LUTO

Elias Grala deixa legado de plenitude e construção comunitária em Candiota

Funcionário histórico da CRM, ele faleceu no início da manhã do dia 31 de agosto

Elias faleceu aos 81 anos na última quarta-feira (31) Foto: Divulgação TP

Faleceu por volta das 6h da manhã da última quarta-feira (31), o funcionário histórico da Companhia Riograndense de Mineração (CRM) e não menos histórico morador de Candiota, Elias Grala, aos 81 anos. Ele estava hospitalizado em Bagé e teve uma parada cardíaca.

Mais velho de uma família de oito irmãos, Elias nasceu em 9 de julho de 1941, em Encruzilhada do Sul (RS).

Aos 15 anos apenas, em Minas do Leão, em 2 de janeiro de 1957, ele ingressou no então Departamento Autônomo de Carvão Mineral (DACM), que mais tarde se transformou na CRM. Durante longos 38 anos, Elias nunca mudou de empresa, tendo se aposentado em 16 de fevereiro de 1995.

CANDIOTA – Contudo, a mais importante parte da sua vida profissional, familiar e pessoal iniciou no dia 23 de julho de 1975, quando ele desembarcou em Candiota, que ainda pertencia a Bagé, com a esposa Neusa (com quem casou em julho de 1969) e já com três filhas, Ketleen (Keké), Miriam e Fabiane (Bia). Em Candiota, o casal ainda teve o filho caçula Fábio (Fabinho).

Elias veio para chefiar o escritório da CRM/Mina de Candiota. Austero no trabalho, não tolerava falta de desempenho ou desvios de conduta, porém sempre foi um superior hierárquico respeitoso e muito aberto ao diálogo.

Com forte espírito comunitário, Elias ajudou a construir sob o comando do engenheiro Luiz Bayard Amaral de Souza, o que hoje é a sede do município, o então distrito de Dario Lassance. Católico fervoroso, ele também atuou muito na comunidade católica local. Ainda, teve participações na escola Dario Lassance e no Clube Social e Recreativo Mina de Candiota (Clube de Lassance).

Para enriquecer ainda mais a sua trajetória em Candiota, Elias foi membro titular do Conselho Fiscal da Comissão de Emancipação do município, tendo ajudado a mobilizar as forças vivas para que houvesse a independência em 1992.

Ficha funcional de Elias no antigo DACM (hoje CRM) datada de 1957 Foto: Reprodução TP

VIDA PLENA – Elias jamais fez qualquer tipo de ostentação, sempre viveu uma vida simples, porém nunca deixou de fazer o que gostava, além de pouco ligar para que os outros iriam dizer. Aficcionado por caçadas, pescarias e carreiras de cavalo, Elias também era uma espécie de personagem vivo da história local, com suas tiradas fantásticas, muitas delas engraçadas, que misturavam realidade e o imaginário popular.

Suas ‘histórias verídicas’, como ele mesmo brincava, o colocava na maioria das vezes como o personagem principal, sendo muitas delas com um fundo de verdade. São dezenas de histórias, muitas de caçadas e pescarias, além de outras tendo ele como protagonista.

Ao se encontrar com o genro Luciano Garcia (que foi casado com a filha Miriam), Elias parece que adotou um novo filho. Luciano, que era sócio do saudoso jornal A 1ª FOLHA, tinha um estilo semelhante a ele. Durante quase uma década que conviveram, ambos viraram sócios de vida e em empreendimentos como um Pesque e Pague, até a morte trágica de Luciano num acidente na rodovia Miguel Arlindo Câmara (MAC), em 2005.

Como bem lembrou a filha mais velha Ketleen em suas redes sociais, Elias deixou seu legado. “O grande carvalho pereceu. Não antes de deixar preciosas sementes que são as testemunhas de seu legado. Meu amado pai Elias, tenho muito orgulho da pessoa grandiosa que tu foi. ‘Aqui passou Elias Grala!’ Quem te conheceu bem sabe o significado disso”, escreveu.

O corpo de Elias foi velado rapidamente na Capela Municipal, em Candiota e depois levado para Minas do Leão, que era praticamente sua terra natal, onde foi sepultado no cemitério local no fim da tarde. Elias pediu em vida, que caso sua mãe Helena ainda estivesse viva quando ele morresse, que seu corpo fosse sepultado em Minas do Leão. Além de viva, com 101 anos, dona Helena, segundo Ketleen, ajudou a consolar a todos.

Como já referido, Elias foi casado com dona Neusa Dias Grala, deixando três filhas e um filho, além de dois netos, Pedro e Henrique, e duas netas, Maria Clara e Maria Fernanda.

Elias Grala com a família que construiu junto com dona Neusa Foto: Divulgação TP

* Originalmente este conteúdo foi publicado no jornal impresso

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