EMPREGOS

Municípios da Fronteira Sul têm saldo positivo de empregos formais pelo quarto mês seguido

Aumento nas contratações com carteira assinada reduz déficit causado pela conjuntura econômica

Os 17 municípios pesquisados pelo Expresso Pampa em parceria com o jornal Tribuna do Pampa tiveram um desempenho acima da média para a geração de empregos em outubro. É o que os dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged) revelam. Os números divulgados pelo Ministério da Economia mostraram que desde julho a curva de contratações perante os desligamentos é positiva e, em outubro, os municípios da faixa de fronteira do Rio Grande do Sul com o Uruguai e próximos a Bagé tiveram saldo positivo de 486; o que torna outubro o melhor mês em termos de desempenho da região pesquisada pelo Expresso Pampa em 2020.

A região compreendida pelos municípios de Aceguá, Bagé, Barra do Quaraí, Caçapava do Sul, Candiota, Chuí, Dom Pedrito, Herval, Hulha Negra, Jaguarão, Lavras do Sul, Pedras Altas, Pinheiro Machado, Quaraí, Santana do Livramento, Santa Vitória do Palmar e Uruguaiana, que chegaram a ter mais de 2 mil vagas de trabalho com carteira assinada fechadas durante os meses da pandemia, reduziram o déficit para pouco mais de mil.

Porém, com o novo avanço do coronavírus causado pela segunda onda de infecções, os prognósticos indicam que o ritmo da melhora nos índices pode ser menor ou estagnar, ou pior, até sofrer uma inversão, caso a situação avance para um novo lockdown das atividades econômicas não-essenciais tão próximo das festas de fim de ano. Esse período era a esperança para os setores do comércio e serviços de sinalização da retomada pós-pandemia. Isso porque os setores de comércio e serviços, que englobam a maior parte do contingente empregado no Brasil, foram também os que mais sofreram durante os últimos meses. De acordo com dados do Caged, somados, comércio e serviços correspondem a 499 294 demissões ocorridas neste ano.

BOAS NOTÍCIAS A região pesquisada ultrapassou o desempenho do Estado no ano e reduziu consideravelmente o déficit de vagas observado anteriormente. Enquanto o RS acumula queda de 1,91%, os 17 municípios pesquisados reduziram essa margem para -1,5% em relação a janeiro.

Os dados indicam, pelo menos antes da chegada da segunda onda da covid-19, que a região poderia recuperar os patamares de empregabilidade obtidos antes de 17 de março.

CAUTELA Por outro lado, o RS permanece com o terceiro pior desempenho nacional emrelação aos dados de empregos com carteira assinada, com o registro de 48 092 demissões no período entre janeiro e outubro, atrás apenas de São Paulo e Rio de Janeiro. Isso indica que a conjuntura de crise da dívida, aliada à queda de arrecadação e falta de dinheiro em circulação pode atrasar ainda mais a recuperação da economia e dos investimentos em nível regional.

Em relação aos municípios da Fronteira Sul, a menos que a contaminação seja contida e medidas mais brandas de combate ao vírus SARS-CoV-2 possam ser implementadas, é possível vislumbrar um cenário mais favorável à geração de empregos no último bimestre do ano. Tudo dependerá de como será a gestão da crise, que na atual conjuntura é ainda mais séria em relação aos níveis de contaminações, internações e óbitos que em qualquer outro momento registrado na pandemia por coronavírus.

FORA DA CURVA A respeito de todas as dificuldades enfrentadas neste ano, Candiota, Herval, Hulha Negra, Pedras Altas e Santa Vitória do Palmar chegaram ao décimo mês com resultados totalmente fora do padrão, já que acumulam saldo positivo em relação a janeiro.

Pode ser considerado excepcional o caso específico de Hulha Negra, município castigado pela estiagem, racionamento e também pela pandemia, que registrou 102 admissões a mais que o total de demitidos no ano, o único caso observado entre os 17 destinos pesquisados. Porém, diferente de todos os anos anteriores, quando o Caged especificava cada setor e cargo que tinham os maiores números de contratações dentro das municipalidades, após a adoção do chamado “novo Caged”, estas informações não estão mais disponíveis.

Por outro lado, é possível inferir que, diferente de outras regiões do Estado, os frigoríficos não foram obrigados a fechar durante a pandemia. A esse fato se alia o aumento da demanda por carne dos abatedouros e, como Hulha Negra tem participação econômica relevante neste setor, a indústria de processamento de carne é provavelmente o setor que levou o município ao patamar de recordista, pelo menos até agora, no resultado da região.

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