NÃO DEVE PASSAR

Proposta de plebiscito para vender estatais enfrenta dificuldades na AL

Proposta é para a privatização da Companhia Estadual de Energia Elétrica (CEEE), da Companhia Riograndense de Mineração (CRM) e da Sulgás

Presidente da AL, Marlon Santos (D) afirma que proposta de Sartori (E)  não  tem clima na Assembleia para ser votada

Presidente da AL, Marlon Santos (D) afirma que proposta de Sartori (E)
não tem clima na Assembleia para ser votada Foto: Divulgação TP

O último esforço do atual governo do Estado para tentar privatizar a Companhia Estadual de Energia Elétrica (CEEE), a Companhia Riograndense de Mineração (CRM) e Sulgás, depois de quase quatro anos tentando de todas as formas, parece igualmente não ter muita força.

O governador José Ivo Sartori (MDB) anunciou na última semana o envio para a Assembleia, de projeto de lei, pedindo autorização legislativa para a realização que o plebiscito possa ser feito até 90 dias antes do pleito eleitoral. A proposta modifica norma estadual de 1991, que prevê que a autorização seja dada até cinco meses antes das eleições.

O governador lembrou que, desde o início da sua gestão, o assunto foi colocado em discussão. “Mas todas as nossas tentativas têm sido obstaculizadas. Estamos agora perto do final do prazo e a matéria sequer chegou ao plenário para ser discutida”, explicou.

O presidente da Assembleia Legislativa, deputado Marlon Santos (PDT), declarou, logo após o governador ter anunciado a intenção de mudança na legislação, que não há clima para discutir a realização de um plebiscito neste ano sobre a venda das estatais do setor de energia. “Como presidente, se chegar a solicitação para a confecção de um novo projeto de decreto legislativo para fazer o plebiscito, é evidente que levarei à Mesa. Mas posso adiantar que não há clima para votação deste tipo de proposta na Assembleia e que, na Mesa, onde há grande chance de haver um empate, meu voto será contrário. O projeto é complexo, ainda nebuloso, há um trâmite a ser respeitado, muitos pontos precisam ser exaustivamente discutidos e o assunto carece de explicações à população”, resumiu ele.

O presidente estadual do PSDB e pré-candidato do partido ao governo do Estado, Eduardo Leite, externou que em conversa preliminar com os deputados da bancada tucana na Assembleia, o entendimento é de que a consulta é inoportuna neste momento. “O que o governo tem não é uma estratégia. Ele simplesmente está querendo ganhar tempo, já que não conseguiu promover o debate até agora”, disparou ele.

Para Leite, a posição do Executivo, de insistir no plebiscito para este ano é equivocada, porque o tema envolve muito mais do que a operacionalização da consulta. “É toda a organização do debate e isso não houve. O tempo se perdeu”, pontua.

Em resposta a Leite, o líder do governo Sartori na Assembleia, deputado Gabriel Souza (MDB), emitiu uma nota à imprensa, assinalando surpresa em ver um pré-candidato que, segundo ele, “até pouco tempo atrás se mostrava favorável à diminuição do tamanho da máquina pública render-se aos interesses corporativistas que beneficiam apenas grupos interessados em manter o erário público bancando prejuízos recorrentes de estatais que não prestam serviços típicos de Estado”.

O líder de Sartori foi mais longe e acusou Eduardo Leite de ter se aliado com a esquerda e as corporações que são contra o povo decidir sobre o futuro do Rio Grande do Sul. “Assuntos inadiáveis devem ser tratados imediatamente, ainda mais quando viveremos um momento eleitoral onde a população irá cobrar posicionamentos claros e objetivos sobre as questões do Estado,”, disse.

O deputado Ciro Simoni (PDT), que preside a Comissão Parlamentar em Defesa da CEEE, afirma que o projeto de Sartori é inconstitucional. Segundo Simoni, o projeto é exclusivo de competência do Legislativo e não pode ser apresentado pelo Executivo. “É contundentemente inconstitucional. Além disso, impossível se fazer a mudança de regras no meio do jogo”, assinala.

O ex-presidente da AL, deputado Edegar Pretto (PT), gravou vídeo ladeado por representantes sindicais, entre eles o presidente e o tesoureiro do Sindicato dos Mineiros de Candiota, Vagner Pinto e Hermelindo Ferreira, assinalando que o Rio Grande do Sul não está à venda. “O governador nunca teve apoio político necessário e por falta dele pretende novamente constranger uma norma que o Parlamento tem. Não é possível e não vamos tolerar esta vontade sem limite do governador em se desfazer do que é público, especialmente as áreas de energia”, assinalou.

Com as declarações se vislumbra uma nova derrota do governo no Parlamento Gaúcho em relação a proposta, pois, terá dificuldade em reunir o número suficiente de deputados para aprovar a mudança na legislação, que precisa apenas de maioria simples, ou seja, 28 dos 55 deputados. Antes disso, já enfrentará problemas na tramitação do projeto, que possui tempo exíguo e por isso há o pedido de urgência no processo.

Ex-presidente da AL, deputado Edegar Pretto gravou vídeo ao lado de sindicalistas,  dente eles Vagner Pinto e Hermelindo Ferreira, ambos do Sindicato dos Mineiros

Ex-presidente da AL, deputado Edegar Pretto gravou vídeo ao lado de sindicalistas,
dente eles Vagner Pinto e Hermelindo Ferreira, ambos do Sindicato dos Mineiros30 Foto: Reprodução TP

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