*Por Marco Antônio Ballejo Canto
Quando estou escrevendo é terça-feira de tarde e acabou de sair a notícia de que a régua usada para marcar o tamanho da cheia do Guaíba em Porto Alegre estava dando informações erradas que chegaram a 60cm de diferença comparada com as medições conhecidas feitas através da régua que foi danificada pela inundação. Isto pode não parecer grande coisa, mas faz dias que as pessoas esperam uma notícia boa e de hora em hora o dado oficial apresentava um número que tornava maior uma catástrofe que já foi muito grande, com erro ou sem erro na marcação oficial. Eu que conheço as fotos da enchente de 1941 comentei diversas vezes nos últimos dias que o Guaíba não tinha chegado na cota de elevação 5,35m como anunciado, mas que havia chegado perto disso. Hoje alguns já falam em algo em torno de 5,15m, o que é muito comparado com a maior registrada anteriormente, 4,76m.
O prefeito de Porto Alegre é ‘a bola” da vez’. Eu creio que se uma enchente semelhante tivesse acontecido nos últimos 30 anos, independente do prefeito, os resultados seriam parecidos. Porém, manifesto de ex-prefeitos foi divulgado desancando a administração atual. Tudo porque o prefeito Sebastião Melo resolveu repartir com seus antecessores a culpa no cartório.
Melo não vai escapar do julgamento da história e este não será gentil com ele. Além de ter feito propaganda eleitoral onde afirmava que ‘em cada estação de bombeamento deve haver um gerador próprio, pois quando chove falta luz a as casas de bombas param de funcionar’ e foi exatamente a falta de energia nas casas de bombas um dos maiores problemas que levou a inundação de Porto Alegre. Melo, como seu antecessor, Nelson Marchesan Júnior, pretendiam privatizar o Departamento de Água e Esgotos (DMAE), providenciando meios precários à administração do órgão. Sucateado, seria vendido barato na privatização. É o que dizem, alguns juram que podem confirmar com dados estatísticos. Veremos.
Minha memória recente, que felizmente está boa como a memória de coisas antigas, me diz que muito falamos que seríamos seres humanos melhores depois da Covid. Não creio que tenhamos nos tornado melhores e falamos da Covid como algo que aconteceu há muito tempo. Não acredito muito que em dois ou três meses o que vivemos neste mês de maio seja tão relevante assim, exceto para os que realmente perderam muito com a tragédia, alguns perderam a vida.
Neste mundo de hoje onde as pessoas querem que eu ‘desenvolva logo’ e não enrole quando quero analisar um assunto com um mínimo de profundidade, ninguém vai se alongar muito tempo se envolvendo com os problemas dos outros.
Lembro de uma frase que já escrevi algumas vezes, ‘a primeira fraude de um político é se dizer capaz para ocupar um cargo, não sendo’.
ORIGINALMENTE ESTE CONTEÚDO FOI PUBLICADO NO JORNAL IMPRESSO*