RAÍZES TRADICIONALISTAS

CCTG Lila Alves faz homenagens históricas ao comemorar 70 anos

Durante evento emocionante na noite da última sexta-feira (21), patrões e vice-patrões ao longo dessas sete décadas foram lembrados

13 patrões e patroas receberam a homenagem presencialmente Foto: J. André TP

 

A noite de sexta-feira (21) foi para lá de especial no galpão do histórico Centro Cacimbinhense de Tradições Gaúchas (CCTG) Lila Alves. Ao comemorar 70 anos de fundação, a atual patronagem teve a sensibilidade de homenagear homens e mulheres que ao longo desse tempo construíram a bela trajetória do tradicionalismo na Terra da Ovelha. O TP acompanhou presencialmente o evento.

MUITA HISTÓRIA

No longínquo dia 31 de dezembro de 1953, na casa daquele que viria ser o primeiro patrão eleito da entidade, Leonídio Pandiá Cardoso, foi realizada a fundação da entidade, que provisoriamente escolheu Miguel Barcelos para conduzir a entidade até o primeiro processo eleitoral.

Historiador Carlito Dutra fez uma exposição sobre o histórico da entidade e suas origens Foto: J. André TP

Conforme o historiador pinheirense Carlito Dutra, que palestrou no encontro, Lila Alves, nascido Lino Alves, foi um dos mais autênticos gaúchos da cidade. Apaixonado por carreiras de cavalos, Lila morreu aos 73 anos, assistindo uma corrida, quando um animal o atingiu acidentalmente em 1952. Além disso, sua esposa Santinha, doou o terreno para a construção do galpão. O C a mais e incomum na denominação da entidade, que significa Cacimbinhense, foi uma espécie de resistência em relação a polêmica mudança do nome da cidade, que até 1915 era Cacimbinhas e passou a partir dali se chamar Pinheiro Machado, em homenagem ao célebre senador gaúcho, assassinado por Manço Paiva, que era morador do município. Na data da fundação da entidade, em 1953, boa parte da comunidade ainda não aceitava a troca autoritária do nome.

Pandiá Pereira Cardoso é filho do primeiro patrão da entidade, Leonídio Pandiá Cardoso e fez questão de prestigiar o evento Foto: J. André TP

 

Ao longo dos 70 anos, 31 patrões passaram pela lendária entidade. Muitos deles já faleceram e foram lembrados durante a cerimônia, como o saudoso nº 1, Leonídio Pandiá Cardoso, falecido em 1978. O filho dele, Pandiá Pereira Cardoso, que mora em São Lourenço do Sul, mas que ainda mantém raízes na cidade, pois tem um comércio local, fez questão de estar presente no evento, dizendo que era um momento de muita emoção. Ele lembrou que o pai tinha quatro paixões em sua vida: a família, o Banrisul (onde trabalhou até se aposentar), Pinheiro Machado e as tradições gaúchas. “Ele vivia em cima disso e me dá uma saudade imensa. Para mim hoje é como se ele estivesse aqui”, destacou ele, que influenciado pelo pai, também cultua as tradições.

Entre os 13 patrões presentes para receber a homenagem, estava Ruy Farias – o mais antigo patrão que estava no evento. Ruy dirigiu a entidade por dois mandatos (1981-1982 e 1986-1987). “Em nossa época, nós apenas administrávamos, porque tínhamos cerca de 40 pessoas para ajudar. O movimento é muito saudável e não tenho dúvida que é um dos ambientes mais sadios para nossas crianças e jovens”, disse.

Ruy Farias (E) era o patrão mais antigo no evento e recebeu a homenagem das mãos do atual patrão Renan Rosa Foto: J. André TP

RESGATE DO HINO

A abertura da cerimônia reservou um momento também especial, quando foi executada uma gravação resgatada do hino da entidade. Na plateia, sem saber da surpresa, estava Vera Maria da Silva Ribeiro, autora da letra do hino, que traz no refrão ‘CCTG Lila Alves, cultivo da tradição, cabes todo inteirinho dentro deste coração’.

Emocionada, Vera declarou que jamais imaginou que a letra se tornaria o hino da entidade máxima do tradicionalismo pinheirense. “Fizemos a letra para uma apresentação escolar durante a Semana Farroupilha na época e que depois então virou hino. Quanta honra”, declarou ao TP. A letra se tornou hino em setembro de 1981.

