EDUCAÇÃO

Cerca de 40 alunos rurais de escolas estaduais de Candiota estão sem transporte escolar

Esta semana o impasse foi tratado pelo prefeito Folador na Secretaria Estadual de Educação

Escola 20 de Agosto possui alunos sem frequentar a escola por falta de transporte Foto: Divulgação TP

Na manhã da última segunda-feira (22), em Porto Alegre, o prefeito de Candiota, Luiz Carlos Folador esteve na sede da Secretaria de Estado da Educação (Seduc), no Centro Administrativo Fernando Ferrari (CAFF). Ele foi recebido pela secretária de Estado, Raquel Teixeira e sua assessoria técnica. O presidente da Câmara, vereador Ataídes da Silva acompanhou o prefeito.

Cerca de 40 alunos da escola estadual 20 de Agosto, localizada no assentamento de mesmo nome, no interior do município, estão sem frequentar as aulas há meses. O motivo é a demora no encaminhamento do contrato de transporte escolar. Anteriormente, em reportagem publicada apenas no site do jornal, havia sido referido que também a escola 8 de Agosto estava enfrentando o problema.

Os contratos, por meio do Estado do Rio Grande do Sul, são feitos ou renovados há cada seis meses. E é esse o transtorno gerado, impondo dificuldade na locomoção dos alunos da rede de ensino estadual, segundo o secretário municipal de Educação, Michel Feijó. “Nós queremos que os contratos sejam feitos a cada um ano, como é feito em Candiota, na rede municipal de ensino. Nossos alunos estão sendo diretamente afetados. Sugerimos a melhoria para que nada interfira no ano letivo. Renovar contrato de seis em seis meses não é a melhor saída. O exemplo está aí’’, aponta o secretário.

O caso já é conhecido da comunidade candiotense – em especial a do meio rural, bem como da divisão responsável na Seduc. Segundo o prefeito Folador, a secretária Raquel foi solícita durante a audiência, além de atenciosa e objetiva. ‘’Quero agradecer de coração a receptividade que tivemos por parte da secretária Raquel e sua competente assessoria técnica. De pronto encaminhou o processo aos senhores Pablo e Rômulo, do Setor Jurídico e Administrativo. A expectativa é que já nos próximos dias o transporte volte à normalidade’’, assinala.

Prefeito Folador conversou diretamente com a secretária Raquel Teixeira e assessores Foto: Evair de Lopes/Especial TP

CASO 20 DE AGOSTO – A diretora da escola 20 de Agosto, Liane Dias, afirmou que a falta de transporte atinge 38 alunos do 1º ao 9º anos desde o último dia 16 de junho. Conforme ela, o fato vem prejudicando diretamente o aprendizado e o desenvolvimento das crianças, pois os mesmos não conseguem acompanhar o conteúdo na íntegra, devido a rotina escolar ter sido alterada.

A diretora disse que escola segue atendendo os alunos com alguns ajustes, seguindo as orientações da 13ª Coordenadoria Regional de Educação (CRE): De forma presencial para os alunos em que os pais conseguem trazer até a escola, que conseguem carona ou ainda, que vem a pé; pela plataforma para os alunos que não conseguem se deslocar até a escola e com material impresso para os alunos que não conseguem chegar até a escola ou não tem internet. “Destacamos que esta forma de atendimento vem trazendo grandes prejuízos aos alunos, pois os conteúdos precisam ser constantemente retomados, devido ao fato dos pais não conseguirem trazer os filhos todos os dias na escola, ocorrendo atrasos, devido aos afazeres que as famílias desempenham. Este fato da falta de transporte escolar, não é a primeira vez que acontece, em 2021 ficamos quatro meses sem o mesmo. A comunidade escolar anseia que esta situação se resolva o mais breve possível, pois é um direito que vem sendo negado aos nossos alunos”, evidencia a diretora.

Diretora da escola 20 de Agosto, Liane Dias, lamenta a situação e diz que as crianças são muito prejudicadas Foto: Divulgação TP

PREOCUPAÇÃO – O jornal procurou ouvir todas as outras direções das escolas estaduais de Candiota. A preocupação é generalizada em relação ao transporte escolar.

A diretora da escola estadual 8 de Agosto, professora Sandra Müller, mostra muita preocupação com a modalidade de contratos que estão sendo feitos desde 2017 – quando a Prefeitura de Candiota rompeu com o Estado o convênio chamado de Programa Estadual de Apoio ao Transporte Escolar (PEATE-RS), onde o Estado repassa recursos ao município para transportar alunos de escolas estaduais. Atualmente são 26 municípios que não mais conveniam com o Estado, aqui na região por exemplo, Piratini, Candiota e Pinheiro Machado, porque os recursos atrasam e quando pagos sem a devida correção, causando prejuízos aos municípios. A diretora afirma que esta modalidade emergencial de contrato feita pelo Estado, de apenas seis meses, acaba causando sérios prejuízos. Ela lembra que no caso da escola 8 de Agosto, neste momento não há problemas, mas que o ano letivo começou sem transporte e somente em março (o ano letivo iniciou em fevereiro) é que o contrato começou a vigir. Ela destaca que o atual contrato vence agora em setembro e o temor é que novamente haja interrupção. ”É triste e lamentável a situação. Os grandes prejudicados são os alunos do campo”, se queixa a diretora, que pede contratos mais longos, de no mínimo um ano, como referiu o secretário de Educação de Candiota.

A diretora da escola de Seival, Marilu Kercher, disse que não enfrenta problemas neste momento com o transporte escolar, inclusive nesta semana um novo aluno começou a usar o serviço. Porém, ela também tem receio quanto ao fim do contrato, que também está previsto para setembro.
O diretor da escola Jerônimo Mércio da Silveira (Vila Residencial), Hermes Borba Delgado, afirmou que uma aluna do turno da tarde não está frequentando as aulas, pois não haviam alunos do transporte neste turno no ano passado e não foi feita uma licitação específica para o turno. “Ela recebe material impresso e a Coordenadoria nos informou que já está sendo feita a licitação deste transporte. Prestamos todas as informações que nos foram solicitadas para agilizar o processo, mas nos sentimos preocupados com o prejuízo causado a aprendizagem desta aluna depois de um período de pandemia e a impossibilidade de retornar às aulas presenciais por falta de transporte”, afirmou.

A diretora da escola Francisco Rosa de Oliveira – FARO (Vila Operária), Simone Ferreira da Costa, repassou que o contrato do transporte escolar ainda está em vigor, com 18 alunos sendo atendidos entre ensino fundamental e Educação de Jovens e Adultos (EJA). O contrato também vence em setembro e preocupa. “Sempre nos preocupamos em virtude do processo licitatório que por certas vezes é bastante demorado”, teme.

13ª CRE – Em contato com a coordenadora da 13ª Coordenadoria Regional de Educação (CRE), sediada em Bagé e que abrange Candiota, Mirieli Rodrigues, ela afirmou ao TP que o contrato da escola 20 de Agosto já está na última etapa de tramitação. Ela não deu um prazo e também não se manifestou sobre os contratos passarem a ser mais longos e não apenas de seis meses.

* Originalmente este conteúdo foi publicado no jornal impresso

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