PREOCUPAÇÃO

Futuro incerto da Fase C foi tema central esta semana na Câmara de Candiota

Praticamente todos os vereadores e vereadoras falaram sobre o tema na última sessão

 

Vereador Gildo Feijó (MDB) defende a continuidade do uso do carvão, afirmando que muitos países querem ser como o Brasil em termos de matriz energética Foto: Arquivo TP

A possibilidade iminente do fechamento da Usina de Candiota (Fase C), que ainda pertence ao grupo Eletrobras, por meio da CGT Eletrosul, vem ganhando a cada dia mais relevância em Candiota e na região, especialmente pelos impactos altamente negativos que uma situação dessas pode causar, notadamente na questão da geração de empregos, renda e arrecadação de tributos.

Neste sentido que a última sessão da Câmara de Candiota foi muito pautada pelo tema, quando a maioria dos vereadores e vereadoras abordou cada vez mais a preocupante situação.

Vereador Guilherme assinalou que a luta é árdua e é preciso ter fé na causa Foto: Arquivo TP

O primeiro vereador a se manifestar foi Guilherme Barão (PDT), que, inclusive preside a Comissão do Carvão no Legislativo local. Ele se referiu aos encontros com o deputado estadual e líder da bancada do PT na Assembleia Legislativa, Luiz Fernando Mainardi e com o senador Paulo Paim (PT), ocorridos na semana passada. Mainardi, segundo ele, ficou de levar a demanda para debater com a bancada e Paim entende que a situação deve chegar ao governo federal. “Estamos fazendo o nosso papel e sabemos que a luta é árdua. Esperamos dias melhores e precisamos ter fé que as coisas vão acontecer”, disse.

O vereador Adriano Revelante (MDB) propôs que, a exemplo da questão da venda das casas nas Vilas Operária e Residencial, se faça um vídeo com depoimentos da comunidade expondo os impactos que o fechamento vai causar na vida das pessoas. Se apoiando num levantamento feito pela diretora do Sindicato dos Eletricitários do RS (Senergisul), Cristina Gonzales, o vereador citou que cerca de 50 ônibus (apenas da Kopereck), chegam diariamente dos municípios da região para trabalhar em Candiota, ou seja, mais de 2,2 mil pessoas. “A sociedade regional precisa se mobilizar. Politicamente está complicado, o governador não quer saber de carvão. O prazo está curto. Não se acreditava que a fases A e B iam fechar e fecharam”, alertou.

Dizendo que era preciso falar de passado, a vereadora Hulda Alves (MDB), afirmou que a pauta da descarbonização começou no governo Dilma Rousseff (PT), quando foi aprovado um tratado internacional. Hulda relatou que tem a impressão que a sociedade não está se dando conta da gravidade, lembrando que recentemente participou de uma mobilização feita pelo Senergisul em frente à Usina, quando muita pouca participação ocorreu. A vereadora reafirmou que o carvão é uma de suas bandeiras, pois é filha de mineiro e seu primeiro emprego foi na Companhia Riograndense de Mineração (CRM).

A vereadora Luana Vais assinalou que muito pai e mãe de família está perdendo o sono em função da situação. Ela criticou mais uma vez a privatização da Eletrobras, assinalando que ela é responsável por essa situação difícil, frisando que a venda da estatal aconteceu no ano passado, durante o governo do presidente Jair Bolsonaro (PL). “Temos consciência que a pauta deve chegar ao presidente Lula e estamos trabalhando para isso. Não posso acreditar que no governo que votei e lutei tanto para eleger, vai deixar que se perca cinco mil empregos. Temos essa responsabilidade de fazer chegar essa pauta no cerne do governo federal”, assinalou.

O vereador Gildo Feijó (MDB), defendeu que a luta não deve ter P de partido e sim C de carvão. Em sua análise, há uma espécie de humilhação de Candiota e região neste processo de transição energética justa. Gildo propõe que a luta seja pela continuidade do carvão mineral como fonte de energia, pois, segundo ele, os outros países gostariam de ter uma matriz energética como a brasileira, ou seja, quase toda ela renovável. “O Brasil é exemplo, não somos poluidores”, assinala. O parlamentar ainda criticou que muitos deputados, que fazem votos na região, têm medo de defender o carvão, lembrando que alguns até gravaram vídeo em frente à Usina de que ela não iria fechar durante a campanha eleitoral do ano passado. Gildo alertou também para a falta de mobilização regional em torno da causa. “Candiota e as outras cidades da região precisam se orientar. Não podemos ficar sempre sendo emprenhados pelos ouvidos”, disse.

ORIGINALMENTE ESTE CONTEÚDO FOI PUBLICADO NO JORNAL IMPRESSO*

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