LONGEVIDADE

Moradora de Candiota comemora um século de vida

Apesar de uma vida sofrida, idosa contou sua história ao jornal com um sorriso no rosto marcado pelo tempo

Sebastiana Laurentina Rosa reside em Candiota há 7 anos Foto: Silvana Antunes/Especial TP

Sebastiana Laurentina da Rosa, nascida em 30 de agosto de 1921. A personagem desta história do Tribuna do Pampa é uma jovem moradora da cidade de Candiota, mas experiente nas lições e anos de vida. Neste ano, dona Sebastiana, que no rosto traz consigo as marcas do tempo e de uma vida de muito trabalho, completou 100 anos ao lado da filha mais nova Rosa Padilha, genro, netas e amigos mais próximos.

A pandemia de Covid-19, por mais um ano impediu a comemoração da forma desejada pela família, mas ainda assim não faltou o bolo com o topper de 100 anos, o refrigerante e um bom churrasco. À reportagem do TP, que a visitou seguindo protocolos de distanciamento e uso de máscara, ela disse ter ficado muito feliz com a festa e diz que seu desejo é poder comemorar mais um aniversário em 2022.

Filha de Sebastiano Laurentino da Rosa e Marculina Barbosa da Silva, Sebastiana reside em Candiota desde 2014, quando ao visitar a filha, gostou do local e fez desta Terra sua morada. O gosto pela vida do campo devido ao trabalho ao longo dos anos, levou Sebastiana a morar novamente no interior candiotense, no assentamento Pátria Livre (Estâncinha). “Gostei de Candiota, moro no lote, minha casa é lá no assentamento”, disse ela.

Aniversário de 100 anos foi comemorado com a família Foto: Divulgação TP

SUA HISTÓRIA – Natural de Benjamim Constant do Sul, localizada ao norte do Estado do Rio Grande do Sul, na microregião do Alto Uruguai, Sebastiana conta ter morado no município até os 9 anos quando precisou sair de casa devido a tentativa de abuso sofrida pelo padrasto e ir morar com a avó, em uma localidade próxima.

Conforme dona Sebastiana contou ao jornal, a vida foi sofrida. “Fui rolando, trabalhando em casa de família. Fui como madrinha de um bebê morar na casa de compadres, até ir morar em Nonoai, em uma tia. Voltei para Benjamin Constant do Sul onde casei aos 14 anos com o pai dos meus filhos, que foi tocar gaita em uma festa e perguntou se eu me interessava em casar. “Eu só trabalhava, era braba e não pensava em casamento, mas pensei um pouco, aceitei, mataram uma galinha, fizeram uma janta e após fui embora com meu marido”, contou a idosa.

Depois de casar, Sebastiana foi trabalhar em um mandiocal na casa do patrão do marido. Ao longo da vida, ela contou também já ter feito roçada, tirar tábua para fazer casa, ajudar a fazer rapadura, doce, melado, cortar soja, erva de chimarrão. “Eu era uma mula, saia para a cidade carregada de erva pra vender, sempre de pé no chão e não via a cor do dinheiro, ficava tudo com meu marido”, relatou a centenária.

Dona Sebastiana teve sete filhos, sendo quatro mulheres e três homens, um já falecido, e atualmente tem netos e bisnetos. Ela contou que inicialmente tinha medo de deixar do marido e ficar mal falada, mas acabou se separando e depois ficou viúva. “Aguentei tanto desaforo, eu era nova, ele me surrava, judiava. Meu cunhado também me judiava quando demorava pra chegar em casa do trabalho”, expôs a idosa.

Por fim, quando questionada pelo TP sobre chegar aos 100 anos, dona Sebastiana apenas concluiu: “Achei que não ia alcançar essa idade pelo sofrimento que passei, sou do tempo da ditadura, vi muita coisa, corremos de guerra, mas tenho força”.

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