Usinas termelétricas a carvão auxiliam no combate à crise hídrica no Brasil

As chuvas das últimas semanas de setembro e do início de outubro foram uma boa notícia para os reservatórios das hidrelétricas brasileiras, que entraram na primavera em situação preocupante. Há alívio momentâneo, mas um olhar mais prudente ainda recomenda cautela. Segundo os dados do Ministério das Minas e Energia, em setembro a quantidade de água recebida por essas usinas e que pode ser transformada em energia estava nos níveis mais baixos dos últimos 91 anos. É pouco provável que uma única estação chuvosa seja suficiente para normalizar a situação. Ainda há riscos pairando sobre a estabilidade do sistema elétrico em 2022, principalmente quando o período seco começar.
Situações assim não deveriam surpreender ninguém. Desde o princípio, o sistema elétrico brasileiro foi planejado para assegurar a geração de energia nos momentos de clima desfavorável. Essa preocupação deu origem a várias usinas termelétricas a carvão.
A importância das termelétricas a carvão cresce ainda mais diante da rápida expansão da geração eólica e solar, intermitentes por sua natureza. Em outras palavras, é preciso ter uma geração de energia firme para quando não houver vento para girar as pás de aerogeradores, sol para iluminar painéis solares ou água nos reservatórios para movimentar as turbinas das hidroelétricas.“O carvão pode desempenhar um papel importantíssimo no sistema elétrico brasileiro, como uma alternativa de baixo custo”, diz Fernando Zancan, presidente da Associação Brasileira do Carvão Mineral.
Uma boa retaguarda energética constituída por termelétricas ajuda a evitar que as crises hídricas se transformem em crises energéticas – e daí por diante em graves problemas sociais. A escassez já fez disparar os preços da energia, aumentando os custos das empresas, prejudicando o orçamento da população e ameaçando a recuperação da economia brasileira no curto prazo.
A situação atual ainda tem um agravante adicional em relação a momentos semelhantes do passado: recentes aumentos nos preços do petróleo no mercado externo são potencializados no Brasil pela taxa de câmbio, que também subiu significativamente, encarecendo o custo da energia gerada a partir do gás natural ou do óleo diesel.
Nesse sentido, o carvão leva nítida vantagem. “O carvão é uma fonte de energia que, por não ser dolarizada, está imune às flutuações do câmbio e das commodities”, afirma Zancan.
Atualmente, o parque gerador a carvão brasileiro tem perto de 1,6 gigawatts de capacidade. Para o futuro, acredita-se no potencial de novos projetos com uso do carvão. Entre as principais oportunidades, estão a minimização da geração de rejeitos e a obtenção de subprodutos que servem de insumos para outros setores industriais, como a pozolana para a fabricação de cimentos e o sulfato de amônia usado na formulação de fertilizantes. O carvão mineral nacional ainda tem muito a contribuir com a economia brasileira.
(Texto extraído de uma campanha liderada pelo Sindicato da Indústria de Extração Carvão do Estado Santa Catarina – SIECESC)

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