Francisco

Esta semana uma parte expressiva da humanidade convive com o inevitável momento que segue à morte do Papa Francisco. Tenho algumas coisas em comum com estas figuras ilustres que tem sido ou foram nossos contemporâneos.

Para começo de conversa, vamos ao princípio. Nasci em 13 de outubro de 1958 e não é que o Papa Pio XII morreu em 9 de outubro de 1958. Logo, quando nasci, o mundo estava desfalcado do Papa e 15 dias após o meu nascimento João XXIII foi eleito e entronizado em 4 de novembro de 1958.

Nestes anos, que já não são poucos, não lembro de João XXIII no posto, ele morreu em 1963, mas lembro bem de Paulo VI, João Paulo I, João Paulo II, Bento XVI e Francisco. Quando Paulo VI morreu, em 6 de agosto de 1978, na PUC, onde eu estudava, foi feriado. Dias depois, João Paulo I foi eleito, entronizado e morreu 33 dias depois. Eu ia de carro para a PUC e na sinaleira um vendedor de jornais anunciava alto ‘o Papa morreu, o Papa morreu’ e eu segui pensando ‘Sim, morreu faz dias’. Cheguei na PUC, feriado de novo. Foi então que me dei conta de que o Papa que o jornaleiro anunciava haver morrido era o recém eleito.

“E se alguém me perguntar quem foi mais carismático, Francisco, Messi ou Maradona, eu direi que aos meus olhos Francisco foi a encarnação do nome que escolheu quando Papa e na simplicidade e cumplicidade com que tratou dos mais humildes está o mais relevante e carismático dos argentinos”

O Papa também tem a ver com meu pensamento político. O maior pensador e ideólogo do velho PTB, Alberto Pasqualini, era um democrata cristão. Escreveu e falou sobre teses do Papa Leão XIII, como ‘A riqueza das nações é construída com o trabalho do seu povo’. Leão XIII em sua encíclica Rerum Novarum, das Coisas Novas, tratou da relevância do trabalho e da importância dos trabalhadores; Tenho falado muito deste Papa e muitas vezes as pessoas nem sabem que estou falando coisas que ele defendia e promovia.

No ano passado, o apartamento que aluguei em Buenos Aires era localizado no bairro Flores e ficava a uma quadra de onde o Papa Francisco nasceu e a duas da escola onde fez seus estudos primários. Prédios simples, sem nenhuma pompa e circunstância.

Lembro do dia em que perguntaram aos membros do Big Brother se era verdade ou mentira que o Papa Bento XVI havia renunciado e que o novo Papa era argentino. A resposta, se não me engano, foi óbvia, mentira. Não era. Na minha volta na Superintendência do Ministério do Trabalho, em Porto Alegre, quando saiu a notícia, todos ficamos perplexos, além de surpresos.

Francisco foi uma boa pessoa. Como Papa não conseguiu grandes avanços nas questões históricas que mantém a Igreja Católica afastada dos jovens e dos conceitos atuais. Mas vivia com alegria e se posicionava nas grandes questões planetárias.Talvez tenha sido muito franciscano em meio a humanidade que valoriza a produção e o consumo. Foi o que pode ser e até seu último dia andou no meio do povo.

E se alguém me perguntar quem foi mais carismático, Francisco, Messi ou Maradona, eu direi que aos meus olhos Francisco foi a encarnação do nome que escolheu quando Papa e na simplicidade e cumplicidade com que tratou dos mais humildes está o mais relevante e carismático dos argentinos.

 

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