DENÚNCIA

Reportagem sobre suposto esquema de corrupção em Bagé e que estava sob censura prévia tem forte repercussão

Prefeito Divaldo nega as acusações e diz que vai processar o delator Foto: Divulgação TP

Uma reportagem feita pela RBS TV ainda no ano passado e que estava sob censura prévia pela Justiça, teve sua divulgação nesta terça-feira (11), após o ministro Gilmar Mendes do Supremo Tribunal Federal (STF) ter derrubado o impedimento de veiculação pelas duas instâncias da Justiça gaúcha. O fato está tendo uma ampla repercussão e desdobramentos.

O material jornalístico apurado pelo repórter investigativo Giovani Grizotti, joga luz sobre uma delação premiada de um empresário ao Ministério Público, que mantinha contratos com a prefeitura de Bagé. Segundo a delação, os contratos eram superfaturados e pagavam uma mesada ao prefeito bageense Divaldo Lara.

O delator disse que seu sócio entregava em dinheiro um valor mensal de R$ 40 mil. As entregas eram feitas no antigo posto da Polícia Rodoviária Federal (PRF), na BR-153, em Bagé. O Ministério Público afirma que possui mensagens de WhatsApp, quebras de sigilos bancários e telefônicos de dois pagamentos ocorridos em 2017.

A denúncia do MP ainda aponta que o prefeito e vereadores da base governista indicavam pessoas para empregos na empresa contratada.

Além do prefeito Divaldo Lara, foram denunciadas pelo MP outras sete pessoas, incluindo sócios da organização e funcionários do município. A denúncia foi feita no início de 2021, e ainda não foi aceita pela Justiça do RS.

DEFESA – O prefeito Divaldo em duas notas divulgadas, rechaça as acusações. “(…) as denúncias, que são do ano de 2018, improcedem. Os contratos referidos na reportagem foram extintos e inclusive já passaram pela aprovação e crivo do Tribunal de Contas, não havendo nenhuma ilicitude nos mesmos. Não há nenhuma prestação de serviço desta empresa em Bagé”, assinala na nota oficial da Prefeitura, que promete processar o delator. A nota ainda assinala que a delação não foi impugnada judicialmente .

Em suas redes sociais, Divaldo divulgou uma segunda nota, onde acusa o grupo RBS e o repórter Giovani Grizotti de sensacionalismo e distorções quando se refere ao presidente Bolsonaro e perseguições a quem o apoia. “E comigo não seria diferente”, aponta, também reforçando sua tese de perseguição política. “Por inúmeras vezes, já fui alvo do esquema montado entre o denuncismo do PT , fazendo uso de instituições sérias e divulgando na mídia esquerdista, informações distorcidas, em uma tentativa, continuamente frustrada, de voltar ao poder. E volta a fazê-lo em um ano eleitoral”, assinala um dos trechos da nota.

OPOSIÇÃO – A vereadora Beatriz Souza (PSB), já nesta terça mesmo reforçou que cabe a Câmara abrir investigação sobre as denúncias, por meio de uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI). “Será que a Câmara ficará de braços cruzados através da mesa diretora que é base do governo?”, questiona, ao entrar com novo requerimento reiterando o pedido de CPI, que ela já havia feito outras duas vezes.

O vereador Lelinho Lopes (PT), divulgou nota na manhã desta quarta-feira (12), pedindo o aprofundamento das investigações contra todos os envolvidos e o afastamento imediato do cargo de prefeito. “Vale destacar que a matéria cita que vereadores da base estariam participando do esquema, indicando parentes e cabos eleitorais para cargos de altos salários na empresa envolvida”, afirma.

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