INFORMÁTICA

Ataque cibernético prejudica serviços em Candiota

Técnicos avaliam que ação aconteceu no último domingo (4). Durante a semana pouca coisa funcionou, porém dados foram quase todos recuperados

Em julho deste ano, a PF fez uma operação, quando 90 instituições gaúchas, entre elas prefeituras e câmaras, tiveram seus sistemas invadidos Foto: Polícia Federal/Divulgação TP

São cada vez mais comuns os ataques a sistemas de infor­mática. Os chamados hackers não perdoam nem sistemas sofisti­cados como do Pentágono (o com­plexo militar americano), quanto mais aqueles mais vulneráveis.

No último domingo (4), como relata o gerente de Tecno­logia da Informação da Prefeitura de Candiota, Everaldo Lima Gonçalves, o sistema do órgão foi atacado e violado. “Apesar de estarmos em constante evolução e termos protocolos de segurança, os ataques são inevitáveis. Todos os dias recebemos vários deles, mas conseguimos bloquear, po­rém desta vez não”, explicou.

Everaldo acredita que ação tenha acontecido no domin­go, porque no sábado o sistema foi utilizado normalmente e na segunda já havia sido atacado. O gerente tranquilizou dizendo que nenhum dado anterior a 1º de outubro foi perdido, porque há backups (cópias). Os dados das últimas semanas estão sendo relançados. Contudo, assinala Everaldo, o sistema está fora do ar, para que se possa restabelecer tudo que foi atingido. “Hoje dia acontece uma nova modalidade de sequestro, o de dados. Os hackers entram no teu sistema, criptogra­fam as informações e depois te pedem um resgate para devolvê­-las, com pagamento em bitcoins (moedas virtuais). Não tiveram êxito porque temos backups”, disse.

Durante toda a semana, os serviços da Prefeitura foram comprometidos devido ao ataque. Até mesmo durante a terça-feira (13), as notas fiscais eletrônicas não puderam ser emitidas pelas empresas – o serviço se restabe­leceu na quarta. Também, paga­mentos, empenhos, lançamento de receitas e despesas, marcação de consultas, cirurgias e exames, entre outras atividades, precisa­ram ser suspensas. O gerente de TI da Prefeitura acredita que até esta segunda-feira (19), tudo voltará ao normal.

O secretário de Admi­nistração e Finanças, Alexandre Vedooto, afirmou que a Prefeitura já está realizando mais investi­mentos em segurança cibernética, inclusive com a aquisição de dois novos servidores.

A empresa Delta Gestão Pública, que fornece os softwares (sistemas) para a Prefeitura de Candiota, também ficou de fazer um pronunciamento sobre o ata­que, porém até o fechamento desta edição ainda não havia feito.

A Prefeitura efetuou um boletim de ocorrência na Dele­gacia de Polícia local, porém a investigação deste tipo de crime é feita pela Polícia Federal.

 

OPERAÇÃO DA PF – No mês de junho deste ano, a Polícia Federal gaúcha, segundo o jor­nal Correio do Povo, deflagrou a operação “Capture the flag”. A ação foi realizada nas residências de um adolescente de 17 anos em Porto Alegre e de um jovem de 19 anos em Nova Bassano, além da casa de um menor de 17 anos em Fortaleza, no Ceará. Houve o recolhimento de computadores, mídias e documentos que serão agora periciados. “As buscas fo­ram um sucesso e acessamos os dados nos computadores”, adian­tou o superintendente regional da Polícia Federal no Rio Grande do Sul, delegado José Antônio Dornelles de Oliveira. “Vamos analisar o material apreendido e ver o que tem de mais concreto”, resumiu.

A investigação começou um mês antes da operação ser deflagrada com as informações recebidas sobre os ataques ciber­néticos. A Polícia Federal apurou que os criminosos obtiveram e expuseram de forma ilícita da­dos pessoais de mais de 200 mil servidores e autoridades públicas, com o objetivo de intimidar e constranger tanto as instituições quanto as vítimas que tiveram seus dados e intimidade expos­tos. Os policiais federais verifi­caram ainda que a organização criminosa invadiu sistemas de universidades federais, prefei­turas e câmaras de vereadores municipais no Rio de Janeiro, Paraná, Goiás e Rio Grande do Sul, além de um governo estadual e diversos outros órgãos públi­cos. Somente no RS foram mais de 90 instituições invadidas.

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