Para quem não gosta de guerra, como eu, melhor é me alienar no futebol. E o meu time está de férias. O teu, provavelmente, também.
O mundial de clubes de futebol começou com um fato surpreendente, dois dos cinco melhores times da atualidade não participam do campeonato, o Barcelona e o Liverpool. Critérios.
Qualquer que seja o critério de escolha, alguma coisa foi feita errada que levou um time inexpressivo da Nova Zelândia, que estreou tomando 10×0, e deixou fora dois dos melhores times do mundo. Alguém não pensou adequadamente.
Daí que o mundial começou com públicos decepcionantes em estádios que, na maioria, tem espaços gigantescos que nem foram abertos ao público. Oficialmente 30 mil pessoas em estádios com capacidade para mais de 80 mil. Um jogo entre um time da África do Sul e outro da Coréia do Sul tinha pouco mais de 1.000 pessoas no estádio, ainda que oficialmente o público tenha chegado a 13 mil. Só quem não viu acreditaria.
Exceto Estados Unidos, onde sempre tem gente para ir a qualquer evento e algum país árabe que tem dinheiro para atirar para cima, não vejo que país teria interesse neste tipo de evento que começa com todo mundo sabendo que apenas dois ou três tem condições de serem campeões.
“O bom do futebol é que a guerra esportiva recomeça a cada ano. E os personagens continuam vivos para tentar vencer. E normalmente perder. Acontece que no esporte vencer de vez em quando já é bom. E perder faz parte da vida, mantendo a vida.”
E daí surgem os mais esdrúxulos comentários. Os comentaristas das emissoras que investem para transmitir o evento chamam o mesmo de primeiro mundial de clubes. Outros acrescentam “neste formato”. Mundiais de Clubes organizados pela FIFA houveram 20, no ano 2000, de forma experimental, e de 2005 a 2023. Em 2024 se fez um novo formato de Copa Intercontinental, onde o campeão da Champions (Europa) joga apenas uma vez. Nem o Botafogo deu a mínima importância a esta Copa.
Daí que o presidente da Liga de Futebol da Espanha quer acabar com este tipo de Mundial de Clubes, evento que os clubes da Europa nunca quiseram participar e até estão jogando porque a premiação é alta. Eu acho que o Mundial de Clubes da FIFA anual é mais razoável e aponta o Campeão do Mundo daquele ano. Daqui a pouco vamos ter campeão do mundo, campeão do mundialito (Copa Intercontinental), campeão do mundo que é campeão da Copa Intercontinental.
Pelo menos a taça dedicada ao campeão vem com a inscrição “CLUB WORLD CUP” e aqui no Rio Grande do Sul só vi uma com inscrição igual num troféu que está no museu que fica na beira do rio.
O resto é guerra. E guerra é a manifestação mais profunda da estupidez humana.
Matar e morrer. Matar muitos perdendo poucos, de preferência.
Fazer guerra para matar e vender armas. E vender muitas armas.
A guerra é um evento comercial, antes de tudo. Também é um evento político, que pode promover governantes.
A guerra de hoje é a justificativa para a continuidade. Muitas guerras acompanharemos. E nem adianta dizer que estamos cansados de guerra. Elas virão, e virão, e virão…
A ignorância, a insensatez e a vingança são provocadas e fomentadas a cada guerra que começa.
O bom do futebol é que a guerra esportiva recomeça a cada ano. E os personagens continuam vivos para tentar vencer. E normalmente perder. Acontece que no esporte vencer de vez em quando já é bom. E perder faz parte da vida, mantendo a vida.
JÁ FOI CONTEÚDO NO IMPRESSO