Numa rápida pesquisa no Google, encontrei três conceitos para a palavra ignorância, “Estado de quem não está a par da existência ou ocorrência de algo”; “Estado de quem não tem conhecimento, cultura, por falta de estudo, experiência ou prática”; “Falta de conhecimentos em particular ou de cultura em geral. A pessoa que ignora algo não o conhece ou não o compreende”.
O que podemos observar nos atos de quem governa o Brasil de hoje é uma consistente aposta na ignorância.
O presidente, que vive afirmando coisas das quais se desdiz logo a seguir, costuma pedir desculpas. Por exemplo, sempre foi contra a previdência que agora quer aprovar. Basta ler algum livro básico sobre comportamento humano para saber que só os fracos vivem a pedir desculpas. Porém, porque se preocupar se as pessoas ignoram que “só os fracos vivem a pedir desculpas”. Eventualmente, pode acontecer de ser necessário pedir desculpas. Ressalto, eventualmente.
A ditadura militar não existiu. Esta é uma das últimas diversões propostas pelo governo para os intelectuais das redes sociais. O governo aposta no fato de que a maioria dos brasileiros vivos não tinha nascido no tempo em que havia ditadura militar no Brasil. Aposta que a maioria destes não sabe que a ditadura existiu. Logo, é possível reinventar a história. Coisas como estas fazem a alegria das redes sociais.
Hitler é tão antigo quanto Tutencamon. Certa vez um estagiário me disse: – Não me fala de um tempo em que eu não existia. Logo, dizer que Hitler era de esquerda passa batido para a maioria do povo que nem sabe o que é esquerda ou direita. Na verdade, apaixonado por Israel, fica difícil ao presidente dizer que Hitler, que era de direita, perseguiu os judeus, que eram de esquerda(?). Ou será que a direita persegue a direita?
Daqui a algum tempo vão querer me convencer que eu não nasci.
Enquanto isso, já é notícia que está em avançado processo de gestação, uma espécie de CPMF, a contribuição provisória sobre movimentação financeira, mais ampliada e com outro nome. Visa substituir, num primeiro momento, a forma de obter receita com a tributação previdenciária das empresas sobre o salário dos trabalhadores. A parte dos patrões, claro. Eu sou a favor de acabar com a injusta tributação sobre o salário e implantar a CPMF para este fim. O presidente, visando ser eleito, disse que a CPMF não seria implantada no seu mandato. Ainda bem que ele não tem problemas em pedir desculpas pela sua ignorância.