O patrão Renan e o Vice Dudu comandaram as homenagens Foto: J. André TP

 

HOMENAGENS

Sob a regência do patrão Renan Rosa e o vice-patrão Eduardo Ritta Martins (Dudu), a cerimônia homenageou os patrões e vice-patrões ao longo da história (ver lista). Cada um dos patrões presentes recebeu uma maquete do prédio do CCTG, confeccionado pelo vice Dudu e por Adriano Rosa. Os vices receberam um certificado, assim como os membros da atual patronagem. Também, ao fim, foi reinaugurada a galeria dos patrões.

O atual patrão Renan lembrou com tristeza o período de pandemia da Covid-19, que iniciou logo que eles assumiram na primeira gestão. Eles ficaram marcados como a única patronagem da história que não realizou sequer um baile durante a gestão. Reconduzidos para mais dois anos, quis a história que eles estivessem a frente do CCTG nos 70 anos e pudessem realizar o evento. “Estamos muito orgulhosos por este momento e há um ano, depois que reabrimos, que estamos planejando este momento especial. Isso tudo aqui nos deixa muito emocionados e contentes. Aproveito para homenagear também a minha patronagem incrível, que proporcionou isso tudo”, resumiu Renan.

Dona Rosseni Alves foi a primeira mulher a assumir a liderança do CCTG em 1998, tendo sido eleita para um segundo mandato em 2012 Foto: J. André TP

 

PATRÕES E PATROAS AO LONGO DOS 70 ANOS

* Leonídio Pandiá Cardoso (1953-1956)
* Darcy Alves Martins (1957-1968)
* Nadir Ávila Ferreira (1958-1959, 1961-1963 e 1970-1970)
* Manoel Lucas Prisco (1959-1960)
* Manoel Peçanha Veleda (1960-1961 e 1966-1967)
* Vanderey Alves Martins (1963-1964)
* Oscar Luiz Nogueira (1964-1965)
* Florentino Mesk Bueno (1965-1966)
* Derny Rijo Alves Martins (1967-1968, 1980-1981 e 1984-1985)
* Odil Peraça Dutra (1968-1969 e 1983-1984)
* João Alberto Pinheiro Sarubbi (1969-1970)
* Sérgio Luiz Leite Atribe (1974-1975)
* Osvaldino Langort (1975-1976)
* Álvaro Sun (1976-1977)
* Dirceu Rodrigues (1977-1978)
* Oscar Ávila Peraça (1978-1980 e 1985-1986)
* Ruy Paulo Moraes Farias (1981-1982 e 1986-1987)
* Nilton Cezar Lucas Peraça (1982-1983)
* José Delmar Pinheiro (1987-1988 e 1989-1990)
* Zair Machado Lopes (1988-1989)
* Claudiomar Rosa Gomes (1990-1993)
* João Luiz Porciúncula Farias (1994-1995)
* Carios Norberto Abreu Moreira (1996-1997)
* Rosseni Margareth Alves Farias (1998-1999 e 2012-2013)
* Luiz Henrique Chagas da Silva (2000-2001)
*Jackson Luís Alves Pereira (2002-2005)
* Jorge Bandeira de Melo (2006-2011)
* Paulo Cezar Oliveira Fagundes (2014-2015)
* Jeferson Garcia Rodrigues (2016-2017)
* Eveline dos Reis da Rosa (2018-2019)
* Renan Rosa (2020-2024)

 

PATRONAGEM 2022/2023

– Patrão: Renan Rosa
– Vice-patrão: Eduardo Ritta Martins
– 1º Capataz/Secretário: Eduardo Ritta Martins
– 2ª Capataz/Secretária: Andrea Sampaio Luiz
– 1ª Agregada Guaiaca/Tesoureira: Michele Pinheiro Medeiros Batista
– 2ª Agregada Guaiaca/Tesoureira: Raquel Peçanha Vieira
– Capataz Campeiro: Airton Luis Coutinho Vieira
– Capataz Artístico: Neuraci Bandeira
– Departamento Social: Ceura Garcia
– Departamento Cultural: Eveline dos Reis da Rosa
– Departamento Patrimonial: Renan Rosa
– Conselho de Vaqueanos/Fiscal: Sander dos Santos Teixeira, Marcia Saraiva Rosa, Juliana Pires; Josué Garcia, Moacir Souza Glória, Paulo Cezar Oliveira Fagundes (Titulares). Filipe Medeiros da Rosa, Jerry Adriano da Rosa, Claudia Elis Domingues da Silva, Luciano Pinto da Silva, Vanderni Veiga de Avila, Magda Percilia Medeiros de Avila (Suplentes)
– Peões Caseiros: Arnoldo Henrique, Jerson Farias e Neider Pires.

 

ORIGINALMENTE ESTE CONTEÚDO FOI PUBLICADO NO JORNAL IMPRESSO*

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