Três Toques – 15 a 18/DEZ/2023

BELARMINA

Os anjos vieram buscar Belarmina. Tinha chegado a hora de partir para uma nova jornada, uma nova moradia, a definitiva.

Hora de descansar, disseram. Fim das dores, das lágrimas, dos hospitais com suas sondas e bipes chatos e intensivos e de médicos de jaleco branco e agulhas infindáveis.

Médicos mecânicos, dizendo sempre “vamos tentar, vamos acreditar.” tantas lutas, tantas dores, tantas esperanças e eis que chegam os anjos, tomam-na nos braços e Bela, enfim, está no Paraíso. Tudo é luz, tudo é paz.

Belarmina era guerreira, ora se era. Professora e Educadora como ninguém. Nascida e vivida para ensinar. Vibrava com o progresso de seus alunos como se deve vibrar com as conquistas.

Seus alunos eram parte da sua família. Vi alunos à noite na casa da família com os cadernos nos joelhos repassando os temas e ela gerenciando tudo, sempre incansável. Os dela não repetiam ano.

Sua imagem magra e alta, seu cabelo típico e prático, seu jeito severo, seu olhar inquisitivo serão lembranças nos corações de tantos e tantos alunos que passaram pela sua vida.

Ensinar, não é uma arte. É missão. Ensinar e educar ao mesmo tempo é para os bravos, aos que não se rendem, aos que não desistem nunca. Semear em terra fértil é prosa, em terra pedregosa e escarpada é dor e é lágrima.

BELA, Belarmina nós te amamos como pessoa nossa, como patrimônio nosso. Zeles por Candiota, por nossas crianças, pela educação carinhosa que tanto buscamos.

A PROFESSORA Belarmina foi sepultada sábado, 9 de dezembro.

Ass.: Seus alunos e alunas

CÚMPLICES

O casamento é basicamente um ato civil. O Tabelião não pergunta aos nubentes se ficarão juntos a vida toda e sequer pergunta se o amor existe entre eles. É um contrato civil, regido por um código.

Visa praticamente os bens materiais e a situação dos filhos no caso de uma separação. O Estado não crê num casamento perpétuo e por isso legisla.

A Igreja, quanto ao casamento é mais solene. Indaga sobre o amor e respeito recíproco, sobre educar os filhos e exige declaração de fidelidade mútua. A Igreja é definitiva e não admite a separação do casal a não ser pela morte.

Na vida real os humanos desrespeitam a Igreja e o Estado, vivendo como desejam, em múltiplas relações.

Claro que quem paga por isso são os filhos. Milhares de crianças abandonadas, largadas à própria sorte. No Brasil de hoje é verdadeira calamidade. O Estado e os pais castigam os filhos frutos da omissão. É uma cadeia auto destruidora que retro se alimenta. O deserdado de agora deserdará amanhã.

Belarmina e o Sérgio formaram um casal à moda antiga. Se entendiam, amavam seus filhos dando exemplo e reciprocidade.

Parceiros de toda vida!

 

O QUE SERÁ?

De nós neste mundo líquido, que nos inunda de insignificâncias e individualismo?

Como aprenderemos a amar e perdoar se tudo é precário, fungível e perece?

Será o amor? Quem souber abrace, beije e afague.

ORIGINALMENTE ESTE CONTEÚDO FOI PUBLICADO NO JORNAL IMPRESSO*

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