Transição justa para quem?

O TP acompanhou a convite do Sindicato dos Mineiros de Candiota, o Seminário Internacional ‘Trabalho e Meio Ambiente: Caminhos para uma Transição Energética Justa o Brasil’, promovido pelo Departamento Intersindical de Estatísticas e Estudos Socioeconômicos (Dieese) durante toda esta quinta-feira (30), em Porto Alegre.

O evento foi da maior relevância. Durante todo o dia, despidos de qualquer opinião definitiva, os debatedores e participantes tanto presencialmente como virtualmente, colocaram o assunto que está mais em voga no planeta atualmente, que é a urgência ambiental.

Contudo, o Dieese, como é sua finalidade, propõem o debate sob o ponto de vista dos trabalhadores e das trabalhadoras.

Jamais a atividade da extração e queima do carvão mineral para a produção de energia esteve tão ameaçada. Somente em Candiota, são cerca de 5 mil empregos diretos e indiretos que estão em jogo, além de toda uma história e uma cidade baseada na exploração desta riqueza. Não há assunto mais urgente que esse, pelo menos na Capital Nacional do Carvão e municípios vizinhos, como Pinheiro Machado, que tem parte de sua economia baseada na produção de cimento, que é composto em grande medida por cinzas da queima do carvão.

O Seminário, ao invés de apontar dedos e dar tudo como definido, demonstrou a complexidade desta situação, que coloca em risco milhares de famílias e seus empregos. A insegurança que tomou conta da sociedade candiotense, especialmente com a possibilidade concreta de fechamento da Fase C da Usina de Candiota e o recorrente debate, cada vez mais presente, da chamada transição justa (justa para quem?), é atormentador para quem de fato está preocupado com o futuro da região.

A comunidade regional precisa urgentemente se debruçar sobre o tema, encontrar parceiros como o Dieese para descobrir caminhos, sejam de manutenção da atividade industrial fundamental há mais de sete décadas ou prever substituições que precisam de muito tempo e recursos financeiros para se efetivarem. O tema é para já e não pode esperar. Empurrar com a barriga ou tentar fazer de conta que ele não existe, só pioram as coisas.

* Originalmente este conteúdo foi publicado no jornal impresso

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