências econômicas do planeta. Índia, 3 bronzes; Indonésia, 1 bronze; Paquistão, e Nigéria, sem medalhas, conseguem estar muito pior que o Brasil, que estava em 17º lugar com 13 medalhas, 2 ouros, 5 pratas e 6 bronzes no final de terça-feira.
O que define um país que dá importância ao esporte são principalmente dois fatores, ser uma potência econômica e ser um país que faz tempo que valoriza educação e cultura. Daí que entre o 3º e o 10º lugar estão Austrália, França, Grã-Bretanha, Coreia do Sul, Japão, Itália, Holanda e Alemanha.
Porém, quem tem a minha idade, mais de seis décadas, lembra que as coisas já foram bem piores. Em 1972 e em 1976 o Brasil conquistou duas medalhas de bronze em cada uma destas olimpíadas. Faz 50 anos. Faz. É inegável que avançamos bastante, mas ainda estamos muito longe do que seria razoável.
As Olimpíadas nos fazem lembrar que o esporte reúne as pessoas e as nações. É através do esporte que podemos nos sentir brasileiros, com muito orgulho, quando um dos nossos vence. É nesses momentos que até nos emocionamos com as vitórias das exceções. Confirmar favoritismo nunca foi coisa de atleta brasileiro, mas alguns conseguem. Rebeca Andrade na ginástica artística foi além do esperado, uma medalha de ouro, duas pratas e um bronze. E não é raro sair de uma cartola vazia um belo coelho. Foi o que aconteceu quando a quase completamente desconhecida Beatriz Souza ganhou a medalha de ouro no judô.
As autoridades que serão eleitas podem assumir um compromisso com o desenvolvimento do esporte. Nossas instalações esportivas são poucas e pouco qualificadas. Para trazer as pessoas para o esporte é preciso oferecer instalações com qualidade. Não basta ter um time de futebol, é preciso ter um estádio. Pode ser pequeno, mas tem de ser bonito, funcional e confortável. Em Porto Alegre, a PUC, Pontifícia Universidade Católica, tem um excelente estádio de futebol para pouco mais de duas mil pessoas. Um parecido, para 500 ou mil pessoas seria um bom início para quem quiser trazer as pessoas para o futebol, jogando ou assistindo.
ORIGINALMENTE ESTE CONTEÚDO FOI PUBLICADO NO JORNAL IMPRESSO*