Transição Energética Justa

Em meio ao momento complicado que vive o município de Candiota, com futuro incerto em razão do possível fechamento de uma usina termelétrica, surgiu o debate com esta ideia, algo no patamar da fantasia, a “transição energética justa”.

  • Justa para quem?
  • O que é uma transição energética justa para quem perde o emprego com o qual sustenta sua família?
  • O que é uma transição energética justa para o comércio que estará desfalcado de compradores com poder aquisitivo?
  • O que é a transição energética justa para o Município de Candiota que estará quase inviabilizado em dois anos se uma das usinas parar?

Eu não sei o que pensar de uma situação onde Candiota fica sem suas duas usinas. Só sei que teremos um cenário de calamidade pública. Menos mal que a Pampa tem contrato até 2043.

Faz tempo que Candiota flerta com o perigo e o poder público, Executivo e Câmara de Vereadores, nunca tratou a possibilidade como algo real. Se tivessem tratado, o comprometimento da receita do município com pessoal seria muito menor. Por quê? Por que se a receita do município cair 30%  haverá recursos para pagar servidores,  plano de previdência dos servidores e manter os serviços municipais?

“Uma transição energética justa exige, antes de qualquer coisa, um plano.”

Em Candiota os servidores da ativa e os aposentados serão impactados diretamente com o fechamento de uma Usina (ou das duas no futuro) e com eles toda economia do município.

Uma catástrofe local, com impactos na região e no estado.

Uma transição energética justa exige, antes de qualquer coisa, um plano.

Este plano poderia prever o fechamento de uma unidade em quinze anos e de outra unidade em 30 anos. E a compensação? Neste período, o governo federal poderia criar linha de crédito especial via BNDES e viabilizar com as empresas dos setor de energia a implantação de usinas eólicas ou solares no município com a mesma capacidade ou maior do que as usinas que seriam fechadas. Empregos seriam perdidos, empregos seriam ganhos. Eu não sei o que significa a palavra “justa” da tal transição energética, mas me parece que não haverá transição sem um “Plano de Transição”.

Nem quero dizer que o parágrafo acima é a solução, é algo no qual pensei e pode ser debatido.

Provavelmente, o que está em curso é um “bode na sala”. Daqui a uns dias sai uma solução ruim para algo que parecia ser uma catástrofe. E todos ficam felizes.

Mas é melhor mobilizar por enquanto e colocar as “barbas de molho”, como se dizia antigamente, que as usinas a carvão têm futuro certo e definido.

Faz tempo que eu escrevo por aqui que é preciso um amplo debate sobre o futuro de Candiota. Este debate até pode existir, mas não ouvi falar de nada muito consistente.

*Prefeito de Hulha Negra por três mandatos (1993-1996, 2001-2008) e auditor aposentado do Ministério do Trabalho

ORIGINALMENTE ESTE CONTEÚDO FOI PUBLICADO NO JORNAL IMPRESSO

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