Debate

Dei uma olhada no debate entre os candidatos à presidência na Band. Não esperava ouvir grandes coisas e não ouvi. Nem vi. Não dá para falar sobre um país em segundos ou poucos minutos. Se fosse um debate para prefeito de Hulha Negra, o tempo que debateram seria pouco, principalmente se considerarmos que eram seis os candidatos presentes.
No princípio chamou atenção que Bolsonaro atacou Lula na questão da corrupção. Lula se posicionou na defensiva. Acho que estrategicamente. Melhor sair como alguém que foi injustamente atacado uma vez que não há condenação contra ele. Durante a semana, porém, contra-atacou com a corrupção dentro da casa de Bolsonaro que, como seus filhos, esposas, parentes, amigos próximos, não foi condenado. Ainda. É por estas que eu acho que deixar o primeiro ataque ao adversário foi estratégico.
A seguir o que chamou a atenção foi os ataques do presidente às mulheres. Eu já debati com mulher em eleições municipais. Certa vez, em Hulha Negra, tive de apanhar quase todo debate para reagir no final, até porque “com mulher não se bate nem com uma flor” diriam os mais antigos. Quando dei uma cutucada na adversária o povo até achou que foi justo. Bolsonaro foi direto ao ponto e, a princípio, fez gol contra.
Ciro Gomes deu uma cutucadinha na falta de apreço de Bolsonaro pelas mulheres. Este respondeu com a fala de Ciro, de vinte anos atrás, dizendo que “a esposa serviria para dormir com ele”, quando fosse presidente. Ciro, que vinha tentando se controlar, perdeu a elegância, lascando que o presidente corrompe suas mulheres e todos a sua volta.
A candidata Simone Tebet ouviu do presidente que “a senhora é uma vergonha para o senado federal”. As mulheres não gostaram pois o presidente já havia dito paraVera Magalhães “você é uma vergonha para o jornalismo brasileiro”. A candidata Soraya Thronickelascou que o presidente se comporta “tchutchuca com outros homensmas vem para cima da gente como um tigrão”.
Lula não gostou de ser chamado de ex-presidiário e ressaltou que não foi condenado e que suas condenações anuladas posteriormente foram armadas para impedir que concorresse à presidência em 2018.
O candidato do Partido Novo nada de novo falou e eu tive de pesquisar no google para achar o nome dele, Felipe D’avila.
Como podem ver, o que falaram sobre o Brasil que pretendem governar? Muito pouco. Quase nada. Aliás, debates não servem para explicar coisa alguma que seja importante. O que sobra dos debates sempre é a parte da bandalheira.

* Originalmente este conteúdo foi publicado no jornal impresso

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