Sofá de dois

Esta semana Bernardo Canto Calheiros ou simplesmente Bernardo Canto, nome artístico, lançou o clip da música “Sofá de dois”que ele um dia me mostrou como um rascunho que precisava ser lapidado, quem sabe ampliado, do que poderia ser a letra de uma música. A melodia básica também havia. Dei uma olhada, acrescentei duas ou três palavras que alteraram dois ou três versos, arrumei de uma maneira que as frases ficassem fáceis de entender por aquele que ouve e devolvi dizendo, “é isso, letra curta, simples, interessante e suficiente. Não precisa acrescentar coisa alguma”. Os jovens muitas vezes precisam de alguém mais experiente que diga “não precisa acrescentar ao que já está excelente”.

Bernardo havia escrito que no seu sofá habitavam “eu e alguns rabiscos”. Se minha memória não me engana acrescentei “alguns rabiscos que marcaram”. Tempos depois, Bernardo escreveu dois rabiscos, que são declamados, e acrescentou a letra onde eu havia “metido a minha colher”. O que me parecia excelente podia ser melhorado e foi.

A música mudou muito relação ao original com a participação de Ramiro Calheiros, irmão do Bernardo. Foi dada uma roupagem muito diferente da que ouvi ao analisar os versos na versão original. Ramiro é um excelente músico, além de ser médico. Aliás, muito antes de ser médico já era o músico que toca em duas bandas na capital, rock preferencialmente, mas quando em carreira solo também se assanha no samba.

Uma empresa contratada, com a palavra final dos contratantes, Ramiro e Bernardo, realizou as gravações e a montagem do clip que é tão bom ou melhor que qualquer um destes que a Globo produz para divulgar no Fantástico.

Ao lembrar da vó, Bernardo mostra o seu lado mais humano e emocional, a vó com quem andou por Montevideo, Casa Pueblo e Punta del Este, que nasceu junto às barrancas do rio Uruguai, perto da tríplice fronteira Uruguai, Brasil, Argentina, na hoje cidade de Barra do Quaraí, de sobrenome Ballejo, faz o linck para a admiração do sol oriental, presente nas bandeiras de Uruguai e Argentina. No sofá de dois aprendeu a admirar as coisas que Dom José (José Artigas, herói nacional do Uruguai) promoveu e onde ouviu as bandas que divulgam as belezas da banda oriental.

Bernardo volta aos melhores momentos da poesia sul-americana ao sonhar com a unidade dos povos desta América do Sul como já cantou Mercedes Sosa em “Canción con todos”.

Bernardo me faz lembrar Horácio Guarany, em “Canta país”, que Soledad Pastorutti interpreta magnificamente: – Levanto en alto mi guitarra y digo… vamos!Em outro momento, na mesma canção “dame tu mano y galopemos juntos por sierras y llanos, montes y praderas”.

Uma parte do poema eu gostaria de ter escrito, “Podemos viver em paz! Podemos e vamos!”.
No google é só pesquisar “bernardo canto sofá de dois”.

ORIGINALMENTE ESTE CONTEÚDO FOI PUBLICADO NO JORNAL IMPRESSO*

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