Paulinho é secretário de Gestão e Normas do Ministério da Secretaria de Comunicação (Secom), que tem como ministro o deputado gaúcho Paulo Pimenta. A foto é no interior do Palácio do Planalto. Além da política, eles tem uma relação de amizade de longa data Foto: Divulgação/TP
Filho de Kiwal Parera – que foi um expoente da política bageense, Paulinho Parera obviamente que se orgulha da trajetória do pai, porém ele, aos 44 anos, também já trilhou um longo caminho e desde sempre no Partido dos Trabalhadores (PT), quando se filiou aos 16 anos.
Eleito vereador três vezes com expressivas votações, Paulinho foi presidente da Câmara e nos governos de Luiz Fernando Mainadi (2000-2008) e Luis Eduardo Colombo (2009-2016) atuou como secretário municipal em quatro pastas diferentes, sendo que no momento preside o PT de Bagé.
Contudo, Paulinho foi nomeado agora no início do mês de janeiro para, talvez, seu mais importante cargo, junto ao Ministério da Secretaria de Comunicação (Secom), que tem como ministro o deputado federal gaúcho e jornalista Paulo Pimenta.
O TP conversou com Paulinho sobre este novo desafio, a sua atuação em Brasília, os atos antidemocráticos do dia 8 de janeiro, as demandas da região e também sobre seu futuro político.
Paulinho deve também ser uma espécie de embaixador da região junto ao governo federal e não nega que pode aceitar o desafio de ser candidato a prefeito de Bagé em 2024. Na foto, ele chegando para trabalhar Foto: Divulgação/TP
TAREFA – O bageense foi nomeado como secretário de Gestão e Normas do Ministério da Secretaria de Comunicação (Secom). Sua sala de trabalho fica no segundo andar do Palácio do Planalto, abaixo do gabinete presidencial, que fica no terceiro e último andar. Ele tem a tarefa de normatizar a publicidade do governo federal, orientar todos os ministérios, autarquias e estatais sobre os procedimentos publicitários. Também está incumbido de cuidar de todos os contratos publicitários da própria Secom e orientar a execução e formatação de licitações de toda a esfera federal nesta área. “É uma atividade meio que tem relação com toda a estrutura governamental. Tarefa importante. Estamos colocando a casa em ordem e as coisas estão começando a andar”, resume.
INDICAÇÃO – A indicação ao cargo, segundo Paulinho, foi pela sua trajetória política, essencialmente, mas também pela questão técnica, pois tem formação jurídica, além de experiência em gestão pública. “Grande parte da minha juventude e vida adulta dediquei ao partido e às questões públicas, além de minha formação acadêmica e confiança do ministro Pimenta, tendo sido seu assessor parlamentar na região da Campanha nos últimos anos. Isso me deixou muito orgulhoso, pois recebi o convite antes do Natal de 2022 e no dia 2 de janeiro já estava trabalhando aqui em Brasília”.
GOVERNO LULA – A expectativa de Paulinho em relação ao governo Lula, versão 3, é a melhor possível, ainda mais, em sua análise, que está trabalhando no governo e vendo o desenrolar das coisas de perto. Os objetivos, para ele, são claros: acabar com fome no Brasil; dar condições para que o povo trabalhador possa ter uma vida melhor; que a juventude tenha novamente acesso à educação superior de qualidade; investimentos na área de saúde e proteção ao meio ambiente. “Tenho convicção que vamos fazer um grande governo e este é meu recado à população da nossa região. Nós vamos ao longo dos próximos anos reconstruir tudo aquilo que já havíamos começado a construir, com inclusão em todas as áreas. Óbvio que o cenário é de desestruturação total dos mecanismos governamentais e o processo é lento, mas ações já estão acontecendo, como a volta do Bolsa Família. Vamos fazer um grande governo, especialmente para os mais pobres”, confia.
8 DE JANEIRO – Paulinho disse que um dia após os ataques aos três poderes e a tentativa de golpe feita por bolsonaristas extremistas, ele chegou cedo para trabalhar no Palácio do Planalto e para ver o tamanho dos estragos que haviam sido mostrados ao vivo no dia 8 de janeiro. Para ele, a data vai manchar para sempre a história da democracia brasileira. “Jamais imaginei que iria presenciar isso em nossa capital federal. Vândalos, terroristas e golpistas de extrema direita entraram na sede dos três poderes e destruíram obras de artes, computadores e tudo que encontravam pela frente. Havia fezes e urina espalhadas por tudo. Foi algo que me chocou muito, pois levamos tanto tempo para construir a democracia brasileira, de tantas pessoas que lutaram pela nossa liberdade. O importante é que eles tentaram e não conseguiram derrubar um governo legitimamente eleito pelo povo brasileiro. Nossas instituições são mais fortes”.
Contrastando com a barbárie, Paulinho contou que no outro dia já havia muita gente trabalhando para reconstruir, reformar e dar condições para que o governo Lula, segundo ele, possa assim reconstruir o país. “A sensação foi chocante, mas também da certeza que a democracia é muito maior”, analisa.
ELO REGIONAL – Paulinho frisa que agora como representante da região dentro do governo federal, além das atribuições que o cargo impõe, vai ser um elo de ligação da região com o governo central. “Estou aqui para ajudar os vereadores, os prefeitos, as entidades a fazer os encaminhamentos e tudo que estiver ao meu alcance para tratar das pautas regionais importantes dentro dos ministérios”, indica.
FUTURO DO CARVÃO – Sobre o carvão, ele considera uma pauta muito relevante para a região e que será tratada com muito carinho. Assinalou que tem conversado com lideranças da região sobre isso e um deles é o ex-prefeito de Candiota e secretário de governo em Pedras Altas, Adriano dos Santos. “Em breve vamos organizar agendas aqui em Brasília e tratar o carvão com a importância que o tema merece. O carvão é um fator de desenvolvimento econômico muito importante para a nossa região. Será um grande movimento e serei um instrumento para isso”, disse.
SEU FUTURO – Tendo visibilidade por estar no centro do poder brasileiro, o TP indagou se isso o impulsionaria a almejar já em 2024, ser por exemplo, candidato a prefeito de Bagé. Cauteloso, mas não negando que colocará seu nome à disposição do partido, Paulinho recordou mais uma vez sua trajetória política na cidade. “Minha trajetória e as experiências de gestão pública que já tive, me colocam na condição de aceitar um possível desafio para 2024. Mas temos nomes importantes como de nossa principal liderança, o deputado Mainardi; o vereador Lelinho, que fez uma bela votação para deputado federal em 2022; os nossos outros vereadores Dájulia, Marlon Cáren e o próprio ex-vereador Rubens Salazar, que devem participar do processo de debates. Mas se o partido em Bagé me der esta tarefa, estou disposto a aceitar”, afirma.
Mas antes disso, dos nomes, alertou, que o PT, de forma coletiva e unificada, vai fazer um profundo debate com a sociedade bageense e em especial na periferia e com o povo trabalhador, para que se construa uma proposta capaz de iniciar um novo ciclo em Bagé a partir de 2025. Segundo ele, este debate começa a partir de março deste ano. “Para que possamos juntos construir uma nova cidade. E quero, sem prejudicar meus compromissos aqui em Brasília, me organizar para estar mensalmente na cidade e ajudar nesta discussão. Assim, tenho três importantes tarefas a partir de agora: a institucional; a de ser o elo de ligação da região e a de estabelecer as relações necessárias para que Bagé tenha as portas abertas e se construa num futuro breve, uma nova cidade”, concluiu.
* Originalmente este conteúdo foi publicado no jornal impresso
