DEIXANDO A CASA E NÃO O LAR

Odilo Dal Molin fala sobre as razões que o levaram a sair do MDB de Candiota

Ex-prefeito diz não concordar com a maioria das coisas que acontecem no atual governo, que tem a frente Luiz Carlos Folador (MDB)

Aos 76 anos e uma vida inteira dedicada ao MDB, Odilo deixou a sigla na última semana Foto: J. André TP

Nesta segunda-feira (4), de forma exclusiva, a reportagem do Tribuna do Pampa foi recebida na empresa Entel, pelo primeiro prefeito de Candiota (1993-1996), Odilo José Dal Molin, que falou sobre os motivos que o levaram à desfiliação do único partido de sua vida, o Movimento Democrático Brasileiro (MDB), no último dia 1º de dezembro. Odilo também governou a cidade entre 2001 e 2004.

De forma direta, Odilo já começou a conversa destacando que o MDB foi sua única casa, e mesmo não sendo mais filiado, continua sendo o seu lar. Logo em seguida, ele assinalou várias razões que o levaram a decisão, sendo a principal delas a sua insatisfação com os rumos do atual governo municipal que o MDB está fazendo, comandado pelo prefeito Luiz Carlos Folador – que saiu do PT após 30 anos para concorrer e vencer pelo MDB, assumindo seu terceiro mandato no município. “Eu entendo que um governo tem que ter uma lógica, e esse governo não tem lógica nenhuma. Cada um corre para o seu lado, cada um chuta a bola para o alto, para o mato, para o lado que quiser, mas não há uma linha programática”, avaliou, pontuando que cansou de tanto pedir, orientar e ajudar, e os ouvidos permanecerem tapados. “Algumas coisas são intoleráveis, ao menos ao meu juízo”.

Além disso, ele também mencionou o fato de pessoas terem saído do partido no passado, e estarem no governo atual, dizendo que é preciso perdoar os erros sim, mas que não é obrigado a engolir um elefante pensando que é um chicletes. “Um governo que se diz emedebista não pode ter uma pessoa que vendeu o partido (ele não citou nomes), e a palavra vender é literal, foi em troca de dinheiro, não na mão, mas coisas da política as quais eu não concordo”, afirmou, comparando que um partido “precisa crescer como as árvores baixas, que dão ramos e criam ambientes de sombra e prazer para os militantes”.

Ainda em sua fala, Odilo também ressaltou que um governo não pode apenas olhar para cima, e sim olhar para frente e girar a cabeça para entender que ele é para a comunidade e quem faz política precisa ter o mínimo de fidelidade, e isso acabou fazendo ele se desgostar muito. “Eu saí convicto e já vinha amadurecendo a ideia. Esse é o fim de um processo. Sempre prezei por construir diálogos, de formar pessoas e dar oportunidades”, disse, citando aquelas que ele ajudou a formar dentro do partido e que agora, de acordo com sua visão, já são políticos prontos e estão contribuindo com a sociedade. “Vou continuar emedebista de coração, só não filiado e não fazendo política”, afirmou.

 

DESENTENDIMENTOS NO PARTIDO

 

Outra coisa que Odilo afirmou ter ficado chateado foi em razão das brigas internas com a nova geração, que segundo ele, são por coisas menores como cargos passageiros e inclusive a presidência da Câmara, que atualmente estava em competição entre Gildo Feijó e Fabrício Moraes.

Sobre essa disputa, Odilo lamentou muito e afirmou que não entrou nessa briga. “Acho que isso é uma coisa gravíssima para o estilo de política que eu sempre fiz. O Gildo e o Fabrício são dois lideres, de todos esses anos são os maiores que o MDB produziu e que vão continuar na política por muito tempo, eu tenho certeza”, falou, criticando a postura do atual prefeito. “Esse era o momento dele chegar e dizer o que fazer”, destacou.

 

OUTRO PARTIDO

 

Ao ser questionado se há possibilidade de ir para outro partido, Odilo respondeu que isso jamais irá acontecer e que no momento a sua vida política acabou. Sobre o futuro, o emedebista raiz contou que deseja trabalhar com os jovens a partir de agora, principalmente com as mulheres da periferia para formar lideranças, dizendo que tem vocação para isso e que quer ver o MDB florescer e se renovar.

 

VISÕES DISTINTAS

 

Sem fazer rodeios, Odilo fez críticas diretas ao atual prefeito da cidade, Luiz Carlos Folador – agora seu ex-correligionário, afirmando que eles possuem visões completamente diferentes sobre Candiota e sobre a sociedade candiotense. Como exemplo, o primeiro prefeito da cidade diz que deseja muito que Candiota seja uma cidade bonita, mas acha que Folador não pensa a mesma coisa. “Não sou inimigo dele, nem vou ficar e nem quero ser. Eu discordo da linha programática dele. Não faria quase nada do que ele está fazendo”, afirmou, deixando claro que não quer jogar lama no trabalho de Folador.

 

ELEIÇÕES 2024

 

A respeito das eleições do ano que vem, ele garantiu que não vai ter participação e que, aos 76 anos de idade, não quer mais esse protagonismo, pois como já havia mencionado, sua carreira política se encerra neste momento.

Ao final da conversa, ele disse que não quer morrer sem ver Candiota mais bonita e mais bem cuidada, afirmando que atualmente a cidade já está no trevo e que isso é lamentável. “Acho que uma cidade tem que ser bonita, ou ao menos agradável para viver e morar. Não pode lotear até a praça”.

ORIGINALMENTE ESTE CONTEÚDO FOI PUBLICADO NO JORNAL IMPRESSO*

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