TRADICIONALISMO

Venda e confecção de artigos gaúchos movimentam a economia da região

Neste mês de julho, o governo do Estado do Rio Grande do Sul divulgou uma matéria informando que a Secretaria do Desenvolvimento Econômico (Sedec), propôs uma pesquisa em relação ao consumo de produtos tradicionalistas gaúchos com a intenção de mensurar o potencial econômico gerado por este meio na economia do RS. Pensando nisso, o TP entrou em contato com pessoas que trabalham e fazem parte do meio Tradicionalista na região, para saber como são as vendas e os gastos quando se trata de tradicionalismo e Semana Farroupilha.
COSTUREIRA 

Dilva é costureira há mais de 30 anos na localidade de Seival em Candiota

Para dar início ao material, a equipe do jornal conversou com a candiotense Dilva Pereira, que é costureira há mais de 30 anos e confecciona principalmente vestidos de prenda para o município e região em geral.
Ao ser questionada sobre o número de produções realizadas até o mês de julho deste ano, e quantos mais ainda fará, Dilva informou que de abril a junho confeccionou seis novos vestidos e realizou a reforma em 19 peças. Já de julho em diante, ainda restam aproximadamente 36 pilchas a serem feitas por ela.
FLOR DO PAMPA 
No município de Hulha Negra, conversamos com Janice Silveira que é proprietária da loja Flor do Pampa, que atua na cidade desde 2014 comercializando indumentária gaúcha e produtos de celaria em geral.
Ao ser questionada sobre como é o ramo das vendas entre agosto e setembro, pré e durante a Semana Farroupilha, Janice afirmou que o aumento das vendas ultrapassa 50% em relação aos outros meses do ano.
AGROPECUÁRIA 
Também em Candiota, Edison Machado que trabalha na Agropecuária Munhóz, localizada da sede do município, que comercializa medicamentos e encilhas, afirmou que as vendas devem aumentar 35% com a chegada próxima do mês de setembro.
“Pois entra vermífugo e alguma vitamina para os cavalos, além da parte de arreios”, disse Edison.
TRADICIONALISMO 
Já seguindo para o lado de gastos entre prendado e invernada, a jornalista Lívia Monteiro que participa ativamente do Centro de Tradições Gaúchas (CTG) Prenda Minha da cidade de Bagé, e que recentemente passou sua faixa da 18ª Região Tradicionalista, falou sobre a parte financeira envolvida neste meio.
Em sua fala, Lívia destacou que fazer parte de uma entidade tradicionalista é um estilo de vida, e que é preciso ter um planejamento para que as coisas funcionem, tanto na questão financeira quanto ao propósito em cada atividade desenvolvida.
“Muitos tem contato apenas durante a semana Farroupilha, mas para nós que estamos a frente de um CTG, participando como prenda e invernada artística é o trabalho de uma vida, que inicia pequeno e permanece por gerações”, ressaltou. “Os gastos estão entre a indumentária que usamos até uma torneira que arrebenta”.

Além de estar envolvida com o prendado, Lívia participa da invernada e do grupo folclórico Foto: Divulgação TP

Na sequência, Lívia citou o valor que se gasta para a produção de uma pilcha que varia de preço conforme modelo escolhido, explicando que os vestidos para quem dança podem ter valores ainda mais altos, pois tudo gira em torno de um estudo histórico. Além disso, para a criação de um vestido de prenda é preciso tecido e costureira, e cada um tem seu preço individualmente, o que deixa a roupa ainda mais cara.
“Outros gastos que temos é nas participações em eventos, sejam eles regionais ou estaduais, com locomoção, hospedagem, entrada no evento e alimentação. Para participar de ciranda e entreveros também há gastos, com mostra folclórica, musical e os mesmos valores cobrados nos eventos que citei, porque não deixa de ser um evento”, ressaltou a prenda. Ao finalizar, Lívia destacou o número de pessoas que estão inclusas no meio tradicionalista. “Isso cresce na medida em que compreende a grandiosidade desses eventos, ao perceber que são famílias inteiras participando. O gasto para uma mãe e um pai aumenta a cada filho que custeia, seja com pilcha, mensalidade da invernada, alimentação e assim por diante. É preciso gostar muito para permanecer”.
Na mesma entidade, a mãe de Maria Eduarda e Maria Olívia, Tárcia Bauer, falou sobre os gastos que tem com as filhas que fazem parte da invernada e também do prendado do CTG.
Tárcia deu ênfase para o lado da dança, dizendo que, além da pilcha da invernada, é preciso ter uma segunda para bailes e eventos. “Às vezes a gente não pensa que embaixo do vestido tem saia de armação, bombachinha, meia-calça, sapatinho que tudo gera um custo e também tem os eventos, porque dentro do CTG não tem só a semana farroupilha”, pontuou.
Com isso, entende-se que o tradicionalismo movimenta consideravelmente a economia do Estado, pois atrás das roupas e acessórios existe algo muito mais amplo que envolve o dinheiro de milhares de famílias e o comércio de inúmeras pessoas, desde ao cabeleireiro até o vendedor de cachorro quente dos eventos.
ORIGINALMENTE ESTE CONTEÚDO FOI PUBLICADO NO JORNAL IMPRESSO*

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