FUTURO DO CARVÃO

Estudo com metodologia contestada aponta usinas de Candiota no topo de ranking nacional

Em 2020 foi implantada a Planta de Beneficiamento de Carvão Mineral a Seco, que melhorou a qualidade do combustível usado na Usina de Candiota (Fase C) Foto: Arquivo TP

Segundo o Inventário de Emissões Atmosféricas em Usinas Termelétricas – estudo publicado pelo Instituto de Energia e Meio Ambiente (IEMA) na semana passada, a CGT Eletrosul e a Engie registraram as duas maiores taxas de emissão de CO2 (dióxido de carbono) equivalente emitido por eletricidade gerada entre as proprietárias de termelétricas conectadas ao Sistema Interligado Nacional (SIN) em 2020.

Conforme o estudo, as duas usinas a carvão localizadas em Candiota estão no topo do ranking – Usina de Candiota (Fase C), que pertence a CGT Eletrosul, teria a maior taxa de emissão no estudo, com 1.327 toneladas de CO2 equivalente por GWh (eficiência energética de 27,4%) e a UTE Pampa Sul vem logo em seguida, com 1.302 (26,6%).

As duas empresas contestam a metodologia do estudo e nota enviadas ao TP.

PAMPA SUL – A Engie afirmou que está direcionada a acelerar a transição energética e que cresceu 34% em geração renovável desde 2017, aumentando em 17% sua capacidade instalada própria. Seu parque gerador admite 8.440,9 MW, com a participação das fontes limpas subindo de 86,2% em 2020 para 96% no ano seguinte.

No que tange à pesquisa divulgada pelo IEMA, a companhia disse dar total transparência aos dados de emissões de GEE e eficiência de suas usinas ao mercado anualmente em seu Relatório de Sustentabilidade. Em 2020, a Companhia registrou eficiência média de 30,8% no Complexo Termelétrico Jorge Lacerda (que na época ainda pertencia à empresa, mas já foi vendido), com consumo específico de 0,62 ton carvão/MW. Em Pampa Sul a eficiência média chegou a 35,2%, com consumo específico de 0,89 ton carvão/MW, valor que subiu 0,2% em 2021. Os dados divergem da pesquisa do IEMA. “Parece necessário uma análise mais aprofundada do estudo para entender qual metodologia matemática foi utilizada para se chegar aos dados relatados, que não condizem com o apurado pela empresa”, diz a nota.

A empresa reforça ainda que a decisão da saída dos ativos a carvão segue como um pilar importante e continua no foco do trabalho em 2022. Os negócios são conduzidos de forma a possibilitar uma transição gradual e justa para a economia das regiões envolvidas – reduzindo impactos socioeconômicos locais que poderiam ser gerados pela descontinuidade abrupta dessas operações. Assim, a expectativa de concretização da venda da Usina Pampa Sul – única usina a carvão remanescente no portfólio está prevista até o final de 2022. A venda é positiva para os planos da ENGIE de direcionar operações e investimentos aos projetos de energia renovável e infraestrutura de transmissão.

USINA DE CANDIOTA – Já a CGT Eletrosul, declarou desconhecer o método de cálculo utilizado para as estimativas de emissões pela plataforma SEEG. A empresa ressalta ainda que a Usina de Candiota utiliza prioritariamente carvão beneficiado, com significativos ganhos ambientais e de desempenho. No ano de 2020 as emissões totais da termelétrica foram de 1.278.445 TCO2e. Além disso, a usina é equipada com queimadores de baixo NOx, atendendo o limite de emissão estabelecido em sua licença ambiental.

Adicionalmente a empresa informou que a eficiência da usina, conforme relatório preliminar da Câmara de Comercialização de Energia Elétrica (CCEE), em 2020, foi de 34,69%, validada pela Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) nos termos da Resolução Normativa 801/2017, e não de 27,4% como aparece no inventário do IEMA. “A partir de março de 2020 foi iniciada a operação da Planta de Beneficiamento de Carvão Mineral a Seco, com o objetivo de melhorar a qualidade do combustível principal, obtendo ganho de desempenho e eficiência, e com menores emissões de GEEs”, enfatiza a companhia.

Outro ponto de atenção ressaltado é que a Eletrobras publica anualmente o Inventário de Emissões de Gases de Efeito Estufa, disponível em seu site, com valores correspondentes a cada empresa subsidiária, incluindo informações sobre as UTEs próprias. O inventário segue a metodologia do IPCC (2006) e as diretrizes do Greenhouse Gas Protocol – GHG Protocol (WRI, 2004), sendo ainda auditado pela PricewaterhouseCoopers, empresa independente de auditoria.

* Originalmente este conteúdo foi publicado no jornal impresso

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