ELEIÇÕES 2020

Participação das mulheres na política ainda é baixa no Brasil e na região

Somente o município de Bagé terá mulheres em chapas majoritárias nas eleições deste ano

Com relação aos homens, mulheres ainda ocupam poucos cargos políticos Foto: Divulgação TP

As eleições municipais de 2020 irão definir os gestores dos próximos quatro anos em todos os municípios brasileiros. Ho­mens e mulheres estão engajados na busca por um lugar nas prefeituras e câmaras de vereadores. Ainda assim, apesar das lutas pela valorização e ocupação de cargos importantes, o índice de mulheres administrando prefeituras e ocupando cargos de vereadoras ainda é muito baixo.

Quase em sua totalidade, o Executivo e o Legislativo são ocupa­dos por homens, sendo as mulheres são minoria, ocupando, na maior parte, apenas a lista mínima exigida aos partidos nas eleições por parte do Tribunal Superior Eleitoral (TSE).

Uma pesquisa feita pela reportagem do Tribuna do Pampa aponta que dos cinco municípios de cobertura impressa do TP – Bagé, Candiota, Hulha Negra, Pedras Altas e Pinheiro Machado -, apenas a Rainha da Fronteira conta com mulheres nas chapas majoritárias como candidatas nestas eleições. Em Aceguá, cidade da região também, das cinco candidaturas ao Executivo, em três delas, ao menos, há espaço para representação feminina, com candidatas a vice-prefeita: Liziane Jardim (MDB), Estel Bagesteiro (PL) e Lourdes Viñoles (PSD).

ÚNICAS Assumindo o lugar do advogado e ex-vereador Chico Brizola, que desistiu do pleito, a pedetista Elenara Ianzer é a única candidata a prefeita de Bagé e na região. Aposentada após atuar por longos anos na área de Educação, a candidata que é filiada há 36 anos no Partido Democrático Trabalhista (PDT) e presidente da sigla desde 2017, em entrevista ao TP, frisou que muitas perguntam se política é lugar de mulher e ela responde que todos os lugares são. “A mulher é dona de casa, trabalhadora, mãe, desempenha a função que ela quiser e ainda pode estar na política. Faço isso há 36 anos e digo que é viável, que é possível nos sentirmos partici­pativas na busca de uma conquista, de uma melhoria para todos, pois a política não é um benefício próprio, ela existe para que façamos em favor do outro”, expôs a candidata.

Ianzer ainda disse: “Quero representar as mulheres, mostrar que temos força sim. A mulher quando enfrenta uma missão ela vai com força total, comprometimento e pés no chão”, concluiu.

Elenara Ianzer é a única candidata a prefeita da região Foto: Divulgação TP

O jornal também con­versou com a professora da rede municipal de Candiota, Fernanda Tavares Vestfahl, primeira mulher a ocupar uma cadeira no Legislativo candiotense (de 2000 a 2004 pelo PDT), visto que a outra mulher eleita na época, Beatriz Meneguzzi, ter assumido uma Secretaria no início da Legislatura. Em 2003, Fernan­da também presidiu a Câmara de Vereadores e concorreu a prefeita. Atualmente Fernanda conta estar afastada da política por questões pessoais de trabalho e família, porém continua colaborando na fiscalização das políticas públicas, através da participação nos Conselhos Muni­cipais de Educação, do Fundeb e de Assistência Social.

Questionada sobre as mulheres na política, Fernanda diz pensar que a participação das mu­lheres na política está melhorando, principalmente depois das cotas de 30% para candidatas mulheres. “O processo é lento, pois muitas mu­lheres colocam o nome somente para contribuir com o partido e não com a finalidade de buscar uma cadeira no Legislativo. Para melhorar essa situ­ação os partidos poderiam investir na formação para incentivar a participa­ção das mulheres na vida política do país e não buscar nomes somente na época de eleição. Apesar das mulhe­res serem minoria no legislativo de Candiota, pois ocupam pouco mais de 30% das vagas do legislativo, é melhor que a média nacional que é 13,5% de vereadoras. Espero que nesta eleição superemos esse percentual e as mulheres tenham mais representatividade”, afirmou

Fernanda Vestfahl foi a primeira vereadora eleita em Candiota Foto: Divulgação TP

CAMPANHA O TSE trouxe neste ano uma mensagem sobre a importância de ampliar o espaço das mulheres na política. A voz dessa mensagem é da atriz Camila Pitanga, embaixadora da ONU Mulheres no Brasil. Com a mensa­gem “Mais mulheres na política: a gente pode, o Brasil precisa”, a ideia é inspirar mulheres a ocuparem cargos políticos e mostrar que o aumento de lideranças femininas é bom para toda a sociedade. Debates intitulados Diálogos Democráticos integram ações do projeto Participa Mulher, criado pelo TSE para incen­tivar o protagonismo feminino na política. O portal dessa campanha permanente da Justiça Eleitoral reúne informações sobre a história do voto feminino, das primeiras mulheres a conquistar espaços de relevância no meio político e notí­cias que abordam a atualidade dessa participação.

 

 As mulheres no Senado e Câmara dos Deputados

O TP também apurou que as mulheres são minoria na Câmara dos Deputados, Senado Federal e Assembleia Legislativa aqui no Rio Grande do Sul.

