Um dos temas em evidência no noticiário é a questão da anistia aos envolvidos na baderna de 8 de janeiro de 2023, quando uns quantos ‘inocentes’ úteis se envolveram em invasões e quebra-quebras no Palácio do Planalto, no Congresso Nacional e no prédio do Supremo Tribunal Federal (STF). Acreditando que tinham retaguarda, e que estavam iniciando o movimento que levaria a um golpe de estado, a tropa achando que tudo podia, viu depois que tinham líderes covardes, que tiraram a escada e deixaram todos segurando pinceis.
Muitos foram presos, muitos continuam presos, menos os líderes.
“Condenações pesadas a jovens com muito pouco poder,
que se envolveram naqueles atos, contribuem para o país?”
Nos últimos dias, a jovem cheia de graça que em 8 de janeiro de 2023 pichou a Estátua da Justiça, defronte ao Supremo, com a expressão ‘Perdeu mané’ foi condenada a 14 anos de prisão inicialmente em regime fechado. No momento está em prisão domiciliar após passar dois anos presa em Rio Claro, no interior de São Paulo. Acusações: golpe de estado, tentativa de abolição violenta do estado democrático de direito, associação criminosa armada, dano qualificado e deterioração de patrimônio tombado. Crimes associados aos atos de vandalismo e depredação na Praça dos Três Poderes.
Débora Rodrigues dos Santos diz que se arrependeu e pediu desculpas. Depois de dois anos no xilindró e com a expectativa de mais alguns, deve estar arrependida mesmo. Principalmente quando lembra em nome de quem realizou os atos que realizou.
Como todos os líderes principais do 8 de janeiro estão livres, leves e soltos até hoje, a juventude, idiotizada naquele momento, que marchou no rumo de utopias desconectadas da realidade, paga o pato por terem sido ‘massa de manobra’ na frente dos quarteis, nas ruas e no quebra-quebra.
Todos sabem que deram tiros nos pés.
Escrevi que não sou a favor de inocentar os que participaram daqueles atos, continuo a pensar da mesma maneira e não sou a favor de exageros.
Jovens são jovens. Condenar impiedosamente os jovens por fazerem coisas que não são tão anormais para jovens, não me parece correto.
Quando Milei, presidente da Argentina, pediu ao Papa Francisco perdão por algumas asneiras que andou dizendo a respeito do pontífice, o Papa respondeu: coisas da juventude. Condenações pesadas a jovens com muito pouco poder, que se envolveram naqueles atos, contribuem para o país?
Dois anos para jovens que não eram líderes no movimento, três anos para alguns com alguma liderança, quatro para líderes com alguma projeção na mídia e penas maiores para uns três a cinco dos principais líderes já estariam de bom tamanho. Escrevo sobre penas em regime fechado.
Acredito que há margem para um debate produtivo, sem ser permissivo.
JÁ FOI CONTEÚDO NO IMPRESSO