SEGURANÇA PÚBLICA

Esquadrão da BM, efetivo, estatísticas criminais e retomada dos bombeiros foram temas de Seminário em Candiota

Evento reuniu lideranças policiais e políticas da região

Titulares de segmentos policiais integraram a mesa dos trabalhos junto ao Executivo e Legislativo candiotense Foto: Silvana Antunes TP

A quarta-feira (19) teve como tema a Segurança Pública em Candiota. Um Seminário reuniu lideranças policiais regionais e políticas locais na Câmara de Vereadores e Vereadoras. O evento, solicitado e organizado pelo coordenador da Defesa Civil, Segurança Pública e Trânsito de Candiota, Flávio Sanches, contou com agentes da Polícia Rodoviária Federal (PRF), Polícia Civil, Brigada Militar, Bombeiros Militares, Defesa Civil e guarda municipal de Bagé, além do prefeito da cidade, Luiz Carlos Folador, vereadores e secretários.
A abertura ocorreu pelo presidente da Câmara, Marcelo Gregório, que passou a palavra a Flávio Sanches. Falando sobre a questão econômica do município, potencialidades e segurança atual na cidade, Flávio disse que a motivação do seminário foi a real possibilidade de novos investimentos no município. “A pauta é muito pouco debatida pelos poderes constituídos e só é lembrada quando algo de muito ruim acontece a sua volta ou com alguém de sua comunidade, ou familiar. Sabemos que às instituições policiais estão defasadas de recursos humanos e materiais, que há muitos anos vem recebendo pouco aporte em contratação de efetivos e equipamentos. Enquanto isso, a criminalidade avança através do crime organizado que utiliza o tráfico de entorpecentes como sua principal fonte de arrecadação. E Candiota, município que emprega milhares de pessoas de toda região, em suas usinas e minas de carvão mineral, bem como indústria cimenteira, que proporcionam uma renda diferenciada de outras regiões, acaba atraindo essas organizações criminosas ligadas ao tráfico de entorpecentes, que pode lhes render bons frutos pela grande circulação de colaboradores dessas empresas”.
SOLICITAÇÕES
Flávio Sanches exemplificou as demandas solicitadas pelo município por meio do Seminário. “A Brigada Militar, que atualmente possui um Pelotão de Polícia Militar, com um efetivo reduzido, passe a ser um Esquadrão de Polícia Militar, com um efetivo maior e que dará uma maior atenção ao policiamento ostensivo, que também será responsável pelo policiamento nas cidades de Pinheiro Machado, Hulha Negra e Pedras Altas, ou seja, teremos um comando destinado e com efetivo para atender essa região onde o município faz fronteira.
Também solicitar que a Delegacia de Polícia tenha um maior número de policiais, com plantão 24 horas, proporcionando atendimento em horário integral ao público. Precisamos ressaltar que onde o Estado não se faz presente, abre espaço para o crime prevalecer e atuar onde o estado não atua”, ressaltou.
LIDERANÇAS POLICIAIS
O chefe da 11ª Delegacia da Polícia Rodoviária Federal no RS, inspetor Valmir de Souza Espírito Santo, falou da importância da integração das forças de segurança e destacou dois pontos principais, a criação de um Esquadrão da Brigada Militar e a instalação de câmeras de videomonitoramento. “Prefeito, faço uma solicitação, de um cercamento eletrônico, pois auxilia bastante em muitas questões. Também é preciso contar com o apoio da sociedade quanto às denúncias aos policiais de qualquer segmento. Com união de todos teremos uma cidade, um estado e um país mais seguro”.
O delegado regional da Polícia Civil Luis Eduardo Benites, lembrou que a região possui 10 delegados e cerca de 150 policiais civis, sendo uma das mais importantes do Estado por englobar a Campanha Gaúcha. O delegado diz considerar a região como uma das mais tranquilas. “Com base em dados técnicos do Observatório da Criminalidade, consideramos a região segura. Claro que quem tem a casa violada, o domicílio arrombado, a propriedade rural furtada, quem sofre roubo ou qualquer delito, não se sente seguro. Dados apontam que quanto a mortes violentas, para cada 100 mil habitantes é tolerável que se tenha 10. Dentro desse contexto podemos dizer que não temos dados de violência extrema, mas não quer dizer que as pessoas fiquem confortáveis. Quanto mais construirmos sensação de conforto e segurança, melhor, pois gera desenvolvimento e melhora econômica”.
O capitão da Brigada Militar, Patrique Rolim, representante do comando, ressaltou que uma cidade com desenvolvimento como Candiota com a questão das usinas, traz problemas, inclusive de segurança. Ele também destacou que ocorreram casos pontuais que preocupam. “Semanalmente analisamos indicadores e com as demais forças de segurança fazemos um trabalho integrado, principalmente com a Civil. Dados dos últimos 10 anos não mostram números alarmantes. Temos que lembrar que temos as polícias judiciárias e penais e quando a polícia age é porque um sistema falhou e acaba, em muitos casos, acontecendo um retrabalho com muitas prisões de reincidentes. Sabemos da nossa responsabilidade e trabalhamos para melhorar a sensação de insegurança da população”, manifestou.
Rolim ainda falou sobre o telefone 190, onde as pessoas tem dificuldade de ligação. “Existe uma tecnologia para instalação de uma central na viatura. Há muitos anos tentamos, mas não temos gestão de recursos para investir e adquirir o equipamento. Até por isso estamos compartilhando dessa preocupação. Quero dizer que a população conte sempre com a Brigada Militar, pois se não fazemos melhor é porque somos poucos”.
Na sequência, o capitão Campos, representando o comando do Corpo de Bombeiros de Bagé, além de enfatizar o aumento da população candiotense, fator que aumenta a necessidade do Estado estar cada vez mais presente, relembrou que a cidade já teve uma guarnição. “Candiota já teve bombeiros e foi deslocado para Bagé que atende também outros municípios, uma grande demanda. Há necessidade de se trabalhar para o retorno de um pelotão para Candiota para termos o tempo de resposta esperado”, afirmou.
Pela Defesa Civil, o capitão Sandro lembrou que os policiais estão para prestar um serviço que só vai ser bom quando houver integração também entre gestores e sociedade. “Muitas vezes a polícia vai ser pai e mãe para dizer que está errado. São vários fatores para que as pessoas entendam que não devem entrar para a criminalidade”.

