Uma marolinha

Com o Congresso Nacional parado, deputados e senadores descansam depois de meses de trabalho árduo, em Brasília.
O governo pretendeu, por algumas horas, usar os recursos do FGTS para impulsionar a economia. O empresariado da construção civil botou a boca no trombone e o governo vai liberar uns trocados. Bem poucos trocados para a ampla maioria que vai conseguir ter acesso aos citados recursos.
Conheço raras pessoas que sabem raciocinar com os números que ouvem e fazer alguma avaliação consistente.
O governo, que não faz questão nenhuma de esconder que pretende ferrar os mais pobres, pela boa causa dos mais ricos, resolveu botar recursos dos pobres para servir aos interesses dos ricos. O FGTS é uma poupança formada para que o trabalhador, demitido sem justa causa, não fique ao total desabrigo quando demitido. O legislador de outras épocas pensava que o trabalhador, com estes recursos, poderia manter-se por algum tempo até obter novo emprego. O FGTS foi criado com uma função social. No modelo liberal, em curso, o Estado parece não ter “função social”. Apenas serve ao poder econômico, ao lucro, às minorias abastadas que possuem e dominam o dinheiro no país. Assim, libera logo. Para engrossar o capital daqueles que investem no Tesouro Direto ou em Títulos do Governo. Estes locais representam a morte do dinheiro, que para de girar. Mas paga juros.
Para muitos, qualquer coisa que caia na conta vem bem. O futuro, a gente vê.
Quando Lula era presidente, o governo ofertou o crédito consignado. O servidor público poderia gastar até 30% do salário e pagar em até 96 vezes, oito anos. Além disso, o governo ofereceu linhas de crédito habitacional, onde as pessoas podiam comprar um imóvel e comprometer 30% do seu salário por até 30 anos. Servidores públicos e trabalhadores celetistas obtiveram, sem dúvida, alguns bens. Por pouco tempo, a economia decolou, mas não era um processo sustentável. Logo ali, boa parte do povo havia ficado 30% mais pobre, por muitos anos. A economia começou a ter problemas, que se intensificaram a partir da posse de Dilma Roussef, em 2011.
Os recursos do FGTS, que serão liberados, comparados aos do crédito consignado e aos do crédito habitacional citados acima, não passam de uma “marolinha”. Sem conseguir fazer aparecer uma onda, pode ser que uma “marolinha” caia bem. Mas não é provável que aconteça a tal marolinha com tão poucos recursos nas mãos de pessoas que vão pagar contas com os mesmos.

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