SANEAMENTO BÁSICO

Abastecimento de água volta ser debatido em Candiota

Problemas pontuais de um sistema ainda frágil sempre geram debate na cidade. Prefeitura explica ações e planejamento para o setor

Final da rua Engenheiro João Magalhães Filho, no bairro Areal, sofre com constantes falta de água. Na próxima semana deve começar a construção de uma nova rede de distribuição de água na localidade Foto: J. André TP

O tema do abastecimento de água de Candiota há muito é recorrente. Des­de a sua emancipação em 1992, que o sistema apresenta muitas fragilidades, tanto do ponto de vista do produto final em si, como gerencial.

Não pode se negar que houve avanços no perídio, entre­tanto ainda se precisa melhorar muito mais para se alcançar um mínimo de excelência.

No último sábado (27), moradores do bairro Areal, na sede do município, reclamaram da falta de água – mais especi­ficamente no final da rua Enge­nheiro João Magalhães Filho. Também, os moradores da Vila Operária e João Emílio, recla­mam da qualidade.

A vereadora Andréia Ran­gel (MDB), levantou a questão na sessão da Câmara na última segunda-feira (29). Ela disse que a falta de água no Areal é recorrente e que foi procurada por moradores, que assinalaram que o problema se agravou após a construção do Residencial Viver Melhor, que fica vizinho à localidade. Também disse que moradores da João Emílio e Vila Operária reclamam do cheiro e aspecto gorduroso da água. “Pre­cisamos resolver isso, pois água é saúde pública. Quem sabe a Prefeitura fazer uma transmissão ao vivo pela internet para que as pessoas possam questionar e tirar suas dúvidas”, propôs.

AREAL Contatado pelo jor­nal, o secretário de Obras e Serviços Públicos de Candiota, Artemio Parcianello explicou pontualmente os problemas acon­tecidos e o que se planeja para as soluções.

No Areal – um novo bairro nascido há cerca de 12 anos e fruto de ocupação numa área privada e que ainda passa por um processo de regulariza­ção fundiária, Artemio assinalou que o problema é o tamanho da bitola da rede adutora que ali existe, além do que muitas casas ainda serem abastecidas com mangueira preta. Segundo ele, a adutora ali existente era para um número reduzido de habi­tantes e houve uma explosão demográfica na região, inclusive com a construção de um novo núcleo habitacional com mais de 200 casas, sem falar na própria ocupação. O secretário disse que a solução e isso já está projetado, é a extensão de uma rede adutora desde o ginásio de esportes pas­sando pela rua do Carvão, Viver Melhor e indo até a Vila Airton. “Isso vai solucionar o problema de toda esta região, que sofre, especialmente quando há alguma interrupção no fornecimento, pois é a última a receber água novamente. Contudo vivemos um momento de escassez de recursos e no Poder Público, assim como na vida, as coisas não acontecem de uma hora para outra”, expli­cou.

Porém, o secretário disse que duas medidas devem ameni­zar os problemas. A Prefeitura, assim que terminar as obras do esgoto cloacal e pluvial no Areal, começa as obras de uma nova rede de distribuição, que será estendida desde os galpões nos fundos do campo de futebol e atendendo todo o bairro (rua H, Carvão e parte da João Magalhães Filho). Também, junto a Funda­ção Nacional de Saúde (Funasa), se negocia recursos para a compra de caixas de água para serem instaladas naquela comunidade.

OPERÁRIA Com a nova Es­tação de Tratamento de Água (ETA) ainda em testes e sem automação (falta ainda investir R$ 50 mil neste processo), a água da Vila Operária e também da João Emílio estão apresentando problemas de qualidade.

Artemio explicou que a colocação manual de produtos químicos, entre outros fatores, causaram aspecto indesejável no produto final, como cheiro e oleosidade. Ele explica que a mistura em dosagens não corretas e ao mesmo tempo de carbonato e sulfato, deram esta reação quí­mica. O secretário garante que a automação (que funcione de for­ma automática) vai resolver em definitivo o problema, porém o engenheiro químico da Prefeitura já está adequando o processo até que a dosagem computadorizada não aconteça.

Outra melhoria prometida por Artemio, é que a Prefeitura já contratou uma empresa espe­cializada para fazer a dragagem na tomada de água bruta junto a barragem da Vila Operária. “Isso vai melhorar também nossa quali­dade final de água tratada”, disse.

INVESTIMENTOS O secretário ainda fez um apanhado mais geral sobre os investimentos da atual administração no abastecimento de água. Ele citou a nova ETA da sede do município em parceria com a UTE Pampa Sul, além da recente remodelagem do sistema de filtra­gem desta estação. Também disse que está sendo investido na con­tratação de uma consultoria para eliminar os problemas eletrônicos.

Artemio ainda citou a ex­tensão da adutora de água potável para as comunidades rurais, bem como novamente lembrou o pro­jeto junto a Funasa para aquisição de caixas d´água para famílias pobres e incentivo para quem pode, instalar uma caixa, pois isso é fundamental nos momentos de interrupções. “Uma caixa d´água de 500 litros abastece uma família por 12 horas. Por issoa importân­cia de todos terem uma ao menos em suas casas”, disse.

O secretário citou a colo­cação em operação da nova ETA da Operária e que irá, quando em funcionamento pleno, resol­ver as questões de qualidade e quantidade para cinco localidades urbanas da cidade (Operária, são Simão, bairro União, João Emílio e Seival).

Outra luta que se faz é a liberação de um projeto junto a Funasa para a construção de uma adutora de água bruta desde a prainha até a sede do município – tendo já liberação de execução pela Agência Nacional de Águas (ANA).

Por fim, o secretário lem­bra que o atual governo aprovou junto à Câmara de Vereadores, a colocação de hidrômetros e que este será o próximo passo, quando as ETAs estiveram em pleno fun­cionamento.

O prefeito Adriano dos Santos disse mais uma vez ao TP que tem ciência dos problemas do abastecimento da cidade, mas que não falta por parte do seu governo, investimentos e planejamento, entretanto as mudanças, conforme ele, elas não acontecem de um dia para outro. “Ainda mais numa questão tão complexa como é o sistema de água e esgoto de uma cidade”, enfatiza.

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