MINA DE CANDIOTA

CRM realiza sua primeira exportação de carvão mineral na história

O negócio abre novas possibilidades para a estatal gaúcha

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Nesta semana, foram carregadas as primeiras 100 toneladas de carvão mineral Foto: J. André TP

A Companhia Riogranden­se de Mineração (CRM) carregou nesta terça-feira (21), na Mina de Candiota, de forma histórica, as primeiras duas carretas (cerca de 100 toneladas) de uma remessa de 10 mil toneladas (10 milhões de quilos) de carvão mineral que serão exportados. O TP acompanhou o celebrado car­regamento.

O produto foi vendido para uma empresa estrangeira e será utilizado para queima no continente europeu – praticamente o mesmo processo que a Companhia de Geração e Transmissão de Energia Elétrica do Sul do Brasil (CGT Eletrosul) utiliza na Usina de Can­diota. Essa é a primeira exportação realizada na história da empresa, iniciada em 1947.

A Companhia vai minerar, britar e entregar o carvão no silo da moega – local de despacho do pro­duto na Mina de Candiota. A ope­ração de carregamento e transporte das 10 mil toneladas neste primeiro momento será gradual, sendo que a projeção é que no mês de setembro a carga se complete e seja carregada num navio no Super Porto de Rio Grande. Até lá, o carvão é levado aos poucos e depositado num arma­zém junto ao porto.

Murilo Silva é o superintendente Administrativo da Mina de Candiota Foto: J. André TP

NOVOS NEGÓCIOS – O superin­tendente Administrativo da Mina de Candiota, Murilo Silva, que acompanhou todo o processo de venda, falou ao TP sobre a nego­ciação que já vinha sendo feita há algum tempo e que só foi possível graças à colaboração de diversos profissionais e setores da Compa­nhia, responsáveis pelo negócio e pela viabilização técnica e opera­cional da exportação. “Quando o ex-superintendente Administrativo, Gildo Feijó, ainda estava na função e eu o assessorava, apresentei a ele uma ideia de buscarmos novos parceiros. Ele topou na hora e me deu todo o respaldo necessário para essa nova empreitada. Algum tem­po depois, assumiu a presidência da CRM o engenheiro Melvis Barrios Junior, que acrescentou muito nessa visão de ampliarmos negócios”, destaca, lembrando também do nome do superintendente-geral da Mina de Candiota, Edegar Moura.

Murilo conta que nos últimos meses, Gildo se afastou do cargo e ele assumiu, mas o tra­balho de encontrar novos clientes, segundo ele, não parou e um desses prospectos o procurou para fazer uma cotação. “Enviamos a especi­ficação do nosso produto, realiza­mos diversas reuniões, recebemos os representantes do cliente aqui na Mina de Candiota e na última terça-feira (15), concretizamos o negócio”, disse.

Embarque das duas primeiras carretas é considerado um marco histórico Foto: J. André TP

VIABILIDADE – Segundo contou, o interesse da empresa europeia se deu em razão do custo benefício. Não se trata de um carvão tão rico em poder calorífico se comparado a outros que existem no mercado, mas para o que eles precisavam era o produto ideal quando comparados preço e qualidade. “Mas eles não se interessaram somente pelo nosso carvão e sim também pela empresa, pois a CRM tem uma linda e sólida história no mercado brasileiro. É uma empresa que honra os seus compromissos e possui alto índice de confiabilidade e isso importa muito para o mercado internacio­nal”, analisou Murilo.

Questionado sobre essa ideia de que o carvão de Candiota é de baixa qualidade, o superinten­dente disse ser algo muito relativo e depende muito do que o cliente espera do produto. “Se o nosso carvão atende às especificações exigidas pelo comprador e possui um preço justo, então podes dizer que esse é um ótimo negócio para ambos. A CRM por muito tempo se fechou para o mercado. Agora, tenho total apoio dessa diretoria e do governo para abrir as portas da nossa mina e oferecer carvão a quem queira comprar. Não fecha­remos todos os negócios, mas com certeza, fecharemos negócios. Es­tamos comemorando e trabalhando ao mesmo tempo, pois os dias são difíceis e não podemos vacilar. Temos outros negócios no balcão que em breve frutificarão”.

Conforme contou, a CRM está empenhada em manter clientes, melhorar as relações e acompanha­mento pós-venda, e expandir mer­cado, buscando parceiros dentro e fora do Brasil.

 

FUTURO – Para o presidente da Companhia, Melvis Barrios Junior, do ponto de vista econômico essa é uma operação pontual e que não causa impacto significativo nas finanças da empresa. “Ela repre­senta em média 5% da produção da CRM, mas sempre auxilia no fluxo de caixa”, disse

Conforme o executivo, a operação é viável e representa expectativas futuras de novos ne­gócios, principalmente inserindo as reservas de Candiota num contexto mundial da mineração de carvão.

Em relação a contratos fu­turos ou até mesmo novas expor­tações, ele afirmou existir diver­sas sondagens e expectativa de que essas conversas tenham uma evolução favorável, mas não deu detalhes por questões comerciais e estratégicas.

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