EDUCAÇÃO

Atual reitor da Unipampa fala dos motivos que o fizeram não concorrer à reeleição

Ele se queixa de que o sacrifício e a dedicação são ainda pouco valorizados

Marco Antônio Hansen não participa da eleição Foto: Divulgação TP

No dia 28 de agos­to acontece nos dez campi da Univer­sidade Federal do Pampa (Unipampa) a Consulta à Comunidade Acadêmica para a escolha da próxima reitoria da Instituição. Seis candidatos apresentaram seus nomes para o pleito. O atual reitor Marco Antônio Fontoura Hansen não parti­cipa da eleição e através de entrevista ao Tribuna do Pampa explica os motivos pelos quais optou por não concorrer novamente, bem como, faz uma avaliação de sua gestão e comenta os desafios do seu sucessor.

MOTIVAÇÃO Hansen assumiu seu cargo em 2015 e acredita que o período de quatro anos é mais do que suficiente como forma de contribuição e doação para à Universidade como gestor máximo. “A dedicação às atividades internas e exter­nas da Unipampa demanda um sacrifício familiar muito grande, com atividades em três turnos e muitos finais de semana dedicados a institui­ção”, revela.

O reitor também acrescenta que a distância intercampi é muito grande, e demanda, quase de um gabinete móvel para atender as necessidades em todas as esferas. “Concorrendo à produção científica e a oportunidade de voltar a fa­zer parte de um programa de pós-graduação ficariam qua­se que inatingíveis”, afirma, dizendo que pretende contri­buir na divulgação de conhe­cimentos e de uma Educação Superior de qualidade.

O administrador crê que atingir o topo da pirâmi­de e ter o reconhecimento do trabalho pelos pares externos é muito enaltecedor e moti­vador. Porém, comenta que “dentro da própria estrutura, o sacrifício e dedicação são pouco valorizados”.

AVALIAÇÃO Segundo ele, seu mandato foi bastante difí­cil, pois trabalhou com recur­sos que considera mínimos e muitas vezes insuficientes, mas revela que são nestes momentos que a criatividade envolvendo economia são tão necessárias. “Considero que foi uma gestão voltada aos princípios da legalidade, economicidade, transparên­cia e probidade. Esperamos chegar ao final do ano com as contas zeradas”, acredita.

Hansen destaca como principais resultados o reequilíbrio orçamentário e financeiro, a retomada das obras paradas diante de cenário financeiro ruim, o aumento no número de pro­jetos de pesquisa e extensão. Também o cadastro de sete patentes – sendo que quando assumiu não havia nenhuma, o aumento no número de alunos de graduação e pós­-graduação, hoje em torno de 14,5 mil. A consolidação da Educação a Distância em 24 polos por todo Estado também é citada, bem como as melhorias na infraestru­tura com acessibilidade e inclusão com aumento de recursos, apoio às ações de diversidade, e a melhora na avaliação dos cursos de graduação.

A lista de realizações é extensa, e traz nela as insti­tucionalizações do Escritório de Processos, do Comitê de Governança, e do Comitê de Integridade e Gestão de Ris­cos. Hansen destaca o início das obras dos prédios da rei­toria para atenderem cerca de 300 técnico-administrativos. “Foram 21 obras entregues no período da gestão”, enu­mera.

A implantação da jornada flexibilizada para melhor atendimento ao pú­blico externo é lembrada e o aumento das políticas de Assistência Estudantil com Restaurantes Universitários, moradias estudantis e bolsas e muito mais.

O administrador fala da busca de recursos adicio­nais para equilíbrio financei­ro, através de doações que, somadas, ultrapassam R$ 500 mil, e da participação em várias frentes em defesa da Educação, além de várias outras ações estruturais de melhorias. Atualmente, Han­sen é presidente do Conselho de Reitores da União Parla­mentar do Mercosul e pre­side a Comissão das Novas Universidades da Andifes.

DESAFIOS DO SUCESSOR Questionado sobre as dificul­dades que o próximo gestor enfrentará, Hansen é taxativo que o maior desafio esta ligado aos recursos financeiros. “Em função da PEC do Teto dos Gastos e também com a baixa tendência de cresci­mento do país, os recursos para o ano que vem tenderão diminuir em relação a este ano”, avalia.

O reitor afirma que neste momento, as contas da Universidade estão todas ajustadas e dificilmente tem espaço para algum corte, a menos que haja o descon­tingenciamento por parte do governo federal. “Estamos trabalhando no limiar dos gastos de investimentos e custeio”, garante.

Outro desafio para o novo reitor ou reitora acredita que é fazer a rede de rela­cionamentos com uma boa capacidade de interlocução constante nas diferentes esfe­ras do governo federal, União Nacional dos Estudantes (UNE), comunidade interna e externa. O que considera levar um longo tempo de dedicação e aproximações.

O reitor considera que atualmente a principal fragilidade está ligada a infra­estrutura, ainda distante das reais necessidades. “Se ob­tendo recursos, haverá muito que fazer. Mas com trabalho, dedicação e determinação, desejo pleno sucesso ao(à) sucessor(a)”, finaliza.

 

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