CULTURA

Candiotense é o patrono da 23ª Feira do Livro de Bagé

Ligado a cultura gaúcha, ele diz que será o primeiro patrono pilchado da história das feiras

Severino Rudes Moreira, 67 anos, é ligado as tradições gaúchas e bastante reconhecido pelas atuações em CTGs e festivais gaúchos Foto: Silvana Antunes/Especial TP

Um histórico ligado a cultura e festivais gaúchos, assim como a sensibilidade da escrita, levaram o candiotense Severino Rudes Moreira, 67 anos, a ser homenageado na Feira do Livro de Bagé. Ele será o patrono da 23ª edição do evento, que acontece de forma simultânea ao 12º Canto sem Fronteira e 19º Shams-Mai, compondo o 1º Festival Literário Cultural (Flic). O evento acontece de 8 a 12 de dezembro, no Largo do Centro Administrativo e ainda contará com feira de artesanato e turismo.

Em visita a sede do Tribuna do Pampa, Severino Rudes, que é natural de Santana da Boa Vista, registrado como caçapavano, mas que reside há muitos anos em Candiota e atualmente divide a rotina diária com compromissos e cuidados com uma filha estudante da Rainha da Fronteira, disse ter aceito ser patrono por acreditar ser um bom momento. “Já havia sido cogitado em duas ocasiões para patrono da Feira e pedi para não ser escolhido por residir em Candiota e acreditava que na época não seria possível fazer um bom trabalho, a altura do que o evento merecia. Neste ano, a situação foi diferente, a comissão se reunião, meu nome foi sugerido e meu nome teve aceitação unânime. Atualmente minha filha reside em Bagé e posso ficar mais tempo na cidade para esse trabalho. Acabei concordando porque vamos protelando as coisas e daqui a pouco não temos mais condições de fazer, não sabemos o dia de amanhã”, relatou.

TRADIÇÕES GAÚCHAS – Poeta, escritor, compositor e radialista, Severino – esposo da Alice, pai da Daniela, do Leonardo e da Analice, avô de coração do Ruan, da Luisa e do Felipe -, tem quatro discos gravados e mais de 100 músicas de sua autoria, além de possuir um acervo com mais de 50 prêmios entre festivais, concursos de poesia, causos, entre outros. Em 2019, recebeu o título de Cidadão Bageense pelos serviços prestados à cultura gaúcha. Seu histórico ainda é marcado por ter sido o primeiro a trazer um prêmio da Califórnia de Uruguaiana, na 31ª edição.

Ao TP ele contou que pretende marcar o período ao primeiro a participar com pilchas gaúchas. Ele explica que possui um histórico de cerca de 40 anos voltado às tradições gaúchas, com ações voluntárias e atividades por diversos municípios do estado. “O que me levou até esta indicação foi meu trabalho nos Centros de Tradições Gaúchas (CTGs), festivais, a literatura regional, a vida no campo com o uso de bombacha. Desde1989 participo de festivais de música, desde 1992 na literatura e sempre no regionalismo”, relatou Severino, lembrando que em seu histórico também integra a 1ª coluna regionalista no saudoso jornal A 1ª Folha, que antecedeu o Tribuna do Pampa, intitulada “Reculutando”, com foco em festivais e CTGs.

Quanto ao uso da pilcha, ele complementa. “Se eu não estiver pilchado, não há como mostrar minha essência, minha raiz ligada a cultura gaúcha, aos festivais, aos CTGs”, frisou o patrono lembrando ainda sempre ter participado, como jurado ou concorrente, do Canto sem Fronteira, o que torna tudo ainda mais especial.

OBRAS – Nove livros publicados integram a lista do escritor Rudes. Entre as obras estão poesias, contos gauchescos, chás, medicina caseira, benzeduras, crenças e outro com ditados gaúchos. São eles: Caminhos do sentimento; À beira do fogo; Como diz o gaúcho; Sob a luz do lampião; Assado com pimenta; Os chás e a fé; Compondo por imagens; Um causo puxa outro.

Primeiro livro foi em 1992, caseiro, feito pela Prefeitura de Candiota, intitulado “Caminhos do Sentimento”; o segundo pela LEB, de Bagé e o terceiro pela De Marka Jornal e Editora, o “Prosa de Galpão”. A partir do quarto livro, publicações pela editora regionalista Martins Livreiro.

O patrono adiantou a reportagem do TP que seu objetivo é lançar a 10ª obra, que recebe o título “De outro mundo”, primeiro livro com causos de assombração, durante a 23ª Feira do Livro de Bagé. “A maioria dos causos e contos me foram contados como histórias reais, e diversos locais, apenas alguns são fictícios. Um que marca bastante é o de uma moça que estava doente na década de 70 e que acabou sendo curada por uma velha que somente ela enxergava. São histórias contadas por pessoas próximas, por quem ouviu alguma história”, adiantou.
Também estão em andamento obras de romance e frases de efeito para conclusão e lançamento futuros.

SER PATRONO – Questionado pelo jornal a falar sobre o sentimento de ser patrono da 23ª Feira do Livro de Bagé, Severino Rudes diz ver como homenagem. Ele também fala sobre a expectativa com a Feira. “São vários eventos, em uma feira curta e acredito que haverá uma boa concentração de pessoas. Acredito que por integrar o Flic será um grande evento. Meu sentimento é de alegria pelo reconhecimento, assim como já ocorreram em outras oportunidades e eventos. Nunca cobrei nada para ser jurado, é um trabalho voluntário, desinteressado, acredito que esta homenagem é um retorno pela dedicação e trabalho feito ao longo destes anos, apesar de ser um momento de bastante responsabilidade”, finalizou.

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