Na sessão desta semana, o assunto foi praticamente a principal pauta Foto: Reprodução TP
A pós a denúncia da vereadora Samanta Rochel (MDB), que foi procurada por pessoas da comunidade que lhe relataram que não recebiam visitas dos agentes comunitários de saúde – inclusive ela mesma depôs, que na sua casa, na zona leste da cidade, jamais teve a visita de um profissional dessa área -, o fato ganhou uma grande repercussão.
A escalada da reverberação do assunto foi ainda maior depois que o prefeito Ronaldo Madruga (PP) e a vice Laura Ratto (MDB) fizeram uma transmissão ao vivo pelas redes sociais na última sexta-feira (11). No vídeo, Ronaldo e Laura saíram em defesa dos agentes de saúde, afirmando que a fala da vereadora fez uma generalização da categoria, que atualmente é composta por 30 profissionais. Samanta rebateu, negando que tenha generalizado e dizendo que trouxe para a tribuna uma demanda da comunidade. Antes da gravação do ao vivo, o prefeito Ronaldo já havia dito ao jornal que seria aberto um processo administrativo para apurar as denúncias da vereadora, além da contratação de uma empresa para uma auditoria no trabalho dos agentes.
PAUTA NA CÂMARA
Como não poderia ser diferente, o assunto foi pauta quase que principal na sessão do Legislativo esta semana. Um grupo de agentes compareceu para assistir a reunião e promete pedir o uso no fim do mês, da tribuna livre da Câmara para se manifestar sobre a questão.
A vice-prefeita Laura, que usou a palavra na sessão para falar de vários assuntos relativos ao governo, também comentou sobre a situação, dizendo que esta semana foi realizada uma reunião com cerca de 20 agentes de saúde e o Executivo, quando, segundo ela, também de soube mais do trabalho importante desses profissionais. “Trazemos aqui a nossa singela homenagem ao trabalho de vocês. As vezes a gente fala coisas aqui e não se dá conta, mas também temos o direito de nos retratar”, assinalou, se dirigindo à vereadora Samanta.
O vereador Renato Rodrigues (PSDB) disse que os agentes estavam ansiosos pelos pronunciamentos, especialmente da Samanta. “Os agentes fazem um belo trabalho no município”, dizendo que tem certeza que a vereadora não arranhou a imagem dos profissionais e que ela somente recebeu demandas e cobranças da comunidade.
Por sua vez, o vereador André Azambuja (PDT), ponderou que a Câmara é o local para se tratar de assuntos polêmicos, como é a questão dos agentes. “Já vi, durante esses quatro meses que estamos aqui, que a Samanta não precisa que ninguém a defenda. Não precisa que eu te coloque holofotes, porque tem luz própria. Mas me solidarizo contigo. Estamos aqui para dar voz para a comunidade e queremos o bem dela, tanto nós como o Executivo, mas por horas haverá divergências, discordância de ideias. Nós somos cobrados por isso. Temos imunidade parlamentar e cabe ao vereador fazer os questionamentos. Não podemos ficar a mercê do governo municipal de nos jogar contra a comunidade e de chegar ao ponto de nos melindrarmos e não podermos fazer o exercício parlamentar”, disse.
Para o vereador Mateus Garcia (PDT), o governo está batendo cabeça, pois segundo ele, a vereadora Samanta apenas levantou uma situação a ser averiguada. Ele disse que se os agentes sabem que estão fazendo um trabalho correto, está tudo bem. Mateus disse que os profissionais estão sendo usados pelo governo, depois da repercussão nas redes sociais. “Tem muita gente elogiando o trabalho dos agentes. Eu mesmo fiquei 10 anos sem receber visitar, mas agora ele vai regularmente na minha casa. Isso tudo aqui é desnecessário. Vocês estão sendo expostos e usados para tentar justificar um problema do governo, que precisa ser resolvido. A questão é ver o que está acontecendo, quem não está sendo atendido e resolver”, apontou.
O vereador Cássio Câmara (PP) disse que a vereadora Samanta foi mal interpretada, pois, segundo ele, ela recebeu uma demanda da comunidade, citando um exemplo seu, quando foi chamado esta semana para ver a situação de uma rua.
O vereador Vilsinho Jorge (PP) lembrou que foi dele o pedido há cerca de dois anos para que se fizesse um processo seletivo de agentes de saúde para se atender 100% do território do município. Ele afirmou que o seu pedido foi atendido e que só tem elogios a fazer aos profissionais. “Sei que o trabalho não é fácil, tenho um sobrinho que é agente de saúde há 16 anos. Já fiz pedido para ajuda de custo aos que trabalham no interior, onde tudo é longe”, destacou.
A vereadora Vivi Alves (PP) afirmou que os agentes de saúde, enquanto ela foi secretária de Assistência Social do município, foram seus grandes parceiros em vários projetos construídos, pois eles, segundo a vereadora, conhecem a comunidade. “Eu só tenho elogios ao trabalho de vocês”, reportou.
Já o vereador Jaime Lucas (MDB) disse que ninguém discutiu na Câmara, a competência dos agentes de saúde. “Eu conheço o trabalho de todos, que é difícil, é árduo e que são cobrados dia e noite. Mas também conheço o trabalho dessa menina (Samanta) e digo menina, porque é uma jovem emergente de uma sociedade sofrida e que a comunidade assim quis e a colocou aqui. Poderes são independentes (Executivo, Legislativo e Judiciário) e quem cometer algo errado, pague. Essa pequena turbulência não vai mudar o destino desse aeroplano, que vai pousar em segurança”, comparou.
PERSEGUIÇÃO POLÍTICA
Por coincidência, Samanta foi a última a falar na sessão. Ela agradeceu a presença dos agentes, reforçando que em nenhum momento fez qualquer tipo de generalização do trabalho deles, dizendo que é só olhar o vídeo e a ata da sessão. “Apenas disse que iria buscar informações para entender porque várias pessoas não tinham recebido visitas. Eu tenho a relação e não trago nada ao vento como foi dito na live do Executivo. Sei que alguns estão descontentes com a minha fiscalização, mas não posso fugir da minha responsabilidade. Estou fazendo o meu trabalho e tenho a minha consciência tranquila. E todos que estão fazendo pelo certo também deveriam estar. Se alguém colocou vocês no mesmo balaio, esse alguém não fui eu. Não podemos esquecer que o que é certo, não é errado. E se algo de errado está acontecendo vai aparecer”, disse, revelando que também foi chamada pelo promotor para falar do assunto.
Por fim, Samanta criticou a forma como o assunto foi conduzido pelo Executivo. “Por que vocês não foram chamados para serem ouvidos sobre esta questão de que não houve as visitas?”, indagou, também dizendo que está sendo perseguida politicamente. “Estão tentando jogar uma classe inteira contra mim. Mas podem me perseguir à vontade, porque as máscaras já caíram e eu não vou recuar e quem se sentiu ofendido comigo, eu peço perdão, pois estou apenas fazendo meu trabalho”, rebateu.
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