DIA INTERNACIONAL DA MULHER

Caren Castencio (PT) – Bagé

Cáren Castencio Foto: Divulgação TP

Cáren Cristiane da Rosa Castencio, mãe de três filhas, casada, 47 anos. Tem graduação em Pedagogia e Especialização em Supervisão Escolar. Professora há 25 anos, também foi supervisora de escola, coordenadora do Projeto de Ações Educativas Complementares Rodarte, coordenadora pedagógica da Secretaria Municipal de Educação, coordenadora do Gabinete de Relações Comunitárias da Prefeitura de Bagé e Secretária Municipal de Educação. Hoje é professora da pré-escola e vice-diretora de escola municipal. É a primeira mulher negra eleita vereadora em Bagé.

Quando questionada se acredita que as mulheres deveriam ter mais espaço na política, a vereadora destaca: “Não só na política. As mulheres devem ter mais espaços em todas as esferas de atuação da vida pública. A história mostra como o patriarcado inviabilizou a participação das mulheres na sociedade, nos espaços públicos, na tomada de decisões e nos fez acreditar durante tempo demais que não éramos capazes. Mesmo agora, com todo o entendimento e a caminhada que as mulheres traçaram no Ocidente, nossa participação continua restrita – a Câmara de Vereadores de Bagé é só mais um triste exemplo disso: de 17 parlamentares, apenas duas mulheres eleitas (além de uma suplente no exercício do cargo)”, completou Caren.

Cada mulher que disputa seu espaço de escuta e participação já faz muito pelas mulheres. “Nesse sentido, nossa própria existência já é um espaço de luta pela melhoria das condições de vida das mulheres. Como mãe de três filhas, percebo com muita clareza o papel que tenho para que elas sejam mulheres muito mais confiantes de suas capacidades e de que preciso mostrar a elas que nosso trabalho é dobrado, mas que elas também podem contribuir para mudar essa realidade. Como professora, minha sala de aula é espaço de igualdade entre meninos e meninas, e assim espero estar contribuindo para uma próxima geração que não aceitará diferenças sociais com base em critérios biológicos. Aliás, quando fui coordenadora pedagógica da Secretaria de Educação, coordenei diversas ações que tinham como fundamento a igualdade de gênero, dentre as quais as muitas horas de formação de professores para temáticas como essa. Do ponto de vista do mandato na Câmara, nesses primeiros dois meses, já busquei a reativação do Conselho Municipal dos Direitos da Mulher (vinculado à Prefeitura) e da Procuradoria da Mulher (vinculada à Câmara), que não estão ativos já há algum tempo. Mas ao longo dos próximos anos quero que esse mandato seja um espaço de visibilidade para as mulheres e para as pautas das mulheres (isso envolve questões de saúde, creche, remuneração igualitária, enfrentamento à violência doméstica, emancipação financeira, etc)”, explica a vereadora.

A vereadora vê a atuação da mulher na sociedade atual nos mais diversos ramos profissionais como de uma forma muito tímida. “Tanto é que a gente consegue identificar com facilidade as mulheres que se destacam como pioneiras em determinado ramo, em ocupações antes tidas como masculinas (“a primeira reitora”, “a primeira mestre de obras”, “a primeira presidenta”, “a primeira bilionária”). Isso é sinal de que a participação das mulheres nos espaços sociais não é a regra, mas a exceção. Grande parte das mulheres ainda parece destinada a ocupações que nossa sociedade considerava ‘femininas’: o cuidar, o limpar, o ensinar, o costurar. Ainda assim, vejo nosso futuro com bastante otimismo, tanto porque não nos falta capacidade, quanto porque as jovens meninas já não toleram essas distorções que minha geração e as anteriores consideravam ‘normais’”, garante.

“Que nossa jornada de trabalho é dobrada não é segredo para ninguém: além de trabalhar fora, o trabalho doméstico e de cuidado dos filhos recai quase que exclusivamente sobre as mulheres. Na pandemia, isso ficou ainda mais evidente: sem creche e sem escola, o cuidado e a educação institucional voltaram a recair sobre as mulheres. Para quem sustenta a casa sozinha, essa tarefa é ainda mais pesada. Nosso cansaço e, muitas vezes, nossa indignação têm que ser combustível para a luta. Cobrar melhores condições de vida para as trabalhadoras e trabalhadores, não aceitar que nos diminuam ou nos invisibilizem e ocupar os espaços sociais com nossa voz e nossa presença. Nós chegamos, mas para ficar e para ampliar ainda falta muito”, pontua.

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