ACESSIBILIDADE

Mãe de deficientes auditivos de Candiota pede atenção para o uso de máscaras

Andress, ao lado da mãe Sônia, recebe atualmente, auxílio de colegas Foto: Divulgação TP

A pandemia do novo coronaví­rus (Covid-19) tem provoca­do mudanças na sociedade. Uma série de medidas restritivas, principalmente sanitárias, foram impostas pelos governos na tentati­va de reduzir o avanço do vírus na população.

O uso de máscaras de prote­ção, sejam descartáveis ou reapro­veitáveis como as de tecido, tem sido intensificado por gestores de forma paralela ao álcool gel 70%. Para a grande parcela da sociedade o uso é normal, mas para um pequeno grupo, máscaras fechadas de tecidos que impedem a visão dos lábios é uma preocupação. É o caso dos defi­cientes auditivos que se comunicam através da leitura labial.

Moradora da sede de Can­diota, dona Sônia Maria Rodrigues Vargas, 68 anos, contatou o Tribuna do Pampa para falar de sua preo­cupação. Mãe de dois filhos com deficiência auditiva, ela conta estar preocupada, pois com a máscara tradicional, não é possível se co­municar com as pessoas, visto eles “escutarem através dos lábios das outras pessoas”. Ela fez referência, principalmente, ao filho que mora em Candiota e trabalha em um posto de combustíveis, Andress Rodrigues Vargas, de 34 anos.

Conforme Sônia, sua preo­cupação é com possíveis constran­gimentos. “Minha reocupação é ele chegar ao comércio e não entender o valor do produto por não conse­guir fazer a leitura labial”, explica Sônia, que acrescenta ainda, que o ideal seria que cada estabelecimento contasse com algum vendedor uti­lizando máscara com transparência (exemplo da foto).

Máscaras com transparência são ideais para deficientes auditivos Foto: Divulgação TP

Através de Sônia, Andress disse ao TP que está contando com a ajuda de colegas para uma melhor comunicação, pois não consegue entender as pessoas sem fazer leitu­ra labial. “A máscara transparente seria a ideal pra eu poder escutar as pessoas”, disse.

DOM PEDRITO A outra filha de Sônia reside em Dom Pedrito, Capital da Paz. Elisângela Vargas é professora e já foi diretora da Escola Municipal Duque de Caxias, refe­rência em termos de acolhimento de alunos portadores de necessidades especiais. Pedagoga e especializada em supervisão escolar, também é professora na classe de Educação Infantil (faixa de 5 anos). Com sur­dez quase total, Elis utiliza aparelhos amplificadores de audição que lhe permitem não ficar em silêncio total, porém não é capaz de ouvir a fala humana, sendo possível, apenas, a comunicação através da leitura labial.

Naquela cidade, a pro­fissional mostrou sua preocupação durante entrevista concedida ao jornalista Silvio Bermann – em sua página especial no Folha da Cidade -, e que gentilmente repassou ao Tribuna do Pampa. Elis pediu ajuda através do facebook. “(…) do pessoal que está confeccionando máscaras para também, se possível, produ­zirem máscaras transparentes para ajudar na comunicação de pessoas surdas que fazem leitura labial”. Ela justifica: “Temos uma parcela da comunidade que possui surdez e são pessoas que também precisam administrar suas vidas como chefes de família, profissionais, estudantes, enfim, que por causa do uso da más­cara estão tendo dificuldade de fazer compras e também de trabalhar de­vido à dificuldade de comunicação”.

Ela ainda continuou fazendo um pedido aos estabelecimentos. “Diante disso, venho também pedir ao comércio, supermercados, farmá­cias, postos de combustíveis, lojas e demais setores que pelo menos um funcionário de cada estabelecimento use máscara transparente, o que já ajudará em muito”.

Ela conta que, particularmen­te, enfrenta hoje esses transtornos desde o surgimento da pandemia: “Administro o meu lar, pois meu ma­rido trabalha no interior, e frequento os estabelecimentos comerciais somente com ajuda de minha filha. Porém, conheço pessoas e tenho amigos na mesma situação que eu, mas não têm a ajuda que eu tenho e não sabem a quem recorrer (…) Mas sei que vamos ter apoio, pois nossa cidade é solidária, por isso agradeço desde já a atenção e a colaboração de todos”.

Segundo repassado por Bermann ao TP, em Dom Pedrito a Secretaria Municipal de Saúde, juntamente com o Departamento de Cultura da Prefeitura Municipal, já providenciaram a formação de um grupo de trabalho para incentivar as costureiras da cidade – especialmen­te as voluntárias do Grupo Mãos de Anjos – a fabricarem as máscaras transparentes, e na sequência pro­curarem a adesão dos empresários para que seus funcionários venham a utilizá-las.

Elisângela mora em Dom Pedrito e está atuante em prol dos deficientes auditivos Foto: Divulgação TP

Comentários do Facebook