São cada vez mais comuns os ataques a sistemas de informática. Os chamados hackers não perdoam nem sistemas sofisticados como do Pentágono (o complexo militar americano), quanto mais aqueles mais vulneráveis.
No último domingo (4), como relata o gerente de Tecnologia da Informação da Prefeitura de Candiota, Everaldo Lima Gonçalves, o sistema do órgão foi atacado e violado. “Apesar de estarmos em constante evolução e termos protocolos de segurança, os ataques são inevitáveis. Todos os dias recebemos vários deles, mas conseguimos bloquear, porém desta vez não”, explicou.
Everaldo acredita que ação tenha acontecido no domingo, porque no sábado o sistema foi utilizado normalmente e na segunda já havia sido atacado. O gerente tranquilizou dizendo que nenhum dado anterior a 1º de outubro foi perdido, porque há backups (cópias). Os dados das últimas semanas estão sendo relançados. Contudo, assinala Everaldo, o sistema está fora do ar, para que se possa restabelecer tudo que foi atingido. “Hoje dia acontece uma nova modalidade de sequestro, o de dados. Os hackers entram no teu sistema, criptografam as informações e depois te pedem um resgate para devolvê-las, com pagamento em bitcoins (moedas virtuais). Não tiveram êxito porque temos backups”, disse.
Durante toda a semana, os serviços da Prefeitura foram comprometidos devido ao ataque. Até mesmo durante a terça-feira (13), as notas fiscais eletrônicas não puderam ser emitidas pelas empresas – o serviço se restabeleceu na quarta. Também, pagamentos, empenhos, lançamento de receitas e despesas, marcação de consultas, cirurgias e exames, entre outras atividades, precisaram ser suspensas. O gerente de TI da Prefeitura acredita que até esta segunda-feira (19), tudo voltará ao normal.
O secretário de Administração e Finanças, Alexandre Vedooto, afirmou que a Prefeitura já está realizando mais investimentos em segurança cibernética, inclusive com a aquisição de dois novos servidores.
A empresa Delta Gestão Pública, que fornece os softwares (sistemas) para a Prefeitura de Candiota, também ficou de fazer um pronunciamento sobre o ataque, porém até o fechamento desta edição ainda não havia feito.
A Prefeitura efetuou um boletim de ocorrência na Delegacia de Polícia local, porém a investigação deste tipo de crime é feita pela Polícia Federal.
OPERAÇÃO DA PF – No mês de junho deste ano, a Polícia Federal gaúcha, segundo o jornal Correio do Povo, deflagrou a operação “Capture the flag”. A ação foi realizada nas residências de um adolescente de 17 anos em Porto Alegre e de um jovem de 19 anos em Nova Bassano, além da casa de um menor de 17 anos em Fortaleza, no Ceará. Houve o recolhimento de computadores, mídias e documentos que serão agora periciados. “As buscas foram um sucesso e acessamos os dados nos computadores”, adiantou o superintendente regional da Polícia Federal no Rio Grande do Sul, delegado José Antônio Dornelles de Oliveira. “Vamos analisar o material apreendido e ver o que tem de mais concreto”, resumiu.
A investigação começou um mês antes da operação ser deflagrada com as informações recebidas sobre os ataques cibernéticos. A Polícia Federal apurou que os criminosos obtiveram e expuseram de forma ilícita dados pessoais de mais de 200 mil servidores e autoridades públicas, com o objetivo de intimidar e constranger tanto as instituições quanto as vítimas que tiveram seus dados e intimidade expostos. Os policiais federais verificaram ainda que a organização criminosa invadiu sistemas de universidades federais, prefeituras e câmaras de vereadores municipais no Rio de Janeiro, Paraná, Goiás e Rio Grande do Sul, além de um governo estadual e diversos outros órgãos públicos. Somente no RS foram mais de 90 instituições invadidas.