Politicamente correto

Tem dias que eu fico pensando na vida e sinceramente não vejo saída. Os versos de Vinícius de Morais parecem apropriados ao momento em que vivemos.
Procure primeiro compreender para depois ser compreendido. Este é um dos sete hábitos das pessoas altamente eficazes sobre os quais Stephen R. Covey escreveu. Tenho tentado entender. Vejo pessoas criticando o presidente pelo desmatamento da Amazônia, pelos incêndios no Pantanal, entre outras muitas coisas. Ele merece as críticas. Por que caiu um pouco, mas não desandou de vez, no conceito popular?
Boa parte do povo brasileiro é muito parecido com ele. Por exemplo, estamos nos tornando grandes criadores de cachorros e gatos.
Uma grande empresa que fornece comida e outros insumos para animais está “de olho” no que um especialista explicou,“no Brasil há um mercado que consome neste ramo R$ 32 bilhões de reais por ano atendendo 88 milhões de cachorros e gatos registrados no país”.
Produzir para animais consome energia, água, gera resíduos, produz gases que atuam no efeito estufa. Enfim, produzir para atender necessidades de animais de estimação é altamente poluente e vai na contramão de tudo que defendem os “politicamente corretos” contra os políticos que não estão nem aí para a poluição que contamina o planeta.
As calçadas de uma cidade grande como Porto Alegre são quase tão imundas como as cidades da idade média. Ou como as das nossas cidades onde não há saneamento básico e o esgoto circula na frente de nossas casas. O xixi da cachorrada e de outros animais pode ser percebido na fedentina de muitas ruas por onde andamos. Ainda não consegui perceber a diferença entre o xixi de um cachorro e o xixi de um ser humano.
Estas empresas que vendem insumos para animais me chamam a atenção também pelo amor que dedicam aos animais. Por exemplo, “para você que ama seu animalzinho, petiscos a base de carne de frango, suíno e bovino”. E o sujeito “politicamente correto” compra porque, como ele mesmo diz, “ama animais”. E churrasco.
São por coisas assim que muitos se identificam com pessoas como o presidente do Brasil ou o ex-presidente dos Estados Unidos. Uma coisa é falar. Outra coisa é agir. Não somos o que falamos que somos. Somos a forma como agimos. Vejo poucas pessoas voltadas a doar para quem atende uma imensa multidão de crianças carentes que existem neste país. Vejo cada vez mais pessoas ajudando a inviabilizar o planeta gastando dinheiro com animais de estimação.
Alguns querem ir para Marte. Vou avisando, já está cheio de sucata por lá.

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