Plenário do Legislativo permaneceu lotado durante o Seminário Foto: Silvana Antunes TP

ENCAMINHAMENTOS
Ao fim do seminário, alguns encaminhamentos foram organizados para serem levados ao governo do Estado. Entre eles, mais efetivo, um Esquadrão de Polícia Militar e o funcionamento 24h da Delegacia de Polícia.
Capitão Rolim lembrou que tudo é uma política estadual e que quanto ao efetivo, o Estado leva em consideração os dados criminais, fator que prejudica a vinda de novos policiais. “Estamos tentando trazer uma sede de esquadrão para Candiota e estamos conseguindo reforço, pois há uma vaga de tenente para o município. Já houve sinalização positiva da vinda de policiais. Mas há déficit em todo o Estado, e opera com 40% da capacidade e a busca por efetivo tem que ser constante, até parabenizo o governo municipal que tem atuado nessa questão”, manifestou.
Ao TP, Flávio Sanches fez uma avaliação sobre o evento. “Foi muito produtivo. Já conseguimos uma vitória, pois a Delegacia de Polícia em breve começará a atender de segunda a sexta-feira. No restante, só o fato de atrairmos as maiores autoridades policiais regionais também foi uma demonstração disso. Todos sairão ganhando com a implantação de um Esquadrão da Brigada Militar em Candiota. Agora, iremos no Comando Geral da Brigada Militar e secretário de Segurança Pública para definição dessa demanda”, disse Flávio.
EXECUTIVO
O prefeito de Candiota, Luiz Carlos Folador, explanou sobre temas pontuados durante o Seminário. “Esta proposta de Esquadrão não é de hoje. Levaremos essa pauta a todas as instâncias, pois temos um prédio reformado e pronto para atender até municípios vizinhos. É importante retomarmos a instalação do Corpo de Bombeiros. Candiota está fazendo a sua parte e a mobilização de todos é importante para termos consciência da necessidade de segurança. Queremos, juntos com os policiais, fazer um trabalho com relação a drogatição nas escolas, para que nossos jovens tenham futuro. Investir em segurança pública não é gastar dinheiro, é investir na vida das pessoas”, manifestou.
ORIGINALMENTE ESTE CONTEÚDO FOI PUBLICADO NO JORNAL IMPRESSO*

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