POLÍTICA

Em entrevista ao TP, Gil Deison fala de sua saída do PTB de Candiota

Como era de se esperar, após entrada do partido para o governo local, o ex-vice-prefeito pediu sua desfiliação

Gil Deison publicou junto a nota nas redes sociais, uma imagem sua durante a última campanha eleitoral Foto: Divulgação TP

Para quem acompanha a política candiotense e seu bastidores, o pedido de desfiliação do ex­-vice-prefeito Gil Deison Pereira do PTB era só uma questão de tempo, desde que o partido decidiu recente­mente integrar o governo do prefeito Luiz Carlos Folador (MDB), quando o vereador Léo Lopes assumiu a Secretaria de Cultura do município.

E ele oficializou o pedido na última quinta-feira (23), comuni­cando primeiro o diretório municipal e depois postando uma pequena nota em suas redes sociais.

Na nota, Deison assinala que ingressou no PTB antes das elei­ções municipais de 2016, sendo que foi ele quem realizou o movimento de refundação do partido na cidade, saindo do PDT na ocasião para ser o candidato a vice do PT, com Adriano dos Santos encabeçando a chapa, que acabou vencendo as eleições. Em 2020, ele concorreu a reeleição, repetindo a chapa, mas sendo derrotado. “De lá para cá, compartilhamos uma trajetória de construções coletivas e colocamos o partido como protagonista no cenário municipal. Juntos tenho convicção que contribuímos no processo de­mocrático eleitoral municipal, que oportunizamos a formação de novas lideranças tanto à nível de executivo quanto legislativo e que desenvolve­mos importantes ações de políticas públicas em nossa cidade nas mais diversas áreas. Sempre fiz política com diálogo e respeito, e hoje, com o mesmo respeito informo que pedi desfiliação ao PTB de Candiota. Te­nho o maior apreço pelo PTB e pelos seus filiados, entendo e respeito, não julgo ritmos e processos internos em relação aos quais tenho visões dife­rentes, porém meu atual momento, pessoal, profissional e político me exige uma posição com consciência e coerência”, escreveu.

Após sua saída, o TP conversou com ele, via WhatsApp, já que está trabalhando neste momento em Santa Catarina. Confira a seguir a entrevista:

 

TP – Quais os motivos que te levam a sair do PTB?

Gil Deison – Além de motivos de readaptação de cunho pessoal e profissional, há o fator político, de posicionamento a nível federal, es­tadual e regional que recentemente tem se distanciado do que acredito defendo.

TP – A entrada do PTB no governo Folador foi decisiva?

Gil Deison – Se eu dissesse que não seria hipocrisia da minha parte. Não julgo, entendo e respeito. A política é dinâmica, basta olhar para trajetória política municipal que percebemos esse dinamismo.

 

TP – O PTB ideologicamente se afastou de você?

Gil Deison – Tenho percebido a ideologia perdendo espaço para extremismo político eu particular­mente penso que a sociedade, que possui uma democracia madura, deveria tolerar a existência de diversos grupos ideológicos, pois é essa diversidade que melhora o nível do debate público e político. As vozes discordantes não podem ser tratadas como inimigas, pois elas fazem parte do diálogo construtivo e equilibram a discussão política. Já cantava Cazuza: ‘Meu partido, é um coração partido. Ideologia, eu quero uma pra viver’.

 

TP –Você é muito jovem ainda. Deve estar pensando em seguir fazendo política. Que esperar do Gil Deison daqui para frente?

Gil Deison – Faz alguns anos que me envolvo na política exercendo cargos e mais recentemente com mandato eletivo, penso estar na hora de fazer a tal “política sem mandato”. Creio essa ser a grande diferença entre político com manda­to e político com liderança.

 

TP – Já se fala de você ser candi­dato a prefeito em 2024. Isso tem fundamento?

Gil Deison – Não sou muito a favor desse processo de antecipação de cenário eleitoral, até porque é co­mum aqueles que tentam antecipa­damente se potencializar acabarem nem participando, assim como já vimos aqueles que dizem que não concorreriam mais repensarem e legitimamente serem candidatos.Para ser candidato a prefeito ou vice-prefeito de uma cidade é preci­so muita coragem. Não sei se tenho toda essa coragem agora. Estou no momento fazendo uma autocritica, preciso evoluir em várias questões para pensar em uma futura candi­datura, entre essas, está a coragem.

 

TP – Pretende se filiar a algum partido em breve?

Gil Deison – Repito Cazuza, meu partido, é um coração partido. Ide­ologia, eu quero uma pra viver.Não quero ser precipitado. Tenho con­vicção de que estar em um partido discutindo política sem fanatismo radicalismo, agrega a qualquer cidadão. Dessa forma penso sim participar.Tenho perfil de centro­-esquerda, mas isso não me impede de ver pontos positivos e negativos de ambos os lados. Todos partidos tem coisas boas e ruins e há de se por isso tudo na balança.

 

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