LEGISLATIVO

Vereadora pede vistas de projeto de incentivos a condomínio rural em Candiota

Luana Vais (PT) assinala não ser contra a proposta, mas que precisa de mais esclarecimentos, devendo fazer emendas. Prefeito Folador lamentou a atitude

Na reunião conjunta da Cobes e Cofir na quarta-feira (21), o pedido de vistas foi feito e Luana (D) tem cinco para aprofundar sua análise Foto: Reprodução TP

Durante a reunião da Co­missão de Constituição, Justiça e Bem-Estar Social (Cobes) da Câmara de Candiota nesta quarta-feira (22), a verea­dora Luana Vais (PT), usando um expediente que o regimento interno lhe concede, resolveu pedir vistas do projeto de lei nº 45, de autoria do Poder Executivo e que tramita no Legislativo desde o mês de fe­vereiro último. O Executivo tinha até expectativa que o projeto fosse aprovado já nesta quarta mesmo, quando foram realizadas sessões extraordinárias, mas o pedido acabou frustrando isso.

O projeto prevê transformar uma área rural nos fundos do Mar­co do Seival, às margens da BR-293, em interesse turístico, além de conceder incentivos municipais ao empreendimento. No local, que já produz oliveiras, o empresário paulista e dono do Azeite Batalha, Luiz Eduardo Batalha, pretende er­guer um condomínio rural de luxo, além de um hotel, numa proposta turística inovadora em nível de Rio Grande do Sul. Recentemen­te, fazendo parte do processo, foi realizada uma audiência pública virtual na Câmara, quando o pro­jeto foi apresentado em detalhes. Nesta quarta também, a empresa responsável pelo projeto enviou uma série de documentações re­queridas pela Cobes.

 

PREOCUPAÇÕES – A vereadora antecipou que não é contrária à proposta, pois, segundo ela, sem­pre votará a favor de iniciativas que gerem emprego e renda para a comunidade. Porém disse que precisa de mais esclarecimentos, levantando preocupações em rela­ção ao projeto de lei de autoria do Executivo. “O desemprego é muito grande no Brasil e em Candiota não é diferente. Sempre temos nos manifestado que qualquer iniciati­va que gere um emprego que for, terá o nosso apoio. Temos tratado com carinho este projeto, sendo que o empresário Batalha esteve aqui e de forma carinhosa também demonstrou seu compromisso com Candiota e os trabalhadores”, disse.

Ao menos quatro pontos da proposta são questionados por Luana. Ela assinala que o prazo de 15 dias para que a Secretaria de Meio Ambiente do município emita o licenciamento ambiental é muito curto, pois argumenta que a área é próxima ao arroio Candiota e um local histórico, demandando mais tempo, no seu entendimento para uma análise ambiental mais criteriosa. A petista questiona também o fato da Prefeitura ce­der até 200 horas/máquina para terraplanagem, questionando que o Executivo tem reclamado que o maquinário público está escasso e sucateado para resolver questões básicas da comunidade. Neste item, ela ainda questiona que isso tem um custo aproximado de R$ 80 mil e a Prefeitura, conforma Luana, disse recentemente que no momento não tem recursos para fazer a infraestrutura de 89 terrenos vendidos para pessoas de baixa renda. Por fim, ela mostra preocupação com a isenção total de cobrança de Imposto Sobre Servi­ços de Qualquer Natureza (ISSQN) do empreendimento durante cinco anos. Para Luana, sempre Candiota concedeu descontos desse tributo, especialmente na construção das usinas, porém nunca isenção total da alíquota de 3%. “Pelos nossos cálculos, isso seria R$ 900 mil que o município deixaria de arrecadar no período”, assinala. Por fim, Lu­ana questiona uma comissão criada pelo projeto e que será formada apenas por membros do Executivo, para avaliar novos incentivos, des­considerando, na sua avaliação, o Conselho Municipal de Desenvol­vimento Econômico (Comdese), que é paritário e tem exatamente este objetivo. Em conversa com o TP, a vereadora, que também gravou um vídeo explicando as razões de ter pedido vistas, disse que, muito provavelmente, irá apresentar emendas ao projeto. À contar da última quarta, Luana tem cinco dias corridos para analisar e devolver o projeto à tramitação na Cobes.

A vereadora Hulda Alves (MDB), que é a relatora da pro­posta na Comissão, afirmou que já havia paralisado a tramitação do projeto para pedir uma série de documentações que estavam faltando, tendo chegado os docu­mentos naquele dia. Hulda ainda destacou que o município tem incentivado grandes, médias e pequenas iniciativas.

 

LAMENTOU – Em áudio enviado ao jornal, o prefeito Luiz Carlos Folador (MDB) classificou o pe­dido de vistas da vereadora como irresponsável e lamentou a atitude. Lembrando que já foi vereador por duas vezes, Folador disse res­peitar todos os vereadores, porém adjetivou ainda mais o pedido de vistas. “Neste momento tal atitude intempestiva, impensada e incon­sequente trará prejuízo não para o prefeito, mas para o cidadão e cidadã que está buscando emprego e precisa trabalhar. É um projeto sério e que já foi implantado em outros lugares. Candiota foi es­colhida pela sua referência, pelas suas riquezas e acima de tudo pelo seu povo. Pelo protagonismo da nossa administração, conquistamos a confiança em trazer um empre­endimento de R$ 65 milhões para o município, que vai gerar muitos empregos e afora isso, atrairá turis­tas, que movimentarão a economia local”, disse.

O prefeito reiterou que não havia necessidade de pedir vistas, porque o projeto, segundo ele, está com toda a documentação, foi feita audiência pública, houve estudos técnicos aprofundados da Prefei­tura, sendo concedidos incentivos dentro da legalidade, no sentido de atrair o investimento, que, segundo repetiu Folador, ficará para história e não trará dividendos para ele e sim para a população. “Se eu fosse vere­ador, independente se de situação ou oposição, aplaudiria, e faria de tudo para que num tempo recorde o proje­to fosse aprovado. Mas tenho certeza que ele será aprovado”, afirmou.

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