Temas eleitorais

Passamos da metade de julho e vamos observando os encaminhamentos políticos. A PEC das Bondades, PEC dos Auxílios, PEC Kamikaze, PEC Eleitoral, como queiram, foi aprovada com raros votos contrários. Além de reduzir um pouco os problemas de alguns, temporariamente e por pouco tempo, a PEC pode indicar algum caminho para o futuro próximo. Sem dúvida alguma, a tal PEC fura o teto de gastos tão defendido por alguns apoiadores deste governo que afunda um pouco mais a cada dia.
Esta história de furar o teto resulta em aumento de juros, instabilidade do dólar e quem vai pagar o preço são os mais afetados pela inflação. Isto para quem defende o modelo.
Nos Estados Unidos, tão falados por alguns defensores do modelo liberal, estão se lixando para o teto de gastos. A dívida pública dos Estados Unidos aumenta sempre que é preciso, e depois a gente vê.
Aliás, este momento, de desespero de um governo que tenta se manter viável eleitoralmente, vai servir para que o próximo governo mude o cenário do chamado “teto de gastos”. Se dependesse deste que aqui escreve, o “teto de gastos” seria até o país ter uma dívida pública nos mesmos patamares, em percentual do PIB (produto interno bruto), que os Estados Unidos. Ainda teria muito teto para furar por aqui.
Já escrevi, dívida de um país é um número no computador. Principalmente de um país como o Brasil que tem as reservas de cerca de 350 bilhões de dólares, isto que o governo Bolsonaro torrou 25 bilhões de dólares dos valores que recebeu, segundo dados do Banco Central.
E ninguém fala, por enquanto, dos bilhões que este governo torrou após a venda de estatais e de participação do BNDES em empresas diversas. Mas isto é assunto para outro dia.
Esta semana uma matéria do grupo RBS tratava de um sujeito que andou pela Argentina e viu umas remarcações dos preços por lá. Segundo a matéria, era um alerta para o que poderá acontecer no Brasil. Fiquei impressionado, em primeiro lugar, de notar que tal sujeito não tem andado em supermercados no Brasil. Segundo, o sujeito deve ser muito ignorante e ainda há imprensa que dá espaço a ele. A Argentina quase não possui reservas internacionais e não é de hoje, nem de ontem, é de faz tempo. Terceiro, a Argentina está bem enrolada, como o Brasil já esteve, com o Fundo Monetário Internacional (FMI). Comparar Argentina e Brasil é algo irresponsável para quem entende muito pouco do que fala. Andando por lá recentemente me pareceu melhor que aqui.
Não foram os governos militares, nem os governos de direita que os seguiram, antes e atualmente, quem juntou as reservas internacionais que o Brasil tem hoje e acabou com a dependência do Brasil de financiamentos do FMI.

* Originalmente este conteúdo foi publicado no jornal impresso

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