MEIO AMBIENTE

Biogás produzido pelo lixo gera energia renovável em Candiota

Usina instalada na área do Aterro Sanitário da Metade Sul produz quase 2 MW/h de eletricidade

As cerca de 800 toneladas diárias de lixo que aportam em Candiota vindas de 30 municípios da Metade do Sul do RS, produzem quase 1 mil m³ de biogás por hora, abastecendo uma usina que gera 1,8 mil quilowatts de energia elétrica a cada hora Foto: Bezier Filmes/Especial TP

As 800 toneladas de lixo que diariamente aportam no Aterro Sanitário da Metade Sul vindos de cerca de 30 cidades da região, além de encontrarem no local um destino ambientalmente correto de manejo operado pela empresa Meioeste Ambiental, agora são responsáveis pelo combustível de uma Usina de Biogás instalada na área, que está produzindo em média 1,8 mil quilowatts por hora de energia elétrica. O volume tem capacidade de abastecer aproxidamente de 5 mil residências.

A Usina, instalada recentemente, é operada pela empresa candiotense Figueira Energia, que possui capital formado por investidores externos. A reportagem do TP esteve visitando o empreendimento na última quarta-feira (9), quando pode entender um pouco mais o funcionamento da estrutura, que é fiscalizada e licenciada pela Fundação Estadual de Meio Ambiente (Fepam).

Usina é alimentada por cerca de 1 mil m³/hora de biogás Foto: Silvana Antunes TP

FUNCIONAMENTO – Numa espécie de visita guiada, o supervisor de Operações da Meioeste, Gesiel Silveira, e o gestor de Geração da Figueira Energia, Sérgio Cardoso, explicaram à equipe do jornal, de forma didática, o funcionamento da estrutura.
Com 11km de tubulações distribuídos em 52 poços instalados no aterro, todo o gás produzido pela decomposição dos materiais ali depositados, é canalizado até à usina. Por reações químicas, o aterro produz majoritariamente gás metano (50%) e uma série de outros gases, que formam o biogás.

Neste momento, conforme explica o gestor da Figueira, a produção é de 1 mil m³ de biogás por hora. Com duas máquinas (motores) de fabricação alemã movidos a biogás e acoplados a dois geradores, a usina está produzindo uma média de 1,8 mil quilowatts por hora ou 1,8 MW/h, com funcionamento 24h por dia, sete dias da semana. “Praticamente todo o gás gerado pelo aterro, antes solto na atmosfera, agora abastece a usina. Estamos na fase final de canalização de uma última frente e neste sentido chegaremos a produção de biogás para gerar 2 MW/h em 30 dias”, destaca o supervisor da Meioeste, lembrando que essa situação reduz ainda mais a produção de odores no entorno do aterro localizado a cerca de 3km lineares da sede de Candiota numa antiga área minerada de carvão pela Companhia Riograndense de Mineração (CRM).

Conforme explica Sérgio, a produção é de uma energia renovável e ambientalmente sustentável. “É energia limpa e algo novo no Brasil. Aqui no RS apenas em Minas do Leão há uma usina em funcionamento há cerca de cinco anos e que possui uma produção maior que a candiotense”, aponta.

Flare (queimador) garante a segurança do sistema Foto: Silvana Antunes TP

Reforçando o que Sérgio sustentou, o sistema possui um flare (queimador) que fica sempre aceso com queima mínima de gás. Ele acaba entrando em ação caso a usina pare de funcionar por algum motivo, sendo que neste momento todo biogás é queimado pelo dispositivo. “A liberação para o meio ambiente corresponde a menos que o funcionamento de uma caminhonete à diesel”, compara o técnico.

Outra situação destacada é o recolhimento periódico e ecológico do óleo usado nos dois motores, que possui consumo de 5 mil m³ a cada quatro meses e troca a cada 700 horas de funcionamento.

ENERGIA – Com geração em 480 volts e elevação para 23 mil volts, a energia produzida é conectada à rede da CEEE num ponto de conexão na localidade do assentamento Nossa Senhora Aparecida, próximo à cidade. Sérgio assinala que pelo acordo com a CEEE, houve uma série de melhorias feitas pela Figueira e que isso resultou inclusive em mais qualidade de energia para a região dos assentamentos. A instalação de três religadoras e o constante corte de vegetação junto as redes de alta tensão da região, possibilitaram menos queda de energia – o que era muito comum.

Na foto, Sérgio Cardoso da Figueira Energia e Gesiel Silveira, da Meioeste Foto: Silvana Antunes TP

FUTURO – O projeto de expansão da Usina de Biogás já está no horizonte, com o aumento da produção em mais 1 MW/h, chegando a 3 MW/h.

De acordo com Gesiel, a área do Aterro Sanitário de Candiota, que já projeta uma segunda célula, vai se tornar um local de referência na produção de energias renováveis. “A energia que usamos na operação do aterro já vem de placas solares e pretendemos em breve termos uma usina fotovoltaica, além de ao menos um aerogerador para produção de energia eólica”, projeta.

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