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Para o deputado Lucas Redecker, o Brasil paga um preço que não é dele em relação ao carvão mineral

O parlamentar esteve na Capital Nacional do Carvão esta semana, visitou a CRM/Mina de Candiota e deu entrevista ao TP

Deputado Lucas Redecker foi recepcionado na redação do TP, quando esteve acompanhado por lideranças tucanas e pelo prefeito Folador Foto: Silvana Antunes TP

O deputado federal em primeiro mandado e ex-secretário de Minas de Energia do RS, Lucas Redecker (PSDB), 41 anos, visitou Candiota na tarde desta quinta-feira (21). Defensor desde sempre da utilização do carvão mineral para produção de energia, o parlamentar estava acompanhado de lideranças do PSDB candiotense, como o vice-prefeito Paulinho Brum; o vereador licenciado e secretário de Agropecuária e Agricultura Familiar, Claudivan Brusque; a secretária de Meio Ambiente, Josuélen Duarte e o vereador e ex-prefeito de Candiota, Marcelo Gregório.

O prefeito Luiz Carlos Folador (MDB), também fez questão de acompanhar o roteiro de Lucas na cidade, que incluiu a Companhia Riograndense de Mineração (CRM)/Mina de Candiota, a redação do TP e o Pronto Atendimento 24h. Ainda, o deputado, que tenta a reeleição, estava com o ex-deputado estadual e que busca novamente uma cadeira na Assembleia Legislativa pelo PSDB, José Sperotto.

PREÇO – Por não se tratar apenas de um roteiro meramente eleitoral e sabendo da defesa de Redecker em relação ao carvão, o jornal abriu a Redação para ele, no sentido de ouvir sua percepção sobre o momento que vive o setor carbonífero, que certamente atravessa um das situações mais delicadas desde a Revolução Industrial (1760) e que no Brasil atravessa um processo ainda mais agudo de ‘demonização’. Ele também participou da audiência no último dia 6, com o ministro de Minas e Energia, Adolfo Sachsida, que tratou da continuidade das atividades da Usina de Candiota (Fase C), ameaçada de fechamento por conta do fim dos contratos de fornecimento de energia em dezembro de 2024.

Para o deputado, o Brasil paga um preço que não é dele em relação ao carvão mineral. “Pagamos um preço que não é nosso e o custo disso, por meio de tratados internacionais que querem o fim do uso do carvão no mundo até 2050, deveria ser para países que não fizeram o dever de casa. Nós no Brasil começamos uma lógica muito inversa desses países e fizemos o que tinha que ser feito, quando temos mais de 80% de nossa matriz energética composta por fontes renováveis. O que usamos de carvão aqui no Brasil é um percentual muito baixo e até poderíamos ter um maior uso na matriz elétrica – hoje é cerca de 3%, incluindo o carvão importado. É muito bonito e temos que estimular as energias renováveis e as defendo. Mas o dia que não chove, não tem vento e sol, quem segura o sistema elétrico? É a energia firme das termoelétricas e uma dessas fontes é o carvão. Entendo que os países que não cumpriram com suas metas, que tem 40% ou mais de sua matriz baseada no carvão, esses sim são de fato poluidores e que precisam reduzir esses percentuais e aumentar a geração por renováveis. O Brasil não passa por isso e estamos sendo contaminados por segmentos ambientais internacionais e que nos impõem a acabar totalmente com o uso do carvão, sem levar em conta as nossas peculiaridades. Isso é um erro estratégico, porque quem conhece minimamente o sistema elétrico brasileiro, sabe que o Brasil pode voltar a ter apagão e ter que apelar para fontes mais caras, que não o carvão, pois na hora que a coisa aperta, já sabemos que é isso que acontece, inclusive importando energia de países vizinhos, como já fizemos, ironicamente aqui por Candiota, que tem uma subestação que nos interliga com o Uruguai. Muitas vezes energia mais cara e de térmicas. Eu acredito que o futuro do carvão não seja tão comprometedor como se pinta, porque com o passar do tempo há aprimoramento da tecnologia. Não acredito que países altamente dependentes do carvão vão deixar de utilizar. Na minha visão, haverá possibilidades tecnológicas cada vez mais eficientes de diminuir os impactos ambientais”, analisa.

Para o parlamentar, a continuação da operação da Fase C é estratégica Foto: Silvana Antunes TP

FASE C – O deputado participou da audiência com o ministro de Minas e Energia, Adolfo Sachsida no último dia 6 de julho, na sede do Ministério, em Brasília, quando foi tratado sobre a Fase C da Usina de Candiota. Lucas Redecker sintetizou seu sentimento sobre o encontro e a situação. “Eu defendo que se mantenha o percentual e até se amplie um pouco mais o uso do carvão na nossa matriz. Já erramos em fechar as fases A e B, porque não foram substituídas por outra usina mais moderna, que seguisse gerando empregos, energia e valor agregado. A Fase C tem seus contratos vencendo em 2024 e nós sabemos que ela é uma usina relativamente nova e ainda tem capacidade para gerar por cerca de mais 20 anos. Um possível fechamento tem o impacto grande econômico e social para a região, que precisamos sim considerar, mas acima de tudo tem uma preocupação mais macro, que quem precisa ter e avaliar são órgãos como a Empresa de Pesquisas Energética (EPE), a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), o Operador Nacional do Sistema (ONS) e o Ministério de Minas e Energia, que são os órgãos que controlam o setor elétrico. Se não tivermos a Fase C, que bateu recorde de produção na última crise hídrica, quem vai suprir essa geração de energia que vai se perder? Pelo que avaliei na conversa com o ministro, ele foi muito receptivo em relação a dar continuidade a essa usina por mais alguns anos e essa prorrogação não é uma novidade e já aconteceu em outros momentos. Não vejo o Brasil tendo condições e trabalhando para ter uma energia que substitua a produção da Fase C e isso é o ponto mais importante da discussão. O impacto econômico e social é grave e desastroso para a cidade, a região e o Estado, e eu como deputado tenho esta percepção, porém para os órgãos que citei, isso não é o mais relevante. O que pesa para eles é como substituir essa energia, que como já disse, não vejo um planejamento nesse sentido. Dá uma seca no Sudeste, quem segura a bronca somos nós”, aponta o deputado.

* Originalmente este conteúdo foi publicado no jornal impresso

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