POLÊMICA

Para procuradora jurídica de Candiota, conselheiro tutelar não é cuidador de crianças e sim fiscal da lei

Para ela, se fosse exigir experiência, seria então na área do Direito

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A polêmica em rela­ção a retirada da exigência de se ter experiência com crianças e adolescentes para concorrer ao Conselho Tutelar segue rendendo salutar debate em Candiota.

Proposta pelo Exe­cutivo e já sancionada pelo prefeito Adriano dos Santos (PT), a nova legislação fez uma série de alterações e modernizações na lei muni­cipal que trata das questões que envolvem as crianças e os adolescentes, dentre elas as eleições do Conselho Tu­telar, que neste ano terá um pleito unificado em todo o Brasil no próximo dia 6 de outubro com o uso de urnas eletrônicas.

Com a lei aprovada por cinco votos a quatro pela Câmara na última se­mana, o vereador Fabrício Moraes, o Bibi (MDB), foi uma dos que mais re­clamou, classificando a proposta, especialmente de retirada da exigência de experiência, como um retrocesso.

Segundo Luciane Cruz, o MP não exige esta experiência Foto: Arquivo Pessoal/Especial TP

A procuradora ju­rídica do município, Lu­ciane Cruz, escreveu nas redes sociais, inclusive na fanpage do jornal Tribuna do Pampa no Facebook – onde foi postada a repor­tagem sobre o assunto. Na explicação, a procuradora assinala que o Ministério Público recomenda não exi­gir essa experiência porque o conselheiro não “cuida” de crianças e adolescentes, mas fiscaliza a aplicação do Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA). “A nossa lei está igual à Lei Federal (que não exige esse quesito). Essa exigência restringe a participação popular e que quanto mais candidatos, melhor para a população que terá mais op­ções de escolha”, explica.

Também, a procu­radora exemplifica que a legislação se equipara as exigências para car­gos políticos eletivos, de vereador a presidente da República, que não exige experiência para exercer es­tas importantes funções. “A nossa lei exige coisas bem mais importantes, como por exemplo, ter ensino médio completo, negativas do Poder Judiciário, que atestem que além de não terem condenação penal transitada em julgado, que não respondam a processo por violência doméstica ou contra o menor, por exem­plo”, destaca.

Por fim, ela explica que se fosse exigir expe­riência dos candidatos ao Conselho Tutelar, teria que ser na área do Direito, já que trata de questões legais e de cumprimento de lei. “Repito, não é para “cui­dar” de crianças, porque o conselheiro não fica com o menor sob sua guarda, somente retira do local de risco e entrega para o Poder Judiciário ou para aco­lhimento em instituições especializadas, como Casa da Criança, em Candiota, e outras do mesmo segmento na região”, acentua.

Ela ainda acrescen­tou que a capacitação legal para os eleitos atuarem no cumprimento do ECA, será dada pelo município, conforme determina a lei federal. “O Ministério Pú­blico, que fiscaliza o Con­selho Tutelar, entende que exigir mais do que prevê a lei federal tem caráter de restringir a participação popular. E, de qualquer forma, a última palavra é do cidadão, que vai esco­lher aquele que entender mais capacitado. Como provavelmente entre os concorrentes terão pessoas que têm essa experiência, quem achar imprescindível esse quesito, é só escolher entre aqueles que se dis­serem experientes nessa área”, analisa.

Conselheira tutelar, Daiana Etcheverria, gravou um vídeo dizendo ser contrária a retirada da medida Foto: Divulgação TP

CONSELHEIRA Em opi­nião emitida por intermédio de um vídeo postado em seu perfil de Facebook, a con­selheira tutelar em segundo mandato, Daiana Moura Etcheverria, manifestou ser contrária a retirada da exigência de experiência do texto legal. Dizendo que de fato na lei federal não há esta previsão, ela lembrou que em Candiota sempre houve esta determinação se de exigir ao mínimo três anos de comprovação com trabalho com crianças e adolescentes. Ela classi­ficou a medida de retirada como um regresso e que não vê como uma situação favorável, sempre ressal­vando que a não previsão é também uma medida legalmente aceita. “Acho importante que tivesse se mantido esta cautela de se ter experiência. Esta é minha opinião e não des­respeito quem tem opinião contrária”, disse.

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