Reservatório secou no interior do município Foto: Divulgação/TP
“É a maior seca que eu já vi nesses mais de 30 anos que estou aqui em Candiota”, afirma o produtor de leite e sementes agroecológicas do assentamento Oito de Agosto, Jurandir Maron. Há 32 anos assentado no município, ele relata condições dramáticas vividas por conta da falta de chuvas. Maron diz que Candiota e Hulha Negra são os municípios mais castigados e a estiagem já virou seca. “Nos municípios vizinhos tem chovido alguma coisa, mas aqui nada”, queixa-se. “O que está sendo falado pelos meios de comunicação, pode colocar 10 vezes mais”, destaca o produtor que tem 30 vacas e viu sua produção cair mais da metade nos últimos meses. Dos 300 litros produzidos em média a cada dois dias, Maron está tirando 145, isso que ele tem ainda certa estrutura de alimentação dos animais com silagem e a lavoura de milho que não vingou e virou comida das vacas.
O assentando da comunidade de 22 de Dezembro, Josemar Rodrigues, vive situação semelhante. Dos 500 litros de leite por dia que as suas 28 vacas produziam, se reduziu a 280 – pouco mais da metade.
COMISSÃO – Diante dessa dura realidade – onde relatos de perdas e prejuízos não faltam, uma comissão esteve reunida esta semana com o prefeito Luiz Carlos Folador na Prefeitura local. A comissão é formada por representantes de três cooperativas, de fruticultores, de sementes agroecológicas, de grãos e cereais, gado leiteiro e de corte, líderes do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) e dos vereadores Danilo Gonçalves e Luana Vais (ambos do PT).
Segundo a comissão, formada por cerca de 20 lideranças, que logo após a visita ao prefeito esteve na redação do TP, uma série de reivindicações foram feitas ao Executivo. Como prioridade número um foi colocada a necessidade de medidas para alimentação do gado de leite, pois o pasto secou e a silagem está muito escassa. Depois, o abastecimento de água tanto para animais como para as comunidades.
Também foi pedido ao prefeito a realização de um programa de pastagem para o inverno e liberação de R$ 1 milhão de recursos próprios do município para aquisição de alimentação aos animais, sendo R$ 500 mil agora e R$ 500 mil em fevereiro.
Conforme a comitiva, o prefeito já está providenciando o aumento da capacidade de distribuição de água, passando de um para três caminhões-pipa e que a questão do dinheiro deve dar uma resposta nesta sexta-feira (3).
Segundo a comissão, somente a bacia leiteira de Candiota movimenta mensalmente cerca de R$ 1 milhão mensais. Apenas uma vaca precisa no mínimo de cerca de 20kg silagem por dia para poder seguir produzindo minimamente. Um animal precisa de cerca de 560kg mensais de alimento para se manter em pé. Atualmente, segundo a comissão, Candiota possui aproximadamente 3 mil cabeças de gado leiteiro. “Há casos em que as cooperativas já não estão mais recolhendo o leite do produtor, porque as vacas já estão sem comida e nem água há mais para a higiene na retirada do leite”, declaram. “Nunca tinha visto cavas comendo carrapicho”, complementa e lamenta o agricultor e liderança do MST, Luís Flávio Abreu, o Kiki, de 59 anos, que nasceu e se criou em Candiota.
SEMINÁRIO – A comissão, que já permanente e diz querer agregar mais vereadores e vereadoras, por exemplo, ainda pretende realizar um seminário de desenvolvimento em breve para debater um grande programa de armazenagem de água com recursos das três esferas de governo (municipal, estadual e federal), além de programas de financiamento para irrigação.
PREFEITURA – O TP fez contato diretamente com o prefeito Luiz Carlos Folador, que ficou de retornar com uma posição da Prefeitura em relação ao assunto, porém até o fechamento desta edição, ainda não havia um retorno. Assim que a reposta da Prefeitura for encaminhada, será publicada.
Comitiva, logo depois que esteve na Prefeitura, visitou o jornal Foto: Divulgação/TP
* Originalmente este conteúdo foi publicado no jornal impresso
