AGOSTO LILÁS

As estatísticas de violência contra mulheres no RS e na região do TP

Delegada responsável pela DEAM diz que aumento de registro faz com que a violência deixe de ser oculta

O Tribuna do Pampa fez uma pesquisa acerca das estatísticas criminais dos casos de violência contra à mulher – Lei Maria da Penha – disponibilizados pela Secretaria de Segurança Pública (SSP) do Rio Grande do Sul. Um comparativo de janeiro a junho de 2022 e 2023, conforme atualização da SSP, aponta um aumento de registros. De 25.949 casos em 2022, no mesmo período de 2023 já foram contabilizados 28.098, sendo nos dois anos, o mês de janeiro com mais casos registrados.
Cabe destacar, porém, que houve redução nos casos de feminicídios consumados e estupros no Estado. Em 2022, 59 mulheres foram mortas enquanto que em 2023 o número baixou para 40. Quanto aos casos de estupro, houve redução de 49 casos, passando de 1.232 em 2022 para 1.183 nos seis primeiros meses de 2023.

 

DADOS ESTADUAIS DE VIOLÊNCIA CONTRA MULHER

 

* Feminicídio tentado: 128 (2023) – 117 (2022)
* Feminicídio consumado: 40 (2023) – 59 (2022)
* Ameaça: 16.864 (2023) – 15.715 (2022)
* Estupro: 1.183 (2023) – 1.232 (2022)
* Lesão corporal: 9.883 (2023) – 8.826 (2022)

 

Região do TP

O jornal também fez uma análise das estatísticas de violência contra a mulher nos cinco municípios de cobertura impressa – Bagé, Candiota, Hulha Negra, Pedras Altas e Pinheiro Machado do mesmo período, ou seja, de janeiro a junho de 2022 e 2023.
Em todos os municípios foi possível perceber uma redução nos indicadores na maioria dos crimes relacionados à mulher em 2023.

Alguns não tiveram registros em alguns crimes como em casos de feminicídios tentados ou consumados, como foi o caso de Hulha Negra, Pedras Altas e Pinheiro Machado.

BAGÉ

* Feminicídio tentado: 1 (2023) – 2 (2022)
* Feminicídio consumado: 1 (2023) – 1 (2022)
* Ameaça: 168 (2023) – 353 (2022)
* Estupro: 16 (2023) – 32 (2022)
* Lesão corporal: 97 (2023) – 190 (2022)

CANDIOTA

* Feminicídio tentado: 0 (2023) – 0 (2022)
* Feminicídio consumado: 0 (2023) – 0 (2022)
* Ameaça: 13 (2023) – 35 (2022)
* Estupro: 0 (2023) – 1 (2022)
* Lesão corporal: 6 (2023) – 15 (2022)

HULHA NEGRA

* Feminicídio tentado: 0 (2023) – 0 (2022)
* Feminicídio consumado: 0 (2023) – 0 (2022)
* Ameaça: 6 (2023) – 10 (2022)
* Estupro: 0 (2023) – 3 (2022)
* Lesão corporal: 2 (2023) – 4 (2022)

PEDRAS ALTAS

* Feminicídio tentado: 0 (2023) – 1 (2022)
* Feminicídio consumado: 0 (2023) – 0 (2022)
* Ameaça: 0 (2023) – 1 (2022)
* Estupro: 0 (2023) – 0 (2022)
* Lesão corporal: 0 (2023) – 2 (2022)

PINHEIRO MACHADO

* Feminicídio tentado: 0 (2023) – 0 (2022)
* Feminicídio consumado: 0 (2023) – 0 (2022)
* Ameaça: 20 (2023) – 34 (2022)
* Estupro: 1 (2023) – 1 (2022)
* Lesão corporal: 9 (2023) – 15 (2022)

 

Titular da DEAM afirma que aumento de registros também é fator positivo

 

Carolina Terres diz que aumento de registro faz com que a violência deixe de ser oculta Foto: Divulgação TP

O município de Bagé conta com a Delegacia Especializada no Atendimento à Mulher (DEAM), que tem a frente como titular a delegada Carolina Terres. O prédio está localizado na avenida 7 de Setembro, nº 634, centro.

Sobre o tema, em entrevista ao TP, ela disse que quando se fala em violência doméstica, o aumento do número de registros é tido como positivo. “A partir do aumento dos registros a violência deixa de ser oculta. Existe uma cifra oculta muito grande em se tratando de violência doméstica, porque muitas mulheres ainda não fazem os registros. se escuta muito que antigamente não tinha violência doméstica, mas tinha sim, talvez até mais, mas não chegava ao conhecimento da polícia e, muitas vezes nem da sociedade ficava internamente dentro das famílias”, relatou.

Carolina afirma que na região de Bagé, considera haver alguns índices de violência doméstica que poderiam ser menores, mas que fica feliz que as vítimas estejam registrando. “É uma região ainda bastante dominada pelo machismo, talvez por ser uma região de fronteira, que tem de forma intensa a questão do gaúcho, do homem, do macho”, ressaltou a delegada frisando a necessidade de trabalhar bastante essa questão na região com base em experiências nas delegacias de Porto Alegre, Alvorada e Canoas.

Quanto aos crimes explico que o feminicídio é um crime de ódio, baseado no gênero. “A vítima é morta porque ela é mulher. Costumo dizer a mesma coisa para lesão corporal. Se estava bêbado porque não brigou e bateu no vizinho homem? Porque bate na mulher dele?”.

Carolina lembra que a na DEAM há policiais preparadas para o registro da violência doméstica. “As vítimas são acolhidas, escutadas e ouvidas com todo cuidado e atenção”.

Comentários do Facebook