MINERAÇÃO

Audiência na Assembleia debate o futuro do carvão no Rio Grande do Sul

Encontro com o presidente da Frente Parlamentar da Mineração e do Polo Carboquímico na Região da Campanha do RS, deputado Paparico Bachi, abordou as ações políticas necessárias para potencializar o desenvolvimento econômico por meio do setor

Encontro reuniu lideranças da região, além do presidente da Associação Brasileira do Carvão Mineral (ABCM) Foto: Irineu Fontela/Especial TP

De que forma vamos resolver e enfrentar os problemas relacionados à extração do carvão mineral no Rio Grande do Sul para potencializar o desenvolvimento econômico, reduzindo o impacto ao meio ambiente com a emissão dióxido de carbono (CO2)? Esse questionamento abordado pelo presidente da Associação Brasileira do Carvão Mineral (ABCM), Fernando Zancan, centralizou o debate na audiência com o presidente da Frente Parlamentar da Mineração e do Polo Carboquímico na Região da Campanha, deputado estadual Paparico Bacchi (PL), realizada na última quarta-feira (9) no espaço da convergência do Parlamento Gaúcho.

Autoridades e lideranças de Candiota, Pinheiro Machado e Bagé, marcaram presença na reunião para dialogar sobre ações políticas a nível nacional, estadual e municipal que convergem em busca do fortalecimento da mineração, que é fundamental para o desenvolvimento econômico e social na região da campanha.

De acordo com o presidente da ABCM, o desenvolvimento e fortalecimento da mineração e da extração do carvão mineral está “preso” na questão da emissão de CO2 no meio ambiente. “O Rio Grande do Sul tem 89% das reservas de carvão mineral do Brasil. Ou seja, nós temos um ‘pré-sal’ de carvão que está intocável. Tendo em vista que extraímos menos de 1%, há matéria-prima disponível para 1 mil anos. Sendo assim, gostaria de ver as ações políticas no RS proporcionais às suas reservas”, salientou Zancan.

No seu discurso, o presidente destacou que é possível minerar sem agredir o meio ambiente e que falta conhecimento das autoridades para solucionar os problemas na área. Fernando Zancan foi enfático ao afirmar que ao longo dos anos, todos os problemas relacionados à indústria do carvão foram resolvidos por meio da tecnologia, como no caso da emissão de CO2. “O gaúcho não conhece o patrimônio mineral e energético que ele tem, pagando uma fortuna pelo gás e fertilizantes importados que podem ser produzidos aqui. O projeto de desenvolvimento de uma indústria carboquímica tem um enorme potencial para gerar um produto de qualidade e com preço competitivo. Há tecnologia para isso. O Brasil importa cerca de 80% dos fertilizantes que o setor do agronegócio consome. Projeto desta natureza pode aumentar o Produto Interno Bruto (PIB) em 4% até 2042. Enfim, é emprego e renda de forma exponencial”, afirma Zancan, que destacou ainda que “o mundo vai colocar novamente os pés no carvão mineral”, especialmente pelos efeitos da atual guerra da Rússia – principal fornecedora de fertilizantes ao Brasil – com a Ucrânia”.

TRANSIÇÃO – O principal encaminhamento da reunião, além do diálogo permanente do presidente da Frente Parlamentar da Mineração com o governo do Estado, é intensificar o trabalho no Congresso Nacional para aprovar a emenda do deputado federal Afonso Hamm na Medida Provisória 1078, que cria o programa de transição energética para as regiões carboníferas. “Não podemos ter medo de falar em carvão, de falar de mineração, porque todo mundo ganha ao manter essa atividade no Rio Grande do Sul. Não me falta coragem para enfrentar esse debate no parlamento gaúcho para transpor os problemas que envolvem a mineração para proporcionar desenvolvimento ao Estado, gerando emprego e renda ao cidadão. Tenho certeza que a mineração não vai acabar, o que vai mudar é a forma e a tecnologia usada no processo. Se fosse tão ruim como os discursos ideológicos tentam vender, as grandes potências econômicas mundiais não teriam expressivos investimentos para desenvolver o setor da mineração, geração de energia e criação de produtos a partir do carvão mineral”, salientou o deputado Paparico Bacchi.

O presidente do Sindicato dos Mineiros de Candiota, Hermelindo Ferreira, que participou do encontro, disse ao TP que o foco neste momento, além da defesa do uso sustentável do carvão na matriz energética brasileira, é também sensibilizar o governo federal para adotar para a Fase C da Usina de Candiota, as mesmas medidas que foram aprovadas para a Usina de Jorge Lacerda, em Santa Catarina. “A Fase C tem contrato até 2024 e subsídio federal. Queremos a extensão até 2040 como foi feito para o carvão catarinense”, disse.

O presidente da Frente Parlamentar firmou o compromisso de articular uma audiência com o ministro de Minas e Energia, Bento Albuquerque, para ampliar o debate sobre as ações públicas de curto, médio e longo prazo que tenham impacto direto no segmento da mineração. O parlamentar solicitou que sua assessoria agende a audiência o mais breve possível e solicitou que as forças políticas da região da Campanha participem do encontro na capital federal.

O prefeito de Candiota, Luiz Carlos Folador (MDB), que também marcou presença na audiência, que classificou de histórico. “Realizamos aqui mais uma audiência histórica para seguir trilhando o caminho do desenvolvimento da mineração no Rio Grande do Sul. Em 2013 tive a oportunidade de ficar 15 dias na China, onde presenciei o potencial das usinas de mineração. Lá existem 22 plantas de indústria carboquímica, onde produzem a ureia – que o Brasil consome 8 milhões de toneladas, importando 92% do seu consumo. Do carvão também se produz o metanol, que o Brasil importa 100% – referente a um milhão de duzentas mil toneladas ano do consumo nacional do produto”, destacou.

Também participaram da audiência o vice-prefeito de Candiota, Paulinho Brum; os vereadores candiotenses, Luana Vais (PT), Guilherme Barão (PDT), Gildo Feijó (MDB) e Wagner Pinto (suplente do PDT); o vereador de Bagé, Caio Ferreira (PDT); o vice-presidente do Sindicato dos Mineiros, Roberto Ferreira; o diretor-presidente da Companhia Riograndense de Mineração (CRM), Melvis Barrios Junior; o superintendente de Operações da CRM/Mina de Candiota, Murilo da Luz; o coordenador de Segurança Pública de Candiota, Flávio Sanches; o assessor da Prefeitura de Candiota, Juliano Lazzare Correa; e os representantes da Copelmi Mineração, Nelson Kadel Junior e Cristiano Weber.

* Originalmente este conteúdo foi publicado no jornal impresso

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