Dos 513 deputados federais do Brasil, apenas 80 são mulheres, correspondendo a 15,6% do total. Dos 81 Senadores, apenas 11 mulheres compõem a bancada feminina, ou seja, 13,5%. Quanto à Mesa Diretora, apenas a quarta suplente é uma mulher.

Já no que se refere à Bancada Gaúcha, dos 55 deputados apenas nove são mulheres, correspon­dendo a 16,3% das cadeiras.

Os dados se contrapõem ao número de eleitores. De acordo com estatísticas do TSE, dos 150.519.635 milhões de eleitores do Brasil, a maio­ria são mulheres (52,53%).

O número de eleitoras também é maior no somatório dos três estados que compõem a região Sul do país – Paraná, Santa Catarina e Rio Gran­de do Sul. Dos 21.781.949 milhões de eleitores, 52,26% são mulheres.

Da mesma forma, o RS contabiliza um maior número de mulheres votantes. Dos 8.423.308 milhões de eleitores, 52,51% são mulheres.

 

 

 A participação das mulheres na região

Os cargos eletivos ocupados por mulheres também são baixos na região de cobertura impressa do TP, assim como a representatividade em termos de candi­daturas femininas nestas eleições. Com relação aos municípios, o jornal também apresenta dados referentes à participação das mulheres. Confira:

BAGÉ A Rainha da Fronteira se des­taca quanto à participação das mulheres, sendo o único município a contar com mulheres nas chapas majoritárias. Além do cargo máximo do Executivo preten­dido pelo PDT, que traz Elena­ra Ianzer como candidata a pre­feita, participam também como candidatas a vice-prefeitas, Pietra Simon (primeira mulher trans a concorrer em Bagé)ao lado do candidato do PSOL Fernando Vieira; Gisele Cassol, ao lado de Beto Alagia, do Podemos e Jane Morales, vice de Uilson Morais (Solidariedade).

Com relação a vereadoras, atual­mente três cadeira são ocupadas por mu­lheres – Lia Rejane Presa (PTB), Maria Beatriz Souza (PSB) e Sônia Leite (PP), apesar de ser maioria no quantitativo de eleitores – 53,47% são mulheres.

CANDIOTA Dos 7.662 eleitores, 47,95% são mulheres, porém o município conta com uma representatividade femi­nina acima da média regional na Câmara de Vereadores, com três delas exercendo mandato (33,3%)– Fernanda Santos (PT), que preside o Legislativo, Giselma Pereira (PT)e Andréia Rangel (MDB). Nas eleições 2020, 27 mulheres pleiteiam ocupar as cadeiras na Casa do Povo.

HULHA NEGRA No município de 4.691 eleitores, 50,45% são mulheres. Por outro lado, Hulha Negra conta com apenas uma cadeira ocupada por mulher na Câmara de Vereadores, correspon­dendo a 11% do total – Elizangela Coi­tinho (PTB). Ela também já assumiu a presidência do Legislativo logo em seu primeiro mandato. A cidade já se destacou pela participação das mulheres em cargos públicos ao ter registrado na história, a médica Ester Köester como vice-prefeita durante o mandato do ex-prefeito Erone Londero (PT). Nas eleições deste ano, Elizângela também colocou seu nome à disposição para integrar a chapa majoritá­ria ao lado do Partido dos Trabalhadores (PT), mas concorre à reeleição. Dezoito mulheres pleiteiam uma cadeira na Câ­mara Municipal.

PEDRAS ALTAS O menor município em termos populacionais da região, a Cidade do Castelo conta com 2.016 eleitores, sendo 47,07% mulheres. Atu­almente, o município conta com apenas uma mulher no Legislativo, Nadia Padi­lha (PT), correspondendo a 11% da Casa. Nas eleições deste ano, oito mulheres disputam a Câmara de Vereadores.

PINHEIRO MACHADO A Terra da Ovelha, com 10.140 eleitores, assim como Bagé, contabiliza um número maior de mulheres eleitoras (50,45%). Atualmente, é o único município que não possui nenhuma participação feminina no Legislativo. Nas eleições deste ano, 22 mulheres disputam uma cadeira na Casa do Povo.

OUTRAS MULHERES Uma referência da participação das mulheres na política é a ocupação do cargo máximo do país, o da presidência da República pela ex-presiden­te Dilma Rousseff (PT) – primeira mulher eleita para presidir o país, mas teve contra ela aprovado pedido de impeachment. Foi ministra da Casa Civil do governo de Lula no período de 2005 a 2010. Dilma Rousseff entrou para a vida política no estado do Rio Grande do Sul atuando pelo PDT.

Bastante atuante no Estado e já ten­do ocupado os cargos de vereadora, depu­tada estadual, deputada federal, Manuela D Ávila já concorreu à vice-presidência da República em 2018 e hoje é candidata a prefeita de Porto Alegre, liderando as pesquisas de intenção de voto.

Uma representação forte das mu­lheres em termos de interior ocorre na cidade de Pelotas. Desde 2017, a Prefeitura é dirigida pela prefeita Paula Mascare­nhas, do PSDB, que concorre este ano à reeleição.

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