VIOLÊNCIA CONTRA A MULHER

Psicóloga faz alerta e pede o apoio do público feminino no combate à violência

Naiara pede que mulheres que sofrem algum tipo de violência ou
vivem em um relacionamento abusivo recebam apoio Foto: Divulgação TP

Seja física, psicológica, patrimonial, sexual ou moral. São vários tipos de violência contra a mulher enquadradas na
Lei Maria da Penha e que podem deixar marcas para o resto da vida. De forma a auxiliar e entender essas mulheres, bem como alertar amigos e familiares, o TP conversou com a psicóloga Naiara Martins. A profissional relembrou os tipos de violência doméstica e deixou um alerta à comunidade.

Conforme Naiara, “a violência contra a mulher, ao contrário do que o senso geral acredita, não é só a física, pode ser
psicológica, onde a mulher é ameaçada, se sente encurralada, tem a autoestima diminuída, sendo tão comum como a violência física; a violência patrimonial, onde o cônjuge controla o dinheiro, os documentos, não deixa a mulher ter a
posse de nenhum bem, fazendo com que ela fique refém da outra pessoa; a violência sexual, onde o parceiro não se importa com o desejo da mulher, exigindo satisfação sexual mesmo que esta não queira, chegando até mesmo ao
estupro, controlando os métodos contraceptivos e até forçando uma gravidez; e por fim, a violência moral, onde o cônjuge pode vir a expor a vida íntima da mulher, rebaixá-la perante a sociedade, fazer mal juízo e a acusar de traição ou atos criminosos”.

A profissional, que presta atendimento a vítimas em consultório e já acompanhou vários casos, relatou que muitas mulheres não denunciam a situação sofrida por acreditarem que violência é somente a física. “É o famoso ele é ruim, mas pelo menos não me bate. Mas esses outros tipos de violências são tão nocivos quando a própria física e deixam
traumas para o resto da vida, inclusive para os próximos relacionamentos. Quando a mulher já não consegue entender que em um relacionamento saudável não deve haver violência, ela acaba entrando em outros abusivos de
onde não consegue sair, pois tem isso como o normal”, ressalta.

Naiara também faz um alerta a ocorrência de percepções errôneas quanto as vítimas de violência. “Na sociedade escutamos muito as pessoas dizerem ‘mas aquela gosta de apanhar’ quando vêem uma mulher que não consegue sair de um relacionamento abusivo, mas por conta de não ter outra perspectiva, ter filhos, não saber como vai se sustentar sem o cônjuge, e até mesmo por não acreditar que exista situação melhor. Muitas mulheres acabam se
mantendo nesse tipo de relacionamento até a exaustão ou mais ainda”, expõe.

Como profissional ela ainda afirma acreditar que a grande maioria das mulheres atendidas por ela já sofreu algum tipo de violência. “Atender no consultório mulheres que já passaram por violência é mais comum do que se imagina. Dentro da minha experiência, grande parte das mulheres que foram atendidas já passaram por algum tipo de violência, seja sexual, patrimonial, moral, psicológica ou física, nem só do cônjuge, mas de outras pessoas. Então mesmo que o motivo da procura do atendimento não seja a violência sofrida, as consequências ainda permanecem e atrapalham a vida da mulher, seja sua vida social ou seus relacionamentos amorosos”, enfatiza Naiara.

APOIO – Naiara Martins faz um pedido em prol de mulheres vítimas de violência doméstica. “Se você tem uma amiga ou parente que sofre algum tipo de violência, se você sabe que ela está em um relacionamento abusivo,
ofereça apoio, mostre que há outra saída e seja paciente. Muitas mulheres demoram muito a ter consciência de que aquela situação não vai mudar, muitas de nós mulheres somos criadas para lutar até a exaustão por um relacionamento, mesmo que a outra parte não seja boa pra nós. Saiba que podem haver idas e vindas e que a pessoa pode acreditar que o outro mudou, mas esteja do lado, pois o que a pessoa que está sofrendo violência mais precisa é
sentir que há outra saída”, pediu.

Para finalizar, ela manda uma mensagem diretamente para mulheres que sofrem algum tipo de violência ou abuso. “Se você se identificou com essas características no seu relacionamento procure alguém que seja confiável e peça ajuda, procure o serviço social, você merece mais do que um relacionamento abusivo, se priorize. Um relacionamento que traz mais tristeza do que alegrias não é o que você merece”.

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