BANDEIRA VERMELHA

Pinheiro Machado segue protocolos mais rígidos por coerência e solidariedade

Novo decreto determinou fechamento do comércio considerado não essencial Foto: Gislene Farion TP

Na manhã da terça-feira (7), o prefeito de Pinhei­ro Machado, Zé Antônio (PDT) e o secretário de Saúde da cidade, Thiago Araújo, estiveram na redação do jornal Tribuna do Pampa, quando concederam uma exclusiva e esclarecedora entrevista em relação à decisão de adotar as medidas da bandeira vermelha em prevenção e comba­te à Covid-19 – doença causada pelo novo coronavírus. A decisão foi baseada também no parecer nº 13/2020 do Corpo Técnico do Comitê Extraordinário de Saúde (CES), assinado por três pro­fissionais da área e o secretário municipal. O protocolo é válido para a chamada Região de Pelotas (R21) do programa estadual de Distanciamento Controlado. As restrições começaram a valer a partir da meia-noite desta terça.

Eles esclareceram que o fato de Pinheiro Machado constar ainda na lista dos municípios que poderiam adotar bandeira laranja pela Regra 0-0 (zero internações hospitalares e zero óbitos) é uma formalidade, pois todos sabem que a cidade teve um paciente de 59 anos internado no Hospital­-Escola da Universidade Fede­ral de Pelotas (UFPel) desde o último dia 30 de junho, tendo sido considerado recuperado da doença nesta quarta-feira (8). Até esta sexta-feira (10), de forma oficial, esta internação entrará nas estatísticas, pois mesmo com a alta da ala de Covid-19 (o paciente ainda ficou internado para tratar de outra enfermidade), a hospitalização irá constar porque aconteceu nos últimos 14 dias.

Thiago e Zé Antônio visitaram a redação do TP esta semana Foto: J. André TP

Os gestores disseram que a possibilidade inicial de bandeira laranja gerou certo desconforto e pressão de alguns setores. “Além disso, precisamos ser solidários e olharmos os números. Rio Grande e Pelotas, que são nossas referências hospitalares, já estão em situação delicada”, aponta o secretário de Saúde.

Thiago indica que os 10 leitos para Covid-19 de Rio Grande estão 100% ocupados (por isso a bandeira preta por lá) e dos 20 leitos de Pelotas, metade já está sendo utilizado. “Se alguém adoecer em Pinheiro Machado e precisar de leito hospitalar é para Pelotas ou Rio Grande que precisam ser levados”, alerta o secretário.

Ele ainda destacou que apenas no município de Pelotas, quase 30% dos profissionais de saúde estão afastados do trabalho por conta da doença, além de dois médicos terem falecido na região. Segundo Zé Antônio, a Prefeitura de Canguçu possui condições de montar 10 leitos de UTI, porém não há profissionais para atuar.

COERÊNCIA O prefeito lem­brou o apelo dramático que o go­vernador Eduardo Leite (PSDB) fez, pedindo a compreensão da comunidade gaúcha pelos próxi­mos 15 dias, que seriam cruciais em termos da doença. “Ele é a autoridade máxima do Estado, tem os números em mãos e nos pediu pelo amor de Deus para que tomássemos consciência e provi­dências para conter a curva, que está em ascendência no Estado”, assinala.

Também, Zé Antônio reve­lou as falas não menos dramáticas em videoconferência da Associa­ção dos Municípios da Zona Sul (Azonasul), onde o prefeito de Rio Grande, Alexandre Linden­meyer, e a prefeita de Pelotas, Paula Mascarenhas, pediram que todas as cidades da região fossem solidárias e entendessem a gravidade. Na oportunidade, o prefeito riograndino disse que “o momento era de muita dor”. “No mínimo precisamos ser coerentes e solidários com esses gestores. Queira ou não, no momento que precisarmos e tomara que não, é para lá que teremos que ir. Pinhei­ro Machado não tem UTI e nem respirador”, alertou.

COISA CERTA Ainda, o prefei­to relembrou que logo no início da pandemia foi realizada uma espécie de lockdown (paralisa­ção total) e depois foi se fazendo o afrouxamento das medidas. “Fomos radicais e ao longo do tempo fomos aprendendo com as situações. Agora estamos endure­cendo, mas dentro de certo limite. Não tenho dúvidas que agimos de forma correta desde o início e por isso nossa cidade encontra-se ainda num plano seguro em relação ao vírus”, destaca Zé Antônio, lem­brando que Pinheiro possui quatro casos confirmados da doença, sendo três já recuperados (dois de fora da cidade) e um caso ativo apenas (internado em Pelotas). Ainda uma pessoa aguar­da o resultado PCR laboratorial. “Claro que não queríamos ter que tomar essas decisões mais duras. Contudo, sinto que é nosso dever de gestor e de alguém que tem a responsabilidade de salvar vidas. Me sinto à vontade em dizer que estamos fazendo a coisa certa”, afirmou o prefeito pinheirense.

MEDIDAS O secretário de Saúde disse que todas as medidas possíveis estão sendo tomadas, inclusive com testagens (já fo­ram realizados até o momento 83 testes rápidos e 25 PCR). Ele ressaltou que o prefeito não tem medido esforços para alcançar recursos e equipamentos no combate e prevenção, bem como a equipe local de saúde tem se desdobrado. “Mas nada adian­ta se a população não estiver consciente em fazer sua parte. Não se aglomerar, sair de casa somente com total necessidade, usar máscara, higienizar as mãos e tomar as medidas que todos já estão sabendo”, alertou.

O prefeito reforçou e pediu que a comunidade compre­enda os esforços e medidas, pois, segundo ele, informação não falta para se entender a gravidade. “Os próximos 15 dias são chaves e por isso as restrições”, reforça.

FISCALIZAÇÃO Aprovada recen­temente pela Câmara de Vereado­res e já sancionada, uma lei local endurece as medidas para quem descumprir os decretos. Segundo o prefeito ela permite aplicar ad­vertências, multas e até em casos extremos a cassação de alvarás de funcionamento. Conforme Zé Antônio, o governo está estudan­do, inclusive, a possibilidade de reforçar a fiscalização com novas contratações.

RESTRIÇÕES Desde a meia-noite desta terça, diversos setores de todas as cidades da R21 (região de Pelotas) estão operando de forma mais restritiva em função da ban­deira vermelha e neste contexto está Pinheiro Machado. Os decretos mu­nicipais nºs 800 e 801/2020, que vi­goram até a próxima segunda-feira (13), podendo serem renovados por mais tempo regulamentam o fun­cionamento da cidade no período.

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