Inelegível

Quando estou escrevendo esta coluna o Tribunal Superior Eleitoral analisa um processo que pode tornar o ex-presidente Bolsonaro inelegível até 2030.Ao que tudo indica será condenado. Bolsonaro é julgado pela reunião com embaixadores estrangeiros, no Palácio da Alvorada, na qual difamou sem provas o sistema eleitoral brasileiro. O encontro foi transmitido pela TV oficial do governo. Na reunião, realizada às vésperas do início do período eleitoral, o ex-presidente fez ataques às urnas e ao sistema eleitoral, repetindo alegações já desmentidas de fraudes.

Bolsonaro pode ficar inelegível por outras razões. A que mais me parece fácil de compreender pela sociedade é o fato, de conhecimento geral, de que o ex-presidente fazia motociatas antes do período eleitoral com finalidade evidentemente eleitoreira e com significativos gastos públicos. Se isto não é o suficiente para tornar alguém inelegível entendo nada dessas coisas.

Esta de que Bolsonaro mentiu em reunião com embaixadores serve para a finalidade de tornar o mesmo inelegível, mas pode trazer dúvidas e facilitar os discursos de redes sociais a favor do ex-presidente.
Muitos dizem que Bolsonaro tem medo de ser preso e não é por acaso. Pode ser condenado por improbidade administrativa desde que queiram, motivos não faltam. No caso em pauta no TSE parece que querem. No mesmo julgamento, Braga Netto, o vice na chapa de Bolsonaro, foi absolvido, do sete votos já obteve quatro. É um general que não está mais na ativa.

O judiciário tem seus motivos para querer Bolsonaro longe da política. O ex-presidente se pudesse fechava o Supremo Tribunal Federal. No meio político, todos querem Bolsonaro longe, até os que andam perto. Bolsonaro no poder deu cargos as pencas aos militares da reserva que ocuparam os cargos até então ocupados por não militares indicados politicamente. No centro do poder não há amizades, há interesses.

No linguajar do ex-presidente, anda ele pensando que uma solução é lançar Michele, atual e terceira esposa, para Presidente. Não hesitaria em transformar o Brasil numa Argentina onde grandes líderes elegeram suas esposas, Peron e Kirchner foram determinantes para que Izabelita e Cristina chegassem à presidência, embora nenhuma das duas seja mais relevante na história argentina que Evita, que foi simplesmente primeira-dama. Não me parece viável no Brasil.

ORIGINALMENTE ESTE CONTEÚDO FOI PUBLICADO NO JORNAL IMPRESSO*

